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Alckmin é favorável aos reajustes eleitoreiros?

Está na edição desta quarta-feira da Folha de S. Paulo: o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) criticou o veto presidencial o aumento de quase 17% para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo, mas evitou dizer o que teria feito se estivesse sentado na cadeira do presidente Lula. Tendo criticado o veto ao aumento, Alckmin tem duas alternativas: ou pára de falar mal da "farra fiscal" do governo e dos aumentos concedidos ao funcionalismo público, que tem qualificado de "eleitoreiros", ou explica direito qual a diferença entre os 17% dos velhinhos e os demais reajustes concedidos por Lula.

Alckmin não vai fazer nem uma coisa nem outra. A crítica do ex-governador sobre o tal aumento dos gastos públicos na gestão Lula é, na verdade, oportunista. Os tucanos não conseguiram ainda apresentar dados consistentes sobre o tal aumento nos gastos e fazem críticas subjetivas, como a do caráter eleitoral dos reajustes.

Ademais, se Lula tivesse sancionado o aumento dos aposentados, certamente Alckmin teria sido o primeiro a criticar o presidente pela "farra fiscal" e "desperdício de recursos com fins eleitorais". O ex-governador faria melhor se tivesse um discurso ao menos coerente sobre os temas relevantes da campanha eleitoral.

Leia abaixo a matéria da Folha:

Tucano critica veto de Lula a reajuste de aposentados, mas não explica o que faria

FÁBIO VICTOR
- ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou ontem o veto do governo ao reajuste de 16,67% a aposentados que ganham mais de um salário mínimo, mas não explicou o que faria se estivesse no lugar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Lamento muito o veto, e é difícil dizer qual a medida que tomaria. Eu procuraria ter trabalhado para criar condições para melhorar a situação dos aposentados."
O governo concedeu reajuste de 16,67% para os aposentados que ganham até um salário mínimo e de 5% para os demais, mas os partidos que apóiam a candidatura Alckmin no Congresso votaram a extensão do percentual maior para todas as faixas de renda. Lula vetou o reajuste maior com o argumento de que é preciso preservar o equilíbrio das contas públicas.
Alckmin esteve ontem em Bruxelas, em visita ao presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.
No dia em que o presidente do PMDB, Michel Temer, declarou apoio à sua candidatura, o tucano atacou o governo pelo modo com que investe sobre os peemedebistas.
"Acho que vamos ter a maioria dos eleitores do PMDB. Agora, não posso disputar com cargos, e nem faria isso se fosse presidente. O que o governo tem feito é algo totalmente atrasado, é loteamento de cargo público sem critério adequado, reincidente no caso dos Correios", declarou.
O PSDB sempre almejou ter em sua campanha a ala não-governista do PMDB, mas, nos últimos dias, assistiu à expansão do apoio peemedebista à reeleição do presidente. O movimento foi paralelo à decisão de Lula de dar o controle dos Correios ao PMDB.
Segundo Alckmin, o fato de as nomeações envolverem um órgão estatal atingido há pouco por um esquema de corrupção "mostra que o governo não aprendeu com a crise".
Indagado se acreditava de fato haver um eleitor fiel do PMDB, evocou seu passado no MDB, a sigla que originou a atual legenda. "Ainda há um eleitor peemedebista, eu diria até emedebista, do "manda-brasa"."
O candidato listou os ex-governadores peemedebistas que o apóiam como um trunfo no partido. "As lideranças mais expressivas do PMDB estão conosco, como Jarbas Vasconcelos [PE], Joaquim Roriz [DF], Luiz Henrique [SC]. E isso vai crescer todo dia."
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que acompanhou Alckmin em Bruxelas, disse que espera para breve o apoio do ex-presidente Itamar Franco, que deixou o PMDB. Também presente, o presidente do PPS, Roberto Freire, tratou de desqualificar a parcela do PMDB que está com Lula. "É o PMDB adesista, é Ney Sanguessuga", disse, em referência ao senador Ney Suassuna (PB), líder do partido no Senado.

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