Pular para o conteúdo principal

Gente fina é outra coisa

O jornalista Reinaldo Azevedo foi rápido no gatilho e publicou em seu blog uma nota a respeito do deputado Pastor Amarlido (PSC-TO), que apareceu na lista dos suspeitos de envolvimento no escândalo dos Sanguessugas. É que este mesmo deputado foi quem apresentou, a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas o projeto de lei aprovado no Congresso e que regulamenta o exercício da profissão de jornalista. O monstrengo da Fenaj, apresentado pelo sanguessuga Amarildo, inclui diversas funções como privativas dos diplomados em jornalismo. Comentaristas, assessores de imprensa e até chargistas teriam a obrigação de cursar uma faculdade e obter o canudo para trabalhar.

De tão ruim, a proposta da Fenaj conseguiu provocar uma unanimidade: todas as entidades da sociedade civil envolvidas com a questão, com exceção naturalmente da própria Fenaj, se manifestaram contra o projeto. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por exemplo, já encaminhou um documento ao presidente da República explicando sua posição pelo veto do monstrengo.

O projeto de Lei está na mão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Casa Civil da Presidência está examinando o texto e nesta quarta-feira a Folha de S. Paulo revela que a tendência até agora é realmente pelo veto do projeto. Os defensores da liberdade de expressão poderão respirar aliviados, mas será por pouco tempo. Conforme este blog já antecipou, o próximo passo da Fenaj será relançar o debate sobre o natimorto Conselho Federal de Jornalismo. Essa gente não desiste...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe