Abertura da Newsletter da LAM Comunicação desta semana.
No excelente programa Roda Viva da última segunda-feira, 18/5, o digital influencer Felipe Neto fez uma análise precisa da comunicação do presidente Jair Bolsonaro: segundo ele, Bolsonaro é muito eficiente e estratégico ao se comunicar. Fala para sua claque, os 30% que o apoiam e sustentam sua permanência no cargo, desprezando os 70% restantes. E Felipe tem razão. Uma prova disto foi o vídeo da reunião ministerial de 22/4, cuja exibição foi liberada pelo ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. O que se viu foi um show de horrores, palavrões, ameaças, tanto na boca do presidente quanto da maior parte dos ministros. Curiosamente, Sérgio Moro e Nelson Teich praticamente não falam durante o encontro.
O vídeo, claro, provocou celeuma e indignação nas redes sociais e na mídia. O jornal O Estado de São Paulo publicou um editorial intitulado “ Inconcebível e inacreditável”, naturalmente tratando da reunião. Como diria o bardo, much ado about nothing. A verdade é que o conteúdo da reunião, por mais chulo que seja, apenas reforça a imagem de Jair Bolsonaro junto a sua base de apoiadores, que viram na postura do presidente apenas o que já admiravam: firmeza e a narrativa paranóica que ele estabeleceu desde a facada que tomou em Juiz de Fora. É para sua base que ele fala, ainda que em reuniões fechadas, como foi o caso da exibida na sexta-feira. E com isto, Bolsonaro vai mantendo a base de apoio na faixa dos 30%, mesmo percentual, aliás, que historicamente fecha com o PT. Todas as eleições no Brasil são uma disputa pelos 40% que flutuam entre os extremos, e muitas são as variáveis que determinam qual lado vence, Lula e Dilma conseguiram convencer parte destes 40% pela exaustão da gestão tucana, agora substituída pelo bolsonarismo como antagonista da esquerda. Bolsonaro surfou no sentimento antipestista, que a segunda gestão Dilma alimentou pela inabilidade política e conduta desastrosa da ex-presidente no campo econômico.
Do ponto de vista estritamente jurídico, o vídeo não apresenta qualquer prova das acusações do ex-ministro Sérgio Moro de que Bolsonaro teria pedido intervenção na Polícia Federal do Rio de Janeiro. Ele de fato menciona esta segurança, mas são frases dúbias e que dão margem a diversas interpretações. Quem realmente parece ter cometido crime é o ministro da Educação ao ameaçar os integrantes do STF. Qualquer advogado de porta de cadeia livraria o presidente, se as provas forem baseadas apenas neste vídeo. É claro que Moro conhece as entranhas do governo e deve ter muito mais munição, o problema é que boa parte deve incriminar também o ex-ministro.
Tudo somado, a verdade é que a cada semana temos uma emoção nova e assim o presidente vai se segurando no barco, amarrado no mastro. O bolsonarismo, assim como o lulismo, parece ter vindo para ficar por muitos anos. Quem viver, verá. (por Luiz Antonio Magalhães em 16/5/20)
No excelente programa Roda Viva da última segunda-feira, 18/5, o digital influencer Felipe Neto fez uma análise precisa da comunicação do presidente Jair Bolsonaro: segundo ele, Bolsonaro é muito eficiente e estratégico ao se comunicar. Fala para sua claque, os 30% que o apoiam e sustentam sua permanência no cargo, desprezando os 70% restantes. E Felipe tem razão. Uma prova disto foi o vídeo da reunião ministerial de 22/4, cuja exibição foi liberada pelo ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. O que se viu foi um show de horrores, palavrões, ameaças, tanto na boca do presidente quanto da maior parte dos ministros. Curiosamente, Sérgio Moro e Nelson Teich praticamente não falam durante o encontro.
O vídeo, claro, provocou celeuma e indignação nas redes sociais e na mídia. O jornal O Estado de São Paulo publicou um editorial intitulado “ Inconcebível e inacreditável”, naturalmente tratando da reunião. Como diria o bardo, much ado about nothing. A verdade é que o conteúdo da reunião, por mais chulo que seja, apenas reforça a imagem de Jair Bolsonaro junto a sua base de apoiadores, que viram na postura do presidente apenas o que já admiravam: firmeza e a narrativa paranóica que ele estabeleceu desde a facada que tomou em Juiz de Fora. É para sua base que ele fala, ainda que em reuniões fechadas, como foi o caso da exibida na sexta-feira. E com isto, Bolsonaro vai mantendo a base de apoio na faixa dos 30%, mesmo percentual, aliás, que historicamente fecha com o PT. Todas as eleições no Brasil são uma disputa pelos 40% que flutuam entre os extremos, e muitas são as variáveis que determinam qual lado vence, Lula e Dilma conseguiram convencer parte destes 40% pela exaustão da gestão tucana, agora substituída pelo bolsonarismo como antagonista da esquerda. Bolsonaro surfou no sentimento antipestista, que a segunda gestão Dilma alimentou pela inabilidade política e conduta desastrosa da ex-presidente no campo econômico.
Do ponto de vista estritamente jurídico, o vídeo não apresenta qualquer prova das acusações do ex-ministro Sérgio Moro de que Bolsonaro teria pedido intervenção na Polícia Federal do Rio de Janeiro. Ele de fato menciona esta segurança, mas são frases dúbias e que dão margem a diversas interpretações. Quem realmente parece ter cometido crime é o ministro da Educação ao ameaçar os integrantes do STF. Qualquer advogado de porta de cadeia livraria o presidente, se as provas forem baseadas apenas neste vídeo. É claro que Moro conhece as entranhas do governo e deve ter muito mais munição, o problema é que boa parte deve incriminar também o ex-ministro.
Tudo somado, a verdade é que a cada semana temos uma emoção nova e assim o presidente vai se segurando no barco, amarrado no mastro. O bolsonarismo, assim como o lulismo, parece ter vindo para ficar por muitos anos. Quem viver, verá. (por Luiz Antonio Magalhães em 16/5/20)
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