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Alckmin está virando o rei Midas às avessas

O candidato do PSDB à presidência da República, ex-governador Geraldo Alckmin, sempre foi considerado um homem de sorte. Venceu eleições sucessivamente até ser escolhido para compor a chapa de Mário Covas como vice-governador. Estava no lugar certo, na hora certa: o titular morreu em circunstâncias dramáticas, delegando parte de seu cacife político para o sucessor, que por conta disto conseguiu reeleger-se para mais quatro anos frente ao governo de São Paulo.

Desde que se tornou candidato à presidência, porém, a sorte acumulada parece ter virado pó. Há três meses, o ex-governador bate em Lula dia sim e no outro também, e o resultado foi o crescimento do presidente nas pesquisas de opinião. Neste fim de semana, Alckmin até tentou surfar na onda e defender Ronaldo Fenômeno na bola dividida que o craque teve com o presidente Lula. Não adiantou muito: a julgar pela matéria do jornal O Estado de S. Paulo deste domingo, reproduzida abaixo, em outubro, apesar das rusgas, o atacante Ronaldo vai votar em Lula.

'O Ronaldo vai votar no Lula'

Seu Nélio, pai do atacante, diz que é fã do presidente, entrega o voto do filho e desentendimento acaba em pizza

Antero Greco, Jamil Chade, ENVIADOS ESPECIAIS, KŒNIGSTEIN

A trombada entre Ronaldo e o presidente Lula terminou em pizza light. O chefe de Estado enviou o ministro dos Esportes para visita de cortesia à seleção e o atacante colocou em seu site ponto final na discussão em torno de excesso de peso ou sobriedade. Até Nélio, pai do astro, entrou em cena, na operação abafa, com uma 'revelação' definitiva. "O Lula é meu ídolo. Votei nele, vou votar de novo e meu filho também vai." O mal-estar começou na quinta-feira, com a videoconferência entre Lula e a delegação brasileira. Durante o bate-papo, o presidente perguntou a Parreira se era verdade que Ronaldo estava gordo. Na hora, o treinador riu, disse que não era nada daquilo e aparentemente o episódio passou batido. Menos para Ronaldo. No dia seguinte, o artilheiro devolveu a farpa, em forma de crítica à imprensa. "Ele disse que estou gordo, assim como dizem que ele bebe pra caramba. Tanto é mentira que estou gordo, como deve ser mentira que ele beba pra caramba." Pronto, a saia ficou mais justa....

O episódio ganhou tamanha repercussão que jornalistas estrangeiros buscavam informações sobre o fato e pediam até para saber qual era "exatamente o nome completo do presidente brasileiro".

Ontem, em Kõnigstein onde o Brasil treina, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, fez visita oficial à seleção e deu o primeiro passo para o ponto final no caso.

Ronaldo, após o treinamento, permaneceu com a família nas arquibancadas do campo. Depois de ter sido apontado como gordo, de ter tido bolhas nos pés, de ser poupado de treinos por resfriado e de responder ao presidente, o atacante recebeu o carinho de sua mãe, dona Sônia, e foi o último a deixar o local de treinamento.

O pai do atacante, seu Nélio, garantiu que não acompanhou o diálogo pela imprensa entre seu filho e o presidente. Mas deu sua opinião e rasgou elogios a Lula. "Lula é um grande presidente e não falaria nada sobre isso. Para mim, o Lula é um dos melhores presidentes que o Brasil já teve. Voto nele e vou continuar votando nele. Para mim, ele é um ídolo brasileiro do povo", afirmou. "O Ronaldo também vai votar nele." Passados alguns minutos, seu Nélio mudou de idéia e resolveu dar palpite sobre a conversa entre Lula e Parreira. "Acho que ele (Lula) só foi infeliz (na pergunta)." Antes de se despedir dos jornalistas, ainda teve tempo para dizer que Ronaldo vai arrebentar na Copa e "fazer uns oito gols contra a Croácia".

Orlando Silva também fez de tudo para dar o embate por encerrado. Ao visitar a seleção, afirmou que o objetivo era trazer "um abraço" do presidente. "O presidente Lula adora o Ronaldo."

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