Pular para o conteúdo principal

FHC dá a dica: terceiro mandato para Lula

Tudo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) acha ruim para o país acaba se revelando, com o tempo, positivo para os brasileiros. Senão vejamos: quando o presidente Lula começou a governar, Cardoso criticou com muita contundência o crédito consignado, alegando que os pensionistas seriam levados à bancarrota com os juros cobrados pelas instituições financeiras autorizadas a operar esta modalidade de crédito. Bem, a história mostra que o consignado não apenas foi a grande alavanca do consumo das classes mais pobres como também não levou velhinho algum à falência. Ao contrário, muita gente que estava devendo para agiotas ou pagando taxas de juro muito mais elevadas no cheque especial ou cartão de crédito conseguiu sair do vermelho e, trocando as dívidas, ganhou fôlego para ter uma vida financeira mais saudável. O atual boom da economia brasileira é atribuído em grande parte justamente ao crédito mais farto e barato que surgiu a partir do consignado.

Cardoso também criticou a política monetária de Lula, alegando que o Banco Central não deveria ficar comprando dólares e valorizando em demasia o real. A partir da atuação firme e serena do BC no mercado de câmbio, porém, é que o Brasil conseguiu os recursos para pagar a dívida externa do país, tornando-se credor externo pela primeira vez na história. E é justamente esta condição que está sustentando a bonança interna em meio a uma crise de graves proporções nos Estados Unidos.

Se tudo que FHC acha ruim para o Brasil na verdade é bom, então bom mesmo é prestar atenção no que diz o ex-presidente e fazer exatamento o oposto do que ele prega. Nos últimos dias, o tucano tem "alertado" seus correligionários para o "perigo" de um terceiro mandato para Lula. Bem, pode até ser que o presidente não queira ou as condições não permitam, mas se FHC acha que é ruim, então provavelmente nada seria melhor para o Brasil do que um terceiro governo do presidente Lula...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...