Primeiro texto do Gabriel: primoroso, vale a leitura!
No mínimo, impactante
Extraordinário (título brasileiro) é um longa-metragem de qualidade para assistir sozinho ou com a família, que possibilita ao espectador muitos momentos de reflexão frente as situações que a vida, inevitavelmente, nos apresenta.
O filme consiste no recorte de um ano da vida de August Pullman, uma criança de dez anos portadora da síndrome de Treacher Collins, que causa deformidades craniofaciais. Apesar disso, o enredo não se desenvolve pelo caminho óbvio, contando mais uma história de superação de uma doença, mas sim a partir de um panorama maior, que envolve toda a família e seus relacionamentos. Ainda que deixe uma clara impressão de que foi produzido a partir de uma história real, o filme é na verdade, baseado no livro de R. J. Palacio,
A narrativa escrita e desenvolvida pelo diretor Chbosky, diga-se, perspicaz e, por isso proveitosa além do esperado, ocorre exatamente no ano em que o personagem principal vai passar a frequentar uma escola de maneira regular, após ter sido alfabetizado em sua casa.
Momentos como este geram muita insegurança e ansiedade e aqui já é possível destacar uma lição: a vida sempre apresenta circunstâncias que podem aflorar tais sentimentos independentemente da idade. Seja a entrada em uma escola nova, um emprego novo, um empreendimento novo ou ainda ter de lidar com os avanços tecnológicos.
Estrelado por dois atores já consagrados pela crítica, Owen Wilson e Julia Roberts, interpretam Nate e Isabel, pais de Auggie, que o amam incondicionalmente e oferecem todo apoio necessário para que a criança enfrente os percalços que a vida e a sociedade apresentam, principalmente devido a sua condição física. O mundo das crianças pode ser muito mais cruel que o dos adultos.
Uma segunda lição merece destaque também: as diferentes perspectivas sobre a mesma narrativa evidenciam que toda história tem, no mínimo, duas ou mais versões. Chbosky consegue conduzir o desenrolar da trama com maestria, oscilando entre formas claras, como o caso da irmã de Auggie que se sente desprezada em função do irmão, ou da mãe que interrompeu sua carreira para cuidar do filho e, ainda, de forma sutil, quando permite ao espectador conhecer a razão pela qual Jack, o primeiro amigo de Auggie na escola, fala mal dele. E assim torna latente o pensamento no espectador de que a empatia é essencial para o convívio em sociedade.
Além das reflexões apresentadas neste texto, a película expõe muitas outras, cena a cena, trazendo lições importantes que não só podem como devem ser aplicadas em nosso cotidiano. E para fechar essa recomendação, fica a dica: a essência vale muito mais que a aparência! (Por Gabriel Spezia em 13/2/2021)
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