Muita gente que conhece de perto a arte de disputar uma eleição adverte que o ex-governador Geraldo Alckmin está cometendo um erro enorme ao não formalizar logo a sua candidatura à prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Favorito na disputa, ele está deixando a corda esticar para definir se de fato concorre e já abriu o flanco para os tucanos próximos ao governador José Serra bombardearem o seu pleito. Se Alckmin for esperto, cria logo um fato consumado e sai em campanha pela cidade. Evidentemente, os serristas não estarão ao seu lado, mas pelo menos não poderão, ao menos em público, criticar o candidato do próprio partido. Enquanto ele não for candidato, os serristas estarão apenas combatendo uma tese – a de que o ex-governador é a melhor opção para a eleição deste ano.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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