Pular para o conteúdo principal

Cesar Maia: candidatura de Gabeira
antecipa como será a eleição de 2010

O prefeito-blogueiro do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM), já tem emprego garantido em 2009, quando deixar a prefeitura: será analista político, e dos bons. O texto abaixo revela que Maia, quando quer, consegue fazer observações bastante pertinentes sobre o cenário político sem levar muito em conta a sua própria posição de parte no jogo do poder. Vale a pena ler a análise do prefeito, ainda que se discorde dele.

ELEIÇÃO DE 2010, JÁ COMEÇOU NA CAMPANHA DE 2008 NO RIO-CAPITAL! SAIBA POR QUE!

1. Os movimentos de uma ala do PSDB de SP no sentido de empurrá-lo mais para a esquerda não é de hoje. A rasteira dada no PFL em 2000 na composição da mesa da Câmara de Deputados foi o primeiro passo. O segundo foi o desmonte da candidatura do PFL a presidente em 2002, com uma operação da PF orquestrada pelo mesmo grupo. E finalmente a montagem para presidente da chapa Serra- com o que seria a "esquerda" do PMDB.

2. Nas últimas semanas esse mesmo movimento desse mesmo grupo voltou a crescer, e sua estratégia é já conhecida. Formar a Chapa Serra com vice do PPS, empurrar a candidatura para a "esquerda" e nesta faixa fechar os espaços para a candidatura do PT, que não podendo ser o Lula, terá este perfil. Da mesma maneira fechar o caminho de Ciro Gomes para a centro-esquerda.

3. Não poderia ter sido mais adequado para aquele mesmo grupo do PSDB de SP, o que ocorreu no Rio. E em dose maior. Por isso apoiaram com entusiasmo. A aliança para prefeito do PPS, com PV, e apoio e tempo de TV do PSDB, passa a ser o primeiro passo para a montagem de uma chapa com PPS e PV e Serra na cabeça. E mais ainda: com o nome de um personagem com os simbolismos de Gabeira.

4. Essa decisão abriu a campanha de 2010 de fato. O PSDB do S fez o seu jogo e lançou os dados para construir um vetor de força no RIO, coisa que não ocorreria com uma candidatura puro-sangue do PSDB. Jogou certo, mesmo sacrificando o PSDB local.

5. Do outro lado -ocupando a avenida há anos pavimentada pelo populismo -agora na versão neo-pentecostal, o senador Crivella sempre acarinhado por Lula.

6. O DEM que a cada dia fica mais claro que não terá opção a não ser ter candidato próprio a presidente (este Ex-Blog já analisou isso dias atrás quando mostrou o boqueirão à direita que o pré-quadro presidencial está abrindo) reforça e torna ainda mais nítida e necessária a candidatura de Solange Amaral.

7. Mas o jogo ainda não está completo. O que farão as forças -ditas mais a "esquerda"? O PSOL que entre seus poucos deputados expressivos tem Chico Alencar, mesmo prejudicado com a candidatura de Gabeira, abrirá mão de ter candidato? Provavelmente não. E os demais que são base do governo? O que farão PCdoB, PDT, PSB? Implodirão suas candidaturas, ao ficarem fatiados? Unir-se-ão em torno do nome mais forte que é a ex-deputada Jandira? Wagner Montes saiu e deixou em desespero os "seus" vereadores.

8. E o PT? Abriria mão de sua candidatura para se somar aos demais da base do governo e acabaria de vez no Rio? Teria candidato próprio para marcar posição? Todos teriam candidato PSOL, PCdoB (coligado ou não com PDT e PSB) e PT e bateriam suas cabeças com a do Gabeira nas áreas de classe média de "esquerda”?

9. E o governador Cabral? Que decisão deve tomar com a inviabilidade de seu candidato, seja pela coligação Gabeira, seja pela reafirmação dos diretórios do PMDB e do DEM? Insistir e fortalecer a candidatura do PSDB com Gabeira, inventando no Rio um vetor eleitoral para 2010 pró-Serra? Deve ratificar a decisão do diretório do PMDB, reforçando a candidatura de Solange Amaral, cujas repercussões para 2010, serão muito menores para o candidato de Lula, que o jogo do PSDB do S? Seria muito mais racional fazê-lo. Mas o que Lula acha? É melhor mesmo reforçar o Crivella através do Governador? Mas e a Globo e a Igreja Católica?

10. Grande parte do jogo está jogado. Falta a “esquerda" dizer como joga? Nunca foi tão fraca no Rio. E nunca foi tão dividida!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe