Os grandes jornais brasileiros estão dando pouca importância para o fato do ex-deputado federal Emerson Kapaz aparecer na lista da máfia das ambulâncias. Até a semana passada, no entanto, Kapaz não era apenas o presidente do instituto Etco e integrante da Transparência Brasil. Era também um dos principais arrecadadores da campanaha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), segundo informou a Folha de S. Paulo. O jornal, no entanto, não achou que o afastamento de Kapaz da função merecesse mais do que um registro no meio de uma matéria sobre os problemas de Alckmin – a saída de José Aníbal da coordenação era o outro revés sofrido nos últimos dias (leia abaixo a íntegra da matéria da Folha, publicada no sábado, 29/7).
Ainda não está provado se Kapaz é realmente um sanguessuga – o deputado negou as acusações –, mas o simples fato de um arrecadador de um candidato presidencial estar em suspeição é notícia, e das fortes. Por muito menos, os jornais atazanaram a vida do prefeito de Diadema, José Fillipi, que assumiu a tesouraria da campanha do presidente Lula à reeleição. E se o arrecadador de recursos do PT estivesse na lista dos sanguessugas? Os grandes jornais não se interessariam pela pauta? Dariam apenas um registro no meio das reportagens sobre a máfia das ambulâncias, sem um mísero título vinculando uma coisa à outra?
E será que nenhum jornalista vai perguntar a Geraldo Alckmin se ele acredita na palavra de Kapaz ou na do empresário Luiz Antonio Vedoin, que o acusou? Ou tentar descobrir, se ficar provado que Kapaz é realmente um sanguessuga, que punição Alckmin prevê para este tipo de crime?
Baixas na tesouraria atrapalham AlckminJOSÉ ALBERTO BOMBIG e CATIA SEABRA
A pouco mais de dois meses do primeiro turno da eleição, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) a presidente enfrenta dificuldades na arrecadação de recursos financeiros e atrasa o cronograma de distribuição de material propagandístico para os diretórios do partido.
O braço responsável pela busca das contribuições sofreu duas baixas nesta semana. Um dos alvos da CPI dos Sanguessugas, o ex-deputado Emerson Kapaz era um dos arrecadadores da campanha de Alckmin, especialmente entre o empresariado paulista.
Após o surgimento do nome de Kapaz no escândalo, o comando da campanha afastou o ex-deputado da função.
José Aníbal, vereador de São Paulo com bom trânsito entre o empresariado nacional, decidiu disputar a eleição para a a Câmara dos Deputados e abandonou o comitê financeiro. "Vou continuar ajudando o Geraldo, mas sem misturar as coisas."
Na próxima segunda-feira, o comitê financeiro da campanha tucana irá se reunir em São Paulo para discutir estratégias que possam acelerar a captação de recursos e para contabilizar o que foi arrecado até agora.
Segundo a Folha apurou, algo em torno de R$ 5 milhões entraram nos cofres da campanha, mas o partido enfrenta dificuldades para fechar a conta, já que, como afirmou um dos arrecadadores, "são muitas pessoas captando recursos em lugares diferentes".
Um dos responsáveis pela área disse que o volume ainda não preocupa e está dentro do cronograma, mas o ritmo de captação precisa aumentar.
Outro problema enfrentado pela campanha diz respeito à relação entre o responsável pelo comitê financeiro de Alckmin, o advogado Miguel Reale Jr., e os chamados "braços operacionais", os responsáveis pela busca dos recursos.
Pela proposta inicial de Reale, toda a prestação de contas da campanha estaria disponível a cada 15 dias na internet. Mas os "operacionais" sustentam que a medida é inviável do ponto de vista logístico e ainda ajuda a afugentar doadores. A Folha tentou falar com Reale ontem, mas sua assessoria afirmou que ele não gostaria de conversar sobre o tema.
Demanda
Com o fluxo de caixa abaixo do esperado, falta material de propaganda. Nesta semana, o escritório de Alckmin em São Paulo recebeu pedidos de adesivos, banners e bandeiras de Santa Catarina, Paraíba, Rio Grande do Sul e Bahia.
"Estamos sentindo que Alckmin pode dar uma grande arrancada em Santa Catarina, mas precisamos de apoio", disse o deputado estadual Djalma Berger (PSDB-SC).
Um dos coordenadores da campanha, João Carlos Meirelles afirmou que o atraso na distribuição de material de propaganda se deve a problemas com o CNPJ dos tucanos.
Ainda não está provado se Kapaz é realmente um sanguessuga – o deputado negou as acusações –, mas o simples fato de um arrecadador de um candidato presidencial estar em suspeição é notícia, e das fortes. Por muito menos, os jornais atazanaram a vida do prefeito de Diadema, José Fillipi, que assumiu a tesouraria da campanha do presidente Lula à reeleição. E se o arrecadador de recursos do PT estivesse na lista dos sanguessugas? Os grandes jornais não se interessariam pela pauta? Dariam apenas um registro no meio das reportagens sobre a máfia das ambulâncias, sem um mísero título vinculando uma coisa à outra?
E será que nenhum jornalista vai perguntar a Geraldo Alckmin se ele acredita na palavra de Kapaz ou na do empresário Luiz Antonio Vedoin, que o acusou? Ou tentar descobrir, se ficar provado que Kapaz é realmente um sanguessuga, que punição Alckmin prevê para este tipo de crime?
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