É bom ninguém se entusiasmar muito com a alta das bolsas de valores, aqui e lá fora, nesta terça-feira. É claro que o corte na taxa de juros básica dos Estados Unidos, de 0,75 ponto percentual, ajuda a animar o mercado e minimizar os riscos de uma catástrofe econômica no coração do império, mas a verdade é que ninguém sabe ainda o tamanho da encrenca e embora não seja o cenário mais provável, é perfeitamente possível que a crise de fato tenha proporções muito maiores do que é possível visualizar neste momento. No fundo, só é possível saber a dimensão de uma crise quando ela acaba. Qualquer palpite neste momento é mero chute.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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