A cobertura da campanha eleitoral que vem sendo realizada pela Folha de S. Paulo está repleta de problemas. É o que pensa o ombudsman do jornal, Marcelo Beraba. Em sua crítica interna – já não tão interna assim, visto que disponível na internet – desta quarta-feira, Beraba volta a criticar bastante o comportamento do jornal no noticiário das eleições. Este blog já registrou pelo menos duas outras críticas duras de Beraba ao jornal por causa da cobertura eleitoral.
Desta vez, a crítica começa com um elogio – à coluna de Elio Gaspari, por sinal reproduzida aqui, na nota anterior –, mas parte logo para os reparos. E não são poucos, como se pode observar abaixo, na íntegra do comentário de Beraba:
Desta vez, a crítica começa com um elogio – à coluna de Elio Gaspari, por sinal reproduzida aqui, na nota anterior –, mas parte logo para os reparos. E não são poucos, como se pode observar abaixo, na íntegra do comentário de Beraba:
"A cobertura da Folha continua focada em detalhes da organização das campanhas e na formação de alianças. É uma cobertura voltada para o micro, para o varejo. Assim, algumas informações irrelevantes ganham espaço desmesurado. Qual a importância para o (e)leitor de que a concessão de CNPJ por parte da Receita Federal para as campanhas eleitorais atrase alguns dias? Nenhuma. É uma informação que merecia no máximo um registro, e não o abre da página mais nobre de política, a página A5 - "Burocracia retarda arrecadação de verba para as campanhas".
O acompanhamento do candidato Geraldo Alckmin à Europa se limita ao registro das visitas e a declarações. Qual o objetivo da viagem e da agenda? Que avaliação pode ser feita da viagem e dos contatos? Todos os candidatos programam viagens internacionais. Elas acabam tendo alguma importância de fato? As fotos posadas já indicam a irrelevância destas iniciativas? Não há um bastidor (ou uma análise) desta viagem que mereça ser dividido com o leitor?
A reportagem principal de política é a reunião de Lula com os seus ministros. O título já diz tudo da irrelevância do foco da cobertura: "Lula exige dos ministros defesa coletiva do governo". Seria notícia se Lula não exigisse a defesa do seu governo.
E a disputa pelo governo de São Paulo, Estado sede da Folha? Pelo que foi possível deduzir da leitura do jornal, apenas um candidato fez campanha ontem, José Serra ("Serra defende mais presídios e o fim das cadeias em delegacias", pág. A8). E os outros? A cobertura ficará restrita ao acompanhamento da agenda de candidatos e a declarações?"
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