Pular para o conteúdo principal

Saulo de Castro Abreu Filho responde

Após uma semana de recesso, o Entrelinhas está de volta. E antes de passar aos temas novos, este blog publica abaixo um esclarecimento do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, sobre a nota Serra não defende Saulo, que ataca a imprensa, do dia 13 de julho. A explicação de Saulo é bem razoável, mas a verdade é que o secretário poderia ter deixado sua versão mais clara já durante a entrevista coletiva concedida logo no início da segunda onda de ataques do PCC, que originou a polêmica. Leia a seguir a íntegra do documento enviado por Saulo:

"Como secretário responsável pela segurança do Estado de São paulo, tenho recebido informações, vindas da área de inteligência da polícia, de que a lista de presos que seriam transferidos para o presidio federal de Catanduvas (PR) foi, mesmo, a razão da nova onda de ataques da facção criminosa. A especulação em torno da existência da lista e de sua composição foi captada em gravações, autorizadas pela Justiça e feitas pela polícia.

Para entender o caso, é preciso lembrar que, muitas vezes, os presos estão mais bem informados que quem está solto, como se viu no episódio da venda da gravação da CPI do Tráfico de Armas. Além disso, a imprensa vinha publicando notas dando conta da inauguração do presídio federal e da oferta de um número de vagas para o Estado de São Paulo.

Nesse contexto, a informação de que a Folha publicaria uma lista de presos que seriam transferidos serviu para atiçar criminosos presos, que tentaram - em vão, é bom que se diga - atacar a sociedade para tentar impedir sua transferência para Catanduvas.

A rigor, não foi uma novidade. Em maio, a primeira onda de ataques coverdes foi, também, uma tentativa de impedir a transferência das lideranças para duas unidades da SAP, que acabou se consumando.

Faço questão de deixar claro: a lista ainda não existe. Aquela que foi publicada é falsa, mera especulação, pois inclui nomes que desejamos manter em São Paulo, por interesse de investigações em andamento. A sociedade deve se perguntar a quem interessa a publicação de listas especulativas.

A população sabe que pode confiar na polícia de São Paulo. Ela prendeu as principais lideranças da organização criminosa, reduziu a menos da metade os homicídios e crimes violentos no Estado. Agora, acaba de prender os que, de fora, cuidavam das finanças e os pombos-correio da facção. E assim vencerá a luta contra o crime organizado.

Saulo de Castro Abreu Filho
secretário de Segurança Pública de São Paulo"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe