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Por um “reset” no capitalismo

Não é de hoje que o modelo capitalista enfrenta críticas, mas nos últimos meses elas passaram a vir de fontes inesperadas. Klaus Schwab, o fundador do Fórum Econômico Mundial, a organização que reúne a nata do capital global, deu o tom ao falar sobre a necessidade de um “reset”. O artigo em que Schwab afirma que a pandemia expôs os riscos sociais, econômicos e ambientais que vinham envenenando lentamente a vida em sociedade nos últimos 50 anos reflete uma tendência. A ideia não é desmontar mercados, desfazer a globalização ou deter a marcha da digitalização, mas promover uma reforma salvadora, cujo alcance não se limite a aspectos financeiros ou operacionais, mas atinja, sobretudo, elementos éticos e garanta a sustentabilidade do sistema. “Precisamos ter a habilidade para escutar uns aos outros e forjar propósitos comuns”, diz o economista britânico Paul Collier. “Para isso, todos temos a obrigação de contribuir com esse objetivo”, escreve Carlos Rydlewski no Valor, texto publicado em 5/1. Continua a seguir. 


Collier é professor do St. Anthony’s College e da Escola de Governo Blavatnik em Oxford. Dirige o Centro Internacional de Crescimento, na London School of Economics. Foi definido por Martin Wolf, a estrela entre os articulistas de economia do “Financial Times”, como um dos mais influentes especialistas mundiais em desenvolvimento econômico. É autor de “O Futuro do Capitalismo - Enfrentando as Novas Inquietações” (L&PM Editores). Como Wolf observou, trata-se de um livro sobre economia, “mas dotado de um tom pessoal” - para não dizer passional e, até mesmo, moral.

Na essência, os diagnósticos de Collier e Schwab não diferem. Para o professor britânico, a grande credencial do capitalismo sempre foi a capacidade de propiciar uma melhora constante no padrão de vida das pessoas. Nas últimas quatro décadas, porém, esse cartão de visitas desbotou. Tal deterioração atingiu não somente a periferia do capital, mas seu centro pujante - os países desenvolvidos. A debacle de 2008 escancarou esse desgaste.

“Depois disso, o alarme soou com a crise das democracias, marcada pela ascensão de líderes populistas em diversas nações”, diz a economista Maria Cristina Pinotti. “E quando começamos a reunir as pistas para explicar esse fenômeno, chegamos de novo aos impasses criados pela economia.” A covid fechou esse ciclo. Daí vem grande parte das novas reflexões.

 Collier, porém, observa que em termos globais o capitalismo manteve sua promessa de entrega de bonança. O problema é que ela ficou restrita a um punhado de privilegiados. Isso enquanto grandes massas iam sendo deixadas do lado de fora da festa do bem-estar. Esse clima de fim de baile atingiu em cheio os EUA. Ali, observa o britânico, metade da geração nascida nos anos 1980 está pior, em termos absolutos, do que seus pais quando tinham a mesma idade. Houve queda da expectativa de vida entre brancos sem curso universitário. O desemprego abateu centralmente jovens e idosos.

O tema da desigualdade emergiu. Na verdade, a discrepância de renda entre as nações diminuiu no mundo, principalmente por causa do forte crescimento asiático. Por outro lado, ela aumentou em muitos países. Foi isso o que o economista Branko Milanovic, um intelectual nascido na Sérvia que leciona na City University de Nova York, mostrou em um artigo recém-publicado na revista americana “Foreign Affairs”.

Milanovic escreve que a desigualdade global caiu em relação à década de 1990. Naquele período, o coeficiente de Gini (uma medida da distribuição de renda onde “zero” representa a igualdade perfeita e “um” a desigualdade perfeita) era 0,70. Em 2008, estava em 0,67. Hoje, gira em torno de 0,60. Em contrapartida, o índice marchou no sentido oposto nos EUA. Foi de 0,35, em 1979, para 0,45, atualmente.

Em paralelo, e quase no mesmo período, a porção de dinheiro que cabe ao 1% de americanos mais ricos saltou de 11%, em 1980, para 20%, em 2014. Mudanças dessa natureza e magnitude levaram Joseph Stiglitz, o Nobel de Economia em 2001, um crítico contumaz do “fundamentalismo de livre mercado”, a afirmar que “evoluímos de maneira resoluta em direção a uma economia e a uma democracia do 1%, pelo 1% e para o 1%”.

