Pular para o conteúdo principal

White Lines, a nova série do criador de La Casa de Papel

Luciano Buarque de Holanda resenha para o Valor, em 22/5, a nova série da Netflix dirigida pelo criador de Casa de Papel, Alex Pina.

De início, poucos contestaram o “hype”, porém “La Casa de Papel” hoje é um reconhecido “guilty pleasure”. Traduzindo: aquele programa que você, no fundo, sabe o quanto é ruim, mas ao qual está apegado demais para dispensar. Algo que certamente não vai te edificar e só serve como distração. Não há nada de errado nisso, na verdade.
O fenômeno “La Casa de Papel” misturou uma trama para lá de inverossímil, clichês importados de enlatados americanos a diálogos rasteiros, beirando a cafonice. “White Lines”, nova série de Álex Pina, segue a mesma linha para provar o potencial novelesco do criador. A trama se passa em Ibiza, para onde a inglesa Zoe Walker (Laura Haddock) viaja em busca de pistas sobre a morte do irmão, cujo corpo mumificado foi descoberto num deserto vizinho.
 É um paradisíaco cenário de sexo, drogas e baladas intermináveis, onde uma poderosa família não mede esforços para manter a sujeira debaixo do tapete, especialmente às vésperas da inauguração de um cassino local.
A série demora para causar empolgação, mas quando Zoe impede o assassinato de um amigo DJ munida de um arpão, você já se pega emendando o próximo episódio.
“White Lines” (1ª temporada)
Espanha - 2020 Criador: Álex Pina. Onde: Netflix / BB+
AAA Excepcional / AA+ Alta qualidade / BBB Acima da média / BB+ Moderado / CCC Baixa qualidade / C Alto risco


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...