Pular para o conteúdo principal

O patrimônio de Lula e os erros da mídia

Já está nos sites a informação que o presidente Lula dobrou seu patrimônio desde 2002. E também que ele é mais rico do que o tucano Geraldo Alckmin. A notícia tem origem na declaração de bens que todos os candidatos a cargos públicos são obrigados a prestar para registrar as candidaturas. Muitos sites e blogs estão usando esses números com evidente intenção de prejudicar o presidente, mostrar que o "operário" já chegou no paraíso e que houve algo errado no avanço do patrimônio de Lula.

Em primeiro lugar, nenhum candidato é burro o suficiente para declarar dados errados ao TSE. Os números, portanto, estão corretos. A manipulação está no noticiário, que não atenta para os seguintes fatos:

1. A evolução do patrimônio de Lula é coerente. Como presidente, ele pouco gasta - o mesmo ocorreu com Fernando Henrique, para dar uma base de comparação. Poupando o que ganha e aplicando em investimentos conservadores, Lula deveria ter tido durante o período uma evolução de cerca de R$ 700 mil, se nada gastasse do próprio bolso. Mas gastou: comprou um apartamento no Guarujá, que ainda está pagando (já desembolsou quase R$ 50 mil). A diferença, cerca de R$ 250 mil, equivale ao que ele desembolsou no período, fora as despesas palacianas, pagas pelo erário. Fazendo as contas, dá cerca de R$ 5 mil por mês em gastos pessoais.

2. A declaração de bens de Geraldo Alckmin também não está errada. Pelo que está no papel, o tucano parece ser mais pobre que Lula. Difícil saber. Este blog duvida, no entanto, que a família de Geraldo Alckmin seja mais pobre do que os Inácio da Silva. José Serra certamente não é. Em 2002, ele declarou R$ 603,7 mil. Em 2004, seu patrimônio chegava a R$ 771.753 – menos, portanto, do que Lula tem hoje. Serra declarou ter parte de dois imóveis, um em Ibiúna (SP) e outro em Piracaia (SP). O imóvel onde ele mora em São Paulo, na rua Antônio de Gouveia Giudice, no bairro de Alto de Pinheiros, não está declarado e vale bem mais do que os R$ 771 mil de toda a declaração, que mostrava dinheiro aplicado na poupança e em fundos de investimento (R$ 640.270) e dois automóveis.

Comentários

  1. ERRO DA MIDIA?

    NOVIDADE?

    A ELITE MIDIATICA NÃO QUER LULA.

    ELE NÃO BAIXA A CABEÇA PARA O QUARTO PODER.

    A MIDIA BRASILEIRA É MERCENARIA, HIPOCRITA E IRRESPONSAVEL.

    ResponderExcluir
  2. De fato, a duplicação da riqueza declarada do atual presidente da república é extremamente coerente com o comportamento de quem resolve parasitar as benesses do cargo ou de um líder de organização criminosa que deixa seus asseclas e comparsas pagarem suas contas. Muito coerente com quem gasta 300 mil reais do orçamento de 2005 na instalação de um bar no avião presidencial - vulgo "aerolula" - e consumirá mais de 25 mil reais na "feira", só no segundo semestre de 2006, naturalmente, pagos com o dinheiro dos impostos recolhidos dos contribuintes brasileiros.

    Convém lembrar que esse candidato a milionário foi o mesmo mentiroso que declarou, quando descobriram uma conta em seu nome no exterior com mais de 30 mil dólares, que se tivesse tal quantia teria comprado um presente melhor para atual primeira dama. Também é coerente o fato dos jornalistas "chapa branca" terem esquecido essa declaração e buscarem justificar o injustificável.

    Porém, há quem não queira enganar os eleitores e leitores, como Sebastião Nery:
    "desse quase R$ 1 milhão, que aumentou 100% em quatro anos, '57% estão aplicados em bancos (R$ 330 mil em fundos de investimento, R$ 86 mil em aplicação financeira no Banco do Brasil, R$ 55 mil em caderneta de poupança da Caixa Econômica' (...). Um torneiro-mecânico, que passou 30 anos (de 1972 a 2002) sem trabalhar, apenas vivendo de mesadas e agrados de um 'partido dos trabalhadores', e que, como dizia Brizola, 'não tem indústria, nem agricultura nem comércio', virou milionário: três apartamentos, um outro em construção, um terreno, uma S10 Cabine Dupla de R$ 42 mil, meio milhão rendendo em bancos e, presidente, dobra tudo de 430 mil para 850 mil" (Leia em http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=nery).

    Tanta coerência só sustenta-se, é claro, se for deixado de fora o enriquecimento repentino do resto da "famiglia" presidencial, mas esses valores ainda não foram "declarados".

    ResponderExcluir
  3. 10/10/2002
    Verônica Serra, e seu pai, o candidato chapa branca, sofrem denúncias de sonegação fiscal e envolvimento com o ex-caixa de campanha do pai, Ricardo Sérgio de Oliveira. Serra, quando Ministro do Planejamento, empregou Ricardo Sérgio na diretoria do Banco do Brasil, em Brasília.
    Como diretor do BB, Ricardo Sérgio perdoou uma dívida de US$ 74 milhões (isso mesmo, milhões de dólares!), de Gregório Marin Preciado, primo e ex-sócio de José Serra.
    Por isso Serra sonegou informações à Justiça Eleitoral e à Receita Federal, omitindo sua participação na empresa ACP - Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda., que mantém em sociedade com sua filha Verônica. A filha, sócia do pai, aparece na aparece em uma das declarações de patrimônio como devedora de um empréstimo concedido pelo pai, no valor de R$ 120 mil.
    Para justificar a armação tributária, José Serra comprou a casa onde mora atualmente em nome da filha, que tem em seu patrimônio uma casa na cidadede Trancoso, sul da Bahia, onde também o primo de Serra, Gregório Preciado, é dono de um imóvel avaliado em mais de US$ 1 milhão.
    Verônica Serra também é sócia da IRR - International Real Returns, empresa de investimentos com capital de US$ 600 milhões, criada em 1988, que teria lucrado horrores no mercado brasileiro no período em que Serra, o pai, foi Ministro do Planejamento (literalmente informações de pai para filha).
    Vinculada à IRR, existiu outra empresa, a DECIDIR.COM, com sede em Miami, que foi criada em Maio de 2000 e extinta em Maio de 2002. Adivinhe quais eram os sócios da DECIDIR.COM: justamente a filha de Serra, Verônica, com sua xará Verônica Dantas Rodemburg, irmã de Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, e protagonista de gigantesco escândalo financeiro.
    Verônica teria tanto retorno em seus rendimentos que no ano
    passado presenteou o pai, Serra, com a compra da mansão onde ele reside há muitos anos, no Alto do Pinheiros, em São Paulo, por R$ 475 mil. O estranho é que Serra sempre morou nessa casa e só agora ela foi aparecer em nome da sua filha.

    ResponderExcluir
  4. sabe porque o pt não ganha mais nada no RGS?Porque não gostamos de assistencialismo, gostamos mais de trabalhar, usamos a energia que outros estados usam para dançar para trabalhar para o nosso sustento.O serra esta sofrendo retalhaçãoes das pessoas que tem preguiça. Estaria ganhando nas pesquisas se prometece bolsas, mas ele promete empregos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...