Analistas advertem que tamanha desigualdade pode estar associada à meritocracia de forma inusitada - e negativa. A alavanca oferecida pelo mérito deveria funcionar como uma das principais fontes de impulsão do sistema, um ingrediente salutar da mobilidade social. Na teoria, ela move o princípio segundo o qual a sociedade deve destinar recompensas e cargos de responsabilidade de acordo com o empenho e a capacidade individual. Tal lógica, na visão de alguns especialistas, pode desencadear eficiências econômicas, além de coibir injustiças e o favoritismo puro e simples.

A identificação de falhas do modelo meritocrático não é recente, mas ganhou força por causa de um novo fator, a tecnologia digital. Hoje, poucos têm acesso ao conhecimento e à qualificação necessários ao ingresso - e à ascensão - no mundo do trabalho. O mérito assim passou a ser uma escada à disposição de um número diminuto de pessoas. E a nova elite digital difere daquela moldada na indústria pesada. No capitalismo clássico do século XIX, para erguer (ou manter) uma fortuna era mais importante possuir do que trabalhar. Agora, os novos abonados tendem a ser ricos em capital e em mão de obra (com o trabalho que eles mesmos executam).

Além do mais, o grupo digitalizado se une a parceiros com as mesmas características educacionais e mesmo padrão financeiro. Isso redunda em um fenômeno que os sociólogos chamam de “acasalamento sortido” (“assortative mating”). Na prática, isso quer dizer que a nova casta tende a se reproduzir entre si e a se autoperpetuar nas alturas. Em termos ilustrativos, eis o novo quadro: os Vanderbilt, os Carnegie e os Rockefeller vão saindo de cena por um lado, enquanto os Gates, os Zuckerberg e os Bezos entraram em campo pelo outro. E depois disso? Virão os filhos dos Gates, dos Zuckerberg e dos Bezos.

Michael Sandel, professor de filosofia de Harvard cujo sucesso literário o fez migrar da categoria de acadêmico para a de pop star, vai mais longe. Ele reconhece que a recompensa baseada no valor individual embute virtudes e nos induz a uma ideia de liberdade, pois “parece colocar o destino em nossas mãos”.

Contudo, no livro “A Tirania do Mérito - O que Aconteceu com o Bem Comum?” (Civilização Brasileira), Sandel aponta o dedo para as consequências indesejáveis da meritocracia. Elas vão da arrogância entre os vencedores até o julgamento severo reservado aos perdedores.

“A covid também trouxe uma novidade para esse debate”, diz Beatriz Maria Braga, coordenadora do mestrado de gestão de pessoas da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP). “As pessoas estão vendo que, se eu não ajudo alguém, também não consigo seguir em frente. Aliás, todos não conseguem seguir.” Para Beatriz, isso traz uma visão mais coletiva da divisão do trabalho. No mundo pré-pandêmico do capital, ela tendia a ser individualista.

A formação dessa nova casta digital tem ainda impactos geográficos. Essa é outra armadilha da atual configuração do capitalismo liberal, na avaliação de Collier. No livro “O Futuro do Capitalismo”, ele afirma: “Isso porque os grupos mais qualificados, aqueles que ocuparão as melhores vagas de trabalho com as maiores remunerações, também se concentram nas cidades mais palpitantes e inovadoras do mundo”.

À medida que esses polos florescem, atraem cada vez mais gente preparada. Em contrapartida, as comunidades “desqualificadas” ante os novos parâmetros digitais se desmantelam de forma traumática, pois muitas delas eram até vedetes do capitalismo industrial.

Há duas espirais simultâneas em curso. Uma aponta para a prosperidade; outra, para o buraco. E a distância entre elas aumenta. Collier destaca que as 50 maiores aglomerações urbanas do mundo abrigam 7% da população, mas respondem por 40% do produto global. Citando dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), diz: “A diferença de produtividade entre essas grandes cidades e os lugares mais pobres aumentou em média 60% nas últimas duas décadas”.

O estorvo provocado por essa disparidade geográfica também foi objeto de análise do economista Raghuram Rajan, ex-presidente do Banco Central da Índia e professor da Booth School of Business, da Universidade de Chicago. Em um texto publicado na revista “Foreign Policy”, sob o título “How to Save Global Capitalism from Itself” (Como Salvar o Capitalismo Global de Si Mesmo), ele diz que a desigualdade econômica regional se amplia rapidamente, depois de passar anos encolhendo.

