Elenco dá show e encanta em série para maratonar
Confinados como estamos todos, ou quase todos, neste momento, é um exercício interessante assistir filmes e séries que tratam do cotidiano de seres humano em prisões. Isolados eles jamais estão, ao contrário, a maior parte, em especial nos países mais pobres, se encontram em celas em péssimas situações, em geral lotadas. A situação de confinamento, porém, é óbvia, presos não podem deixar as cadeias salvo em situações muito específicas. De modo geral, permanecem por ano a fio cumprindo suas penas e convivendo com o grupo em uma situação de tensão, violência e conflitos, mas também com momentos de solidariedade e ajuda mútua, conforme atestam depoimentos de quem já esteve lá. Nada muito diferente do que estamos vivendo agora, convivendo o tempo todo com nossas famílias em um ambiente carregado pelo clima de medo que a pandemia do Covid-19 provoca.
Vis a Vis é uma das melhores séries que o autor destas linhas já assistiu. Trata-se de uma produção espanhola que retrata o dia a dia de mulheres presas no sistema penal de Cruz do Sul, nas duas primeiras temporadas, e Cruz do Norte, nas duas últimas. A concepção da série e sua direção ficaram a cargo do casal Álex Pina e Esther Martínez Lobato, que não por acaso também produziram La Casa de Papel, além de Daniel Écija e Iván Escobar. O roteiro eletrizante guarda muitas semelhanças com La Casa de Papel, e não é a única semelhança – a presença de cores fortes, amarelo dos uniformes das presas em Vis a Vis, vermelho do bando de La Casa, a utilização da música como elemento forte na narrativa, além, é claro de algumas atrizes que atuam nas duas séries.
O elenco de Vis a Vis, aliás, é um espetáculo à parte. Além das protagonistas Macarena (Maggie Civantos), Zulema (Najwa Nimri, a inspetora Alícia Sierra em Casa de Papel) e Saray (Alba Flores, a Nairobi), também arrasam as atrizes Berta Vázques no papel de Cachinhos, Inma Cuevas como Anabel, Maria Isabel Díaz, a Sole, Marta Aledo no papel da junky Tere, Laura Baena, a Antonia, Adriana Paz, na dúbia Altagraci e os atores Juesus Castejón na pele do inspetor Castillo e o brilhante Ramiro Blas, o odiado psiquiatra e diretor de presídio Sandoval. Para completar, Yolanda Montero, a Manilla de Casa de Papel faz discreta aparição na primeira temporada de Vis a Vis.
Apesar da série acompanhar mais as trajetórias de Macarena e Zulema, em especial, com Saray e Cachinhos co-protagonizando a cena, todas as personagens têm relevância e, tal e qual em Casa de Papel, representam características humanas com as quais todos de nós iremos de certa maneira nos identificar. De injustiçada pelo sistema, Macarena aos poucos vai se adaptando na engrenagem complexa da vida em confinamento e ao final, sem spoilers aqui, ganha tamanha identificação com as companheiras que passa a operar na lógica da bandidagem. O final impactante e surpreendente sugere uma nova possibilidade, que inclusive já foi aproveitada, de nova série, agora acompanhando a vida de Zulema e Macarena fora da prisão. Ainda não chegou no Brasil, mas a Netflix já prometeu exibir Vis a Vis: El Oásis, uma espécie de spin-off da original.
A verdade é que Vis a Vis é uma série para maratonar, não é tão longa, quem começa dificilmente é capaz de largar no meio. Além dos temas óbvios que a vida em uma prisão envolve – as tentativas de fuga se repetem e são centrais na vida de qualquer detento -, outros temas paralelos aparecem com constância, tais como vício em drogas, homossexualidade, feminismo, além, personificado em Sandoval, a desumanidade e a maldade em estado puro, questões que são muito bem desenvolvidas ao longo da trama. Vale, e muito, assistir Vis a Vis agora, nesses tempos de confinamento generalizado! #ficaadica! (por Luiz Antonio Magalhães em 8/5/20)
Confinados como estamos todos, ou quase todos, neste momento, é um exercício interessante assistir filmes e séries que tratam do cotidiano de seres humano em prisões. Isolados eles jamais estão, ao contrário, a maior parte, em especial nos países mais pobres, se encontram em celas em péssimas situações, em geral lotadas. A situação de confinamento, porém, é óbvia, presos não podem deixar as cadeias salvo em situações muito específicas. De modo geral, permanecem por ano a fio cumprindo suas penas e convivendo com o grupo em uma situação de tensão, violência e conflitos, mas também com momentos de solidariedade e ajuda mútua, conforme atestam depoimentos de quem já esteve lá. Nada muito diferente do que estamos vivendo agora, convivendo o tempo todo com nossas famílias em um ambiente carregado pelo clima de medo que a pandemia do Covid-19 provoca.
Vis a Vis é uma das melhores séries que o autor destas linhas já assistiu. Trata-se de uma produção espanhola que retrata o dia a dia de mulheres presas no sistema penal de Cruz do Sul, nas duas primeiras temporadas, e Cruz do Norte, nas duas últimas. A concepção da série e sua direção ficaram a cargo do casal Álex Pina e Esther Martínez Lobato, que não por acaso também produziram La Casa de Papel, além de Daniel Écija e Iván Escobar. O roteiro eletrizante guarda muitas semelhanças com La Casa de Papel, e não é a única semelhança – a presença de cores fortes, amarelo dos uniformes das presas em Vis a Vis, vermelho do bando de La Casa, a utilização da música como elemento forte na narrativa, além, é claro de algumas atrizes que atuam nas duas séries.
O elenco de Vis a Vis, aliás, é um espetáculo à parte. Além das protagonistas Macarena (Maggie Civantos), Zulema (Najwa Nimri, a inspetora Alícia Sierra em Casa de Papel) e Saray (Alba Flores, a Nairobi), também arrasam as atrizes Berta Vázques no papel de Cachinhos, Inma Cuevas como Anabel, Maria Isabel Díaz, a Sole, Marta Aledo no papel da junky Tere, Laura Baena, a Antonia, Adriana Paz, na dúbia Altagraci e os atores Juesus Castejón na pele do inspetor Castillo e o brilhante Ramiro Blas, o odiado psiquiatra e diretor de presídio Sandoval. Para completar, Yolanda Montero, a Manilla de Casa de Papel faz discreta aparição na primeira temporada de Vis a Vis.
Apesar da série acompanhar mais as trajetórias de Macarena e Zulema, em especial, com Saray e Cachinhos co-protagonizando a cena, todas as personagens têm relevância e, tal e qual em Casa de Papel, representam características humanas com as quais todos de nós iremos de certa maneira nos identificar. De injustiçada pelo sistema, Macarena aos poucos vai se adaptando na engrenagem complexa da vida em confinamento e ao final, sem spoilers aqui, ganha tamanha identificação com as companheiras que passa a operar na lógica da bandidagem. O final impactante e surpreendente sugere uma nova possibilidade, que inclusive já foi aproveitada, de nova série, agora acompanhando a vida de Zulema e Macarena fora da prisão. Ainda não chegou no Brasil, mas a Netflix já prometeu exibir Vis a Vis: El Oásis, uma espécie de spin-off da original.
A verdade é que Vis a Vis é uma série para maratonar, não é tão longa, quem começa dificilmente é capaz de largar no meio. Além dos temas óbvios que a vida em uma prisão envolve – as tentativas de fuga se repetem e são centrais na vida de qualquer detento -, outros temas paralelos aparecem com constância, tais como vício em drogas, homossexualidade, feminismo, além, personificado em Sandoval, a desumanidade e a maldade em estado puro, questões que são muito bem desenvolvidas ao longo da trama. Vale, e muito, assistir Vis a Vis agora, nesses tempos de confinamento generalizado! #ficaadica! (por Luiz Antonio Magalhães em 8/5/20)
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