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Clássico de King reaparece em nova versão para streaming
Baseado em um livro de 1978 do escritor Stephen King, a série Stand é na verdade a segunda adaptação da obra original para televisão e foi lançada no ano passado por motivos óbvios, dada a sua temática. A Dança da Morte, tradução brasileira do texto de King na qual Stand se baseia, basicamente narra a saga dos sobreviventes do Capitão Viajante, nome dado ao vírus que dizimaria praticamente toda a população da Terra em poucos meses. Ou seja, uma espécie de coronavírus, mas bem mais letal.
A trama, que se passa nos Estados Unidos, na verdade vai muito além do que se vê em filmes e séries sobre pandemias. Em Stand, no fundo, o Capitão Viajante é um mero gancho. Assim como no livro, a narrativa acompanha a trajetória de alguns personagens centrais, todos naturalmente sobreviventes e imunes ao vírus: Stu Redman (James Marsden), que estava junto ao primeiro contaminado, no Texas, Frannie Goldsmith (Odessa Young), uma universitária do estado de Maine e ex-babá do estranho Harold Lauder (Owen Teague), o músico de Nova York Larry Underwood (Jovan Adepo), o surdo-mudo Nick Andros (Henry Zaga), a “índia” Ray Brentner (Irene Bedard), Nadine Cross (Amber Heard), achada por Larry no meio da trama com uma criança traumatizada e apelidada por ela de Joe, e, um intelectual cínico, Glen (Greg Kinnear).
Há outros personagens secundários, mas é em torno destes que a série gravita. Esses sobreviventes recebem, nos primeiros episódios, chamados em seus sonhos, seja de Mãe Abigail (Whoopi Goldberg) ou de Randall Flagg, o “homem negro” (Alexander Skarsgaard), que representam as forças do bem e do mal. Abigail, uma bela atuação da veterana Woopi, convoca seu time para a cidade de Boulder, no Colorado, ao passo que Flagg cria uma autocracia em Las Vegas, em Nevada.
A partir de um certo ponto, depois da primeira metade dos episódios, Stand vai alternando os acontecimentos em Boulder, onde há alguns representantes plantados por Flagg para dizimar os sobreviventes que escutaram o chamado de Abigail, com o espetáculo de horrores da New Vegas, onde impera o sexo livre, uso de drogas, álcool, muita violência e culto à personalidade do criador desta “nova sociedade” repleta de vícios (o que não deixa de ser uma ironia fina, afinal, a “new” não deixa de ser tão diferente assim da “old” Vegas).
Sem spoilers, o encaminhamento dado à série pelos seus produtores e roteiristas, entre eles Owen King, filho do autor, vai tomando um rumo que aparenta ser uma mera luta entre mocinhos e bandidos, com uma sequência de reviravoltas, traições, muito suspense em um ritmo, no entanto, arrastado para o que se vê atualmente nos canais de streaming.
O problema é que o final surpreende, trazendo uma reflexão interessante – aliás, a série como um todo traz: em um momento-limite, de tensão e necessidade de escolhas, como é o caso deste mundo pós-apocalíptico apresentado em Stand, que rumo tomamos? O do bem, da reconstrução dos valores perdidos, restauração daquilo que possivelmente provocou a situação? Ou será que o mal atrai mais com suas promessas de verdadeira liberdade e felicidade sem limites?
Ao fim e ao cabo, quem gosta dos best sellers de King, como o autor destas linhas, vai aprovar a série, mas muita gente também vai torcer o nariz e ver oportunismo em seu lançamento neste momento de pandemia. De qualquer forma, #ficaadica (Por Luiz Antonio Magalhães em 15/2/2021)
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