“Mesmo dentro das metrópoles mais dinâmicas, esses ganhos econômicos extraordinários estão se inclinando para um lado só”, escreveu. “E quem tem se saído bem não são capitalistas nem trabalhadores comuns. São os instruídos que dominam as novas qualificações.”

O indiano destaca que, historicamente, os mercados criaram novos empregos à medida que destruíram outros tipos de postos de trabalho. Ocorre que essa renovação não acontece em áreas onde as pessoas não possuem as habilidades necessárias. No livro “Janesville: An American Story” (Janesville: Uma História Americana), a autora Amy Goldstein descreve como alguns dos trabalhadores demitidos quando a fábrica da General Motors em Janesville, Wisconsin, fechou em 2009, nem sequer sabiam usar computadores. O Estado foi um dos redutos onde Donald Trump obteve uma votação tão surpreendente quanto decisiva para levá-lo à Casa Branca, em 2016.

Não raro, também surgem nesse contexto situações esdrúxulas. Uma delas deu-se em 2019, com a tentativa frustrada de construção de uma segunda sede da Amazon, em Long Island, no Estado de Nova York. Ali, seriam criados 25 mil empregos. À primeira vista, a empreitada parecia uma dádiva para uma área empobrecida. Os políticos e boa parte da comunidade, porém, se opuseram ao projeto. Eles concluíram que, despreparados, pouquíssimos moradores do local teriam condições de obter um emprego na gigante do comércio on-line. Assim, o resultado líquido da empreitada seria atrair gente qualificada, provocando um aumento de aluguéis e impostos, algo que expulsaria os moradores antigos da região.

E se esse é o estado das coisas, quais reformas são indicadas pelos liberais? Rajan, por exemplo, defende uma descentralização do processo de tomada de decisões em todas as esferas. Com a globalização, diz, houve uma “hiperinteração da governança”. Agora, seria preciso trilhar o caminho inverso. “No entanto, a devolução do poder não pode parar no nível nacional. As capitais também devem repassá-lo para as comunidades.” A ideia nesse caso é fomentar um “localismo inclusivo”.

Os reformistas apontam ainda que é preciso combater a concentração de mercado, pois ela vem definhando a concorrência de forma permanente. Esse é o tema de Thomas Philippon, economista francês e professor de finanças na Stern School of Business, da Universidade de Nova York. No livro “The Great Reversal - How America Gave up on Free Markets” (A Grande Reversão - Como a América Desistiu dos Mercados Livres), Philippon argumenta que a disputa comercial nos EUA hoje é menor do que na União Europeia, bastante difamada nesse campo. Para ele, isso não resulta de forças naturais, mas de políticas deliberadas. Como resultado, a queda da concorrência aumentou o lucro de uns poucos negócios, mas reduziu salários, enfraqueceu o investimento e prejudicou o avanço da produtividade.

Se há um velho dilema econômico que exige novas abordagens intelectuais, observam os especialistas, esse é o caso da concorrência. O mundo todo patina diante do assunto, ainda que novos regulamentos sejam implementados e discutidos em diversos fóruns. Essa turma considera que a estrutura antitruste existente, criada na década de 1980, não pode lidar com a natureza da concentração de mercado no século XXI.

Hoje, as plataformas tecnológicas desfrutam de novas características operacionais como o “efeito de rede”, a partir do qual quanto mais usuários elas têm, mais oferecem ao próximo cliente. Isso cria uma bola de neve de consumidores atrelados a um só serviço. A disseminação da inteligência artificial tende a dar ainda poder às firmas com acesso a grandes volumes de dados.

Os reformistas liberais acreditam que o problema não deve ser combatido com remédios antigos, como a simples divisão das empresas - algo que ocorreu no passado com a americana AT&T, por exemplo. Para esse grupo de intelectuais, a solução mais efetiva do problema passa por preservar tais redes, mas facilitando o acesso de terceiros a esses sistemas, sejam eles clientes, sejam concorrentes. Mas, se mantida a tendência da posição dos democratas americanos em torno desse assunto, a situação vai ferver para as chamadas “big techs” na gestão Biden. Esses políticos estão na vanguarda do processo de regulamentação do setor nos EUA.

O papel exercido pelas empresas na economia seria outro pilar da pauta do capitalismo pós-covid. Nesse caso, o indiano Rajan recomenda até uma descentralização das ações de responsabilidade social, notadamente dos grandes conglomerados. Isso para que tais iniciativas beneficiem de forma direta as comunidades em declínio. Hoje, elas tendem a favorecer a região onde essas firmas estão instaladas ou seu raio de ação alcança. O mundo corporativo é ainda a base do debate sobre o “stakeholder capitalism” (ou “stakeholderism”, termo que, em geral, tem sido traduzido como “capitalismo das partes interessadas”).

