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E começa o ano eleitoral: o que esperar?

Abertura da News da LAM Comunicação, boa leitura e ótimo domingo a todos.

Neste estranho ano, o Brasil terá eleições municipais, cujo resultado deverá influenciar o jogo político de 2021 e do decisivo ano seguinte, quando acontecem as eleições para presidente. Estranhamente, tanto o presidente Jair Bolsonaro, sem partido atualmente, e o PT, seu principal opositor, estão sem candidatos fortes nas principais capitais do país.
Em São Paulo, o PT lançou um candidato fraco, Jilmar Tatto, ao passo que Bolsonaro nem tem candidato firme, talvez o eterno cavalo paraguaio Celso Russomano seja o seu representante na eleição. No Rio de Janeiro, a direita também não tem um candidato natural e lá quem lidera é Eduardo Paes, ex-prefeito que passou relativamente ileso na Lava Jato, ao passo que o PT indicou Benedita da Silva, hoje em quarto lugar nas intenções de voto. Outras capitais estão com o mesmo cenário, sem candidatos fortes do presidente e do principal partido de oposição.
O que vai acontecer nas urnas é incerto ainda, vai depender muito da evolução da economia, da pandemia de Covid-19, que parece estar muito melhor neste momento, mas também da atuação de Bolsonaro e Lula, que voltou à cena política com um pronunciamento incisivo no dia da Independência. Ambos se parecem, são grandes comunicadores e animais políticos por essência. Não dá para menosprezar a influência de nenhum dos dois, são os antagonistas que importam.
A esquerda parece apostar na candidatura de Boulos em São Paulo e, caso aceite voltar, Freixo no Rio. Uma aposta arriscada porque ambos já fracassaram e são mais do mesmo, velha política de esquerda, nada moderna, que procura apenas marcar posição para em um futuro idílico que não vai existir. Como diz o lúcido economista Plínio de Arruda Sampaio Jr., quadro do PSOL, entre o original e a cópia, melhor ficar com o original, ou seja, Lula e o PT.
No espectro conservador, o problema parece ser a indefinição de Bolsonaro sobre quem apoiar. Joice, em São Paulo, seria a candidata natural, porém ela rompeu com o presidente e tem criticado sua atuação. Ainda assim, será uma candidata forte, com tempo na propaganda eleitoral na televisão e rádio, além de falar muito bem, comunicadora que foi e é. No Rio, não há nenhum candidato que represente o bolsonarismo como Witzel o fez na eleição para o governo, dois anos atrás. Paes hoje parece franco favorito, mas tudo deve ser definido com a campanha em curso. 
Assim, tudo somado, a eleição deste ano deve ser definida apenas na boca da urna, com uma boa chance das forçar conservadoras levarem a maior parte das capitais, na esteira da popularidade do presidente Bolsonaro. Quem viver, verá... (por Luiz Antonio Magalhães em 12/9/20)



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