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No que diz respeito ao noticiário político, os brasileiros não podem reclamar de tédio no isolamento imposto pela pandemia de Covid-19. Toda semana há pelo menos uma novidade bombástica, um movimento surpreendente, quase sempre na sexta-feira, deixando as revistas semanais enlouquecidas, já que chegam às bancas com noticiário desatualizado. Desta vez foi a demissão, na sexta, 15/5, do ministro da Saúde, com menos de um mês no cargo, supostamente por discordar da orientação do seu superior, o presidente Jair Bolsonaro, na conduta a ser adotada no tratamento dos doentes infectados pelo coronavírus. Como se sabe, o presidente quer impor o uso da cloroquina como protocolo obrigatório, e Nelson Teich, médico oncologista, não aceitou a pressão, pediu o boné e deixou o cargo, assumido interinamente pelo general Eduardo Pazzuelo, secretário-executivo de Teich.
Também durante esta semana o país assistiu a confusa trama da famosa reunião ministerial a que o ex-ministro Sérgio Moro se referiu para acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal, em especial no Rio de Janeiro, com o propósito de proteger sua família, filhos em especial. O vídeo ainda não vazou, na próxima semana o ministro Celso de Mello deverá assistí-lo e decidir se liberar a sua divulgação. Se vazar, o que já estava ruim pode ficar muito pior, tudo que se sabe é que Bolsonaro usou um linguajar não muito republicano, para dizer o mínimo, e teria, sim, se referido explicitamente à necessidade de proteger a família. O que fica dúbio é se ele estaria falando sobre a segurança pessoal dos familiares ou sobre as investigações que estão em curso no Rio de Janeiro.
Caso fique claro que a questão era mesmo acerca das investigações, o presidente terá cometido crime de responsabilidade e haveria espaço para um pedido mais consistente de impeachment. Não será tão simples, porém, avançar com uma tentativa de retirá-lo do cargo, porque, como escrevemos na semana passada, Bolsonaro negociou um acordo com o Centrão, ainda tem apoio popular – aprovação de 30%, de acordo com a mais recente pesquisa -, e está agindo nos bastidores para angariar apoio dos militares e do empresariado. Enquanto os homens que realmente sustentam o PIB nacional não perderem a paciência com os atos do presidente, ele vai ficando.
O grande problema é que a condução da crise na Saúde só se agrava e o presidente não parece ter plano algum, apenas reabrir a economia. E la nave vá... Aguardemos os próximos capítulos. (por Luiz Antonio Magalhães em 16/5/20)
No que diz respeito ao noticiário político, os brasileiros não podem reclamar de tédio no isolamento imposto pela pandemia de Covid-19. Toda semana há pelo menos uma novidade bombástica, um movimento surpreendente, quase sempre na sexta-feira, deixando as revistas semanais enlouquecidas, já que chegam às bancas com noticiário desatualizado. Desta vez foi a demissão, na sexta, 15/5, do ministro da Saúde, com menos de um mês no cargo, supostamente por discordar da orientação do seu superior, o presidente Jair Bolsonaro, na conduta a ser adotada no tratamento dos doentes infectados pelo coronavírus. Como se sabe, o presidente quer impor o uso da cloroquina como protocolo obrigatório, e Nelson Teich, médico oncologista, não aceitou a pressão, pediu o boné e deixou o cargo, assumido interinamente pelo general Eduardo Pazzuelo, secretário-executivo de Teich.
Também durante esta semana o país assistiu a confusa trama da famosa reunião ministerial a que o ex-ministro Sérgio Moro se referiu para acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal, em especial no Rio de Janeiro, com o propósito de proteger sua família, filhos em especial. O vídeo ainda não vazou, na próxima semana o ministro Celso de Mello deverá assistí-lo e decidir se liberar a sua divulgação. Se vazar, o que já estava ruim pode ficar muito pior, tudo que se sabe é que Bolsonaro usou um linguajar não muito republicano, para dizer o mínimo, e teria, sim, se referido explicitamente à necessidade de proteger a família. O que fica dúbio é se ele estaria falando sobre a segurança pessoal dos familiares ou sobre as investigações que estão em curso no Rio de Janeiro.
Caso fique claro que a questão era mesmo acerca das investigações, o presidente terá cometido crime de responsabilidade e haveria espaço para um pedido mais consistente de impeachment. Não será tão simples, porém, avançar com uma tentativa de retirá-lo do cargo, porque, como escrevemos na semana passada, Bolsonaro negociou um acordo com o Centrão, ainda tem apoio popular – aprovação de 30%, de acordo com a mais recente pesquisa -, e está agindo nos bastidores para angariar apoio dos militares e do empresariado. Enquanto os homens que realmente sustentam o PIB nacional não perderem a paciência com os atos do presidente, ele vai ficando.
O grande problema é que a condução da crise na Saúde só se agrava e o presidente não parece ter plano algum, apenas reabrir a economia. E la nave vá... Aguardemos os próximos capítulos. (por Luiz Antonio Magalhães em 16/5/20)
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