Pular para o conteúdo principal

Sobre o "dossiê" de Veja

Vale a pena ler o comentário do sempre lúcido mestre Alberto Dines para o programa de rádio do Observatório da Imprensa: "Enquanto os estudiosos examinam com atenção o relatório sobre o Estado de Mídia dilvugado na semana passada, a nossa mídia continua oferecendo um espetáculo lamentável, lamentável e perverso. A Veja do último fim de semana acusa o governo de estar preparando um dossiê sobre os gastos da presidência da República no período 1998 a 2001, isto é, no fim do segundo mandato de FHC. Este dossiê, segundo o semanário, visa a intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. Ora, se a revista acusa o governo de estar preparando uma chantagem, por que razão publicou dados sigilosos e aparentemente falsos, conforme declarou a ministra Dilma Rousseff? Na corrida sensacionalista, inverteram-se os papéis: ao divulgar os dados, Veja inocenta automaticamente o governo e converte-se, ela própria, em agente e beneficiária da chantagem." Não é mesmo preciso dizer mais nada...

Comentários

  1. Olhe, Magalhães, sou estrangeiro, jornalista de negõcios e tradutor, e não me meto muito na política partidária aqui no Brasil. Razão: Eu simplesmente não consigo entendé-la. Você entende? Alguem entende? Parece um circo romano, com leões fantasiado de cristão e vice versa. Sangue, sangue, sangue, barulho, emoções exaltadas, vírgenes desmaiando. Resultado prático: nenhum.

    Mas me deu uma boa gargalhada ler hoje que um senador qualquer tinha descrito a Veja como "uma revista responsável."

    Eu, hein? Não é.

    Tem órganos com um viés mais conservador aqui que tem pelo menos um certo minimo compromisso com os fatos. Veja escancaradamente não tem. Desinforma. Eu não leio, e eu não dou a mínima importância ao que ela tem a dizer.

    Por isso, acho que o senhor fez bem limitar seu comentário sobre o assunto. A vida é muito curta, e já complicada o suficiente sem acreditar em fantasmas. Eu leio tudo da imprensa brasileira, desde o Vermelho até o Valor (e DCI, é claro). Eu quero ter uma perspectiva razoavelmente completa sobre a opinião pública nesse pais. Tem alguns brasileiros que ainda acreditam em discos voadores e psicografia -- é o direito deles, claro -- assim como tem leitores que acreditam na credibilidade de Veja. Mas não são tantos que vale a pena quer saber o que eles pensem enquanto assuntos práticos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...