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Dica da Semana: Messiah, série, Netflix

Da Newsletter da LAM Comunicação.

Polêmica, produção discute religião e política 

Em cartaz desde janeiro no líder mundial de streaming, Messiah já provocou muita polêmica nas redes sociais, enfurecendo muçulmanos de todo o mundo árabe. Tendo o Oriente Médio e EUA como palco, a série se propõe a trazer uma visão sobre a complicada relação dos países da região com os americanos.

Antes mesmo de sua estreia, uma petição pedia o cancelamento da série. Dirigida e criada por Michael Petroni, Messiah é daquelas séries que se assiste maratonando. São 10 episódios e todos terminam de forma que o público já queira passar para o próximo, truque comum neste tipo de produção.

Sem spoilers aqui, é possível dizer que tudo começa logo após uma tempestade de areia impedir um iminente ataque do Estado Islâmico na capital - uma tempestade real atingiu a Síria em 2015 e provocou um cessar fogo durante algum tempo. Na série, o acontecimento é atribuído a um homem que, pelas ruas da cidade, vai se anunciando como uma espécie de Messias. Ao passo em que outros “milagres” vão acontecendo, a situação vai sendo tratada como uma segunda vinda de Jesus Cristo e isso, é claro, chama a atenção principalmente da América do Norte.

O nome Al Masih é usado para se referir ao homem (vivido pelo ator Mehdi Dehbi). A comunidade islâmica rechaçou a produção por falar da “segunda vinda de um messias” usando para isso o nome “Al Masih” que não está ligado a esferas positivas e sim ao que seria a vinda do anticristo. 

A parte americana da história fica a cargo da agente da CIA Eva Geller (Michelle Monaghan). Ela tem um passado dramático e uma vida infeliz e se vê a frente do caso que investiga o suposto profeta. Conforme o homem se torna famoso, seus milagres se espalham nas redes sociais (inclusive sua aparição em uma pequena cidade do Texas, dizimada por um tornado, e uma emblemática caminhada pelas águas do Monumento de Washington).

Messiah foi criada com uma tentativa de discutir a relação entre fé, política e mídia. Al Masih faz seus milagres em frente a dezenas de celulares e logo autoridades do mundo inteiro se interessam em compreender o fenômeno de sua popularidade, que recebe ampla cobertura da mídia internacional, representada pela CNN. 

O maior problema da série está no desenlace da trama, que decepciona pela falta de verossimilhança. Ainda assim, vale assistir Messiah por sua trama, diálogos, muitos retirados de textos religiosos, como a Bíblia, Alcorão e Torá. E também pelo suspense em torno do suposto messias, que só termina no último episódio, apesar de decepcionar os espectadores. De qualquer forma, #ficaadica! 

(Por Luiz Antonio Magalhães em 7/2/2021)



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