O conceito foi criado no âmbito do Fórum Econômico Mundial, liderado por Schwab, que defende a “reinicialização do sistema”. Ele preconiza que as empresas não podem ser apenas unidades econômicas que geram riqueza. Seu desempenho não pode ser medido somente pelo retorno dado aos acionistas, mas, sim, pela forma como atingem objetivos ambientais, sociais e de governança (três palavras que, em inglês, formam o acrônimo ESG). Ainda que muitos liberais reformistas defendam essa lógica, ela nem de longe é de simples aplicação.

Considerado um marco do “stakeholderism”, em agosto de 2019, os integrantes da Business Roundtable (BRT), uma entidade dos EUA que reúne os presidentes de 181 das maiores empresas do mundo, anunciaram que estavam abandonando a posição segundo a qual “as empresas existem para atender os acionistas”. Para alguns especialistas, contudo, esse é um campo pantanoso e pouco se viu de concreto acontecer desde então. “A ação da BRT foi, principalmente, cosmética”, diz o economista Oliver Hart, da Universidade Harvard, vencedor do Nobel, em 2016.

Hart observa que tal percepção foi corroborada em um estudo de Lucian Bebchuk e Roberto Tallarita, ambos da Harvard Law School. Para analisar o tema, a dupla partiu do pressuposto segundo o qual as decisões corporativas importantes (uma grande aquisição, a alteração de um estatuto ou uma guinada estratégica) devem ser aprovadas pelo conselho de administração dessas organizações. Se a declaração da BRT implicasse mudanças reais nas escolhas e práticas de uma companhia, era esperado que fosse aprovada por esse órgão.

A equipe dos pesquisadores entrou em contato com os escritórios de relações públicas de 173 das 181 empresas que assinaram o manifesto. Do total, 48 responderam, sendo que 47 disseram que o conselho não corroborou a iniciativa dos líderes do BRT. Somente uma delas informou o contrário. Na avaliação de um dos mais influentes economistas brasileiros, que preferiu não se identificar, a verdade é que ainda não está claro para muitas lideranças até que ponto vão as vantagens das ações de ESG (e do “stakeholderism”, por conseguinte). O efeito de longo alcance dessas ações é considerado positivo. No curto prazo, no entanto, sabe-se que as empresas que seguem esses preceitos captam dinheiro mais barato, mas podem ter retornos menores. É esse o dilema.

E não falta matéria-prima para a discussão sobre as reformas do liberalismo democrático. A título de exemplo, elas incluem temas como a elisão fiscal e o combate ao “capitalismo rentista” (em que as elites empresariais e financeiras vivem do monopólio e da competição monopolista), uma bandeira levantada por Martin Wolf, o articulista do “FT”. Alcançam ainda a necessidade de reformas políticas, mesmo em nações desenvolvidas, sem as quais eventuais alterações econômicas terão pouco ou nenhum efeito.

A questão pendente é o que acontece se as mudanças propostas pelos reformistas não ocorrerem ou se, caso implementadas, não derem certo. Quem sairá ganhando? A social-democracia, a esquerda radical? Em termos globais, nada disso, na opinião de Branko Milanovic. Ele considera que pela primeira vez na história da humanidade um só sistema econômico domina o mundo: o capitalismo. Não por acaso, o título de seu último livro é “Capitalismo sem Rivais” (Todavia). Mas o sistema se apresenta hoje a partir de duas embalagens com conteúdo bastante distinto.

Uma delas é a tradicional, baseada no sistema meritocrático liberal. A outra é o “capitalismo político”, cujos expoentes são a China e a Rússia. Nesse segundo molde, adverte Milanovic, não são as elites econômicas que tomam decisões em função de seus interesses, mas uma casta política autocrática. Se a versão liberal recuar, a outra estará pronta para ocupar seu espaço, mesmo em democracias consolidadas como os EUA. Isso pode acontecer? Na avaliação do cientista político Sérgio Abranches, essa não é a tendência, uma vez que, em geral, os populistas não têm sido capazes de entregar o que prometem. Mas ele faz uma ressalva: “Vivemos uma época de inevitável instabilidade, e ela vai permanecer enquanto não forem dadas respostas para os desafios do futuro desde já colocados no presente”.



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