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Crônica de um ano sem Carnaval

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A pandemia de Covid-19 realmente alterou a vida de todos nós. Além do isolamento social, o coronavírus teve o poder de mudar o calendário. Feriados foram antecipados no ano passado e o Carnaval de 2021, cancelado – talvez ocorra em julho, o que não é a mesma coisa. Nesses dias em que o brasileiro estaria nas ruas, nos blocos, em que as escolas de samba estariam desfilando, o que se vê são ruas vazias, algo realmente inédito.

Não deixa de ser simbólico, o vírus mostrou sua força matando milhões de pessoas no mundo, driblando a ciência com suas mutações e cancelando a maior festa popular do mundo. Brasil sem Carnaval é um tanto como Piu-piu sem Frajola, fubebol sem bola, Romeu sem Julieta. 

E isto nos leva a refletir sobre ciência, medicina, economia, já que não podemos ir para as ruas, nem sequer para protestar contra um governo notadamente incompetente no combate à pandemia, negacionista (ou a cloroquina realmente funciona contra o vírus?). Não podemos sambar nem protestar, temos que confiar no que dizem os epidemiologistas e médicos, porém nem o discurso deles é coerente e alinhado, há ainda muita desinformação, agora nos dizem para usar não uma, mas duas máscaras. Máscaras, aliás, sempre foram a graça do Carnaval das antigas, com Pierrots e Colombinas. Hoje simbolizam higiene, segurança, mas distanciam as pessoas, não é mais possível ver sorrisos ou outras expressões de sentimentos.

Ainda não sabemos a real causa da pandemia, se foi mesmo uma contaminação a partir de animais em um mercado do interior da China, se foi “vazado” de laboratório, mas o que dá para compreender é que a humanidade ainda não está preparada para responder com rapidez a este tipo de situação. Os lockdowns que nos foram impostos afetam seriamente a economia, empresas quebraram ou estão quebrando por conta da falta de atividade, outras, é verdade, estão lucrando ainda mais, mas na conta final, há uma retração importante da economia, em todo mundo.

Ao fim e ao cabo, a Covid-19 provocou o maior esforço conjunto dos cientistas de todo mundo para achar vacinas e tratamentos eficazes, porém ainda não está claro se eles foram bem sucedidos, em função das recentes mutações do vírus. A verdade é que a vida social dificilmente será como antes da pandemia, ainda que surjam vacinas de fato eficientes. O vírus que cancelou o Carnaval mostrou que tem força para mudar o mundo, e isto talvez seja até positivo, porque estamos agora mais atentos, mais espertos e mais cuidadosos do que antes. Mas, sim, queremos Carnaval! (por Luiz Antonio Magalhães em 14/2/21)



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