Pular para o conteúdo principal

Será que esse pessoal não aprende?

Bastou uma cochilada. Com a aprovação, no Congresso Nacional, de projeto de Lei elaborado pela Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas) e apresentado por um deputado inexpressivo, cujo texto consegue a proeza de tornar a função de assessor de imprensa exclusiva dos diplomados em jornalismo, aquele pessoal que estava na moita se animou. Pode parecer incrível, mas a Fenaj não desiste nunca e anunciou que tentará reviver o natimorto Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). A nota abaixo está no site da entidade.

FENAJ e Sindicatos ampliarão movimento pelo CFJ
A luta pelo Conselho Federal dos Jornalistas (CFJ) é uma prioridade dos jornalistas brasileiros para o próximo período. A proposta foi aprovada por unanimidade na plenária final do 32º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizada dia 8 de julho, em Ouro Preto (MG). A deliberação foi precedida de debate com representantes da FENAJ, do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, do deputado federal Celso Russomanno (PP/SP) do representante da Associação de Imprensa Italiana no Brasil, Venceslau Soligo, do presidente do Confea, Marco Túlio de Melo e do ex-presidente da OAB, Hermann Baeta.

Na busca da aprovação do projeto do CFJ, a FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas desenvolverão um processo de ampliação de debates, com a retomada de seminários nacionais e regionais sobre o tema. A expectativa é que destes debates, com envolvimento de outros setores da sociedade, hajam contribuições no sentido de melhorar o anteprojeto a ser reapresentado na Câmara dos Deputados.

Para quem já esqueceu o assunto, o CFJ é aquele monstrengo de inspiração stalinista que estabelece as "regras éticas" que os jornalistas deverão cumprir tão logo o tal conselho entre em vigor. Tamanha foi a onda de protestos contra o CJF que o presidente Lula teve o bom senso de jogar o texto na lata do lixo (espera-se que seja coerente e também não sancione o projeto recém-aprovado, de caráter obviamente corporativista), não sem antes deixar claro que o governo só enviara tamanho despautério para o Congresso a pedidos dos companheiros sindicalistas.

O grande problema da Fenaj é justamente a coerência de seus dirigentes. Como eles são os mesmos e não mudaram de idéia, vão continuar defendendo propostas corporativistas, autoritárias ou antiquadas. Ou a soma das três, como ocorre no caso do CFJ.

Comentários

  1. E onde estão os jornalistas contrários ao CJF? Dormindo?...

    Incrível como a gente não fica sabendo dessas coisas...

    Adorei seu blog, obrigada pela informação!

    ResponderExcluir
  2. Dezenas de profissões tem seus Conselhos, que apesar de alguns problemas tem a fundamental missão de retirar maus profissionais (que existem em todas as áreas) de circulação. Os jornalistas, mais do que ninguém precisam a prender o que é trabalhar com ética, pois saben cobrar dos outros (inimigos), mas fecham os olhos para seus aliados. CFJ Já!!!!

    ResponderExcluir
  3. Argumentos fracos os apresentados pelo "anônimo". O que se vê hoje são os Conselhos Profissionais acorbertarem os erros médicos, jurídicos etc... E o cidadão que se dane. Hoje esses Conselhos apenas acobertam as falhas profissionais de seus membros. E ainda querem criar um Conselho para os jornalista mas esteja certo, não será para defender o cidadão mas para controlar a livre manifestação de Imprensa e de Expressão. Cuidado com esse Stalinista retógrados!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe