Abertura da Newsletter da LAM Comunicação nesta semana. Bom feriado e ótima leitura. Dias melhores virão.
O surpreendente anúncio de Deltan Dallagnol de deixar a coordenação da força tarefa da Operação Lava Jato, na terça-feira (1/9), seguida do pedido coletivo de desligamento de oito integrantes da operação em São Paulo, ocorrido na quarta (2/9), suscitou dúvidas sobre o futuro da Lava. Dallagnol saiu alegando questões pessoais – acompanhar o tratamento de saúde de sua filha -, ao passo que o grupo de procuradores afirmou haver "incompatibilidades insolúveis" com a procuradora natural dos casos em São Paulo, Viviane de Oliveira Martinez.
As alegações de Deltan foram recebidas com ceticismo no meio político, a versão corrente é a de que ele percebeu que estava perdendo força e saiu de mansinho também antes que fosse condenado pelo Supremo no processo que responde no caso do famoso power point sobre o ex-presidente Lula. Já os procuradores paulistas foram bem mais diretos e deixaram claro que o desligamento se devia à atuação branda da chefe da operação em São Paulo, que inclusive teria tentado evitar ou adiar as recentes operações que envolveram o tucano José Serra. O duplo movimento, por sinal, revelou a crise da operação: aparentemente, não há mais o comando que havia quando o ex-ministro Moro estava em Curitiba tocando a Lava Jato.
A questão de fundo é muito simples: um dia, a Lava Jato terá que terminar os trabalhos, ainda que nem todos os casos de corrupção no Brasil sejam esclarecidos. Há muitas críticas aos excessos da força tarefa, e várias delas procedem, como no caso da gravação ilegal de conversa entre os ex-presidentes Lula e Dilma. O próprio Dallagnol em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo afirmou que “teria agido diferente” no caso do PPT de Lula, que se tornou um meme nas redes sociais.
Os defensores da operação estão vendo a mão pesada do atual governo no esvaziamento da Lava Jato. Sim, desde a saída de Moro do ministério da Justiça, há um claro movimento neste sentido, o que não deixa de ser irônico, pois muita gente esperava que tal ação por parte da gestão petista, o que não ocorreu jamais, conforme atestado pelo próprio Moro, primeiro a acusar o presidente Jair Bolsonaro de ser contrário à operação. Paradoxalmente, a Lava Jato pode ter seu ocaso sob o governo que se diz honesto, sem quaisquer casos de corrupção – ignorando solenemento o episódio Fabrício Queiroz.
As próximas semanas devem ser decisivas para o futuro da operação, mas tudo que se espera é que casos de corrupção continuem a ser investigados, seja por uma força tarefa, seja pelos meios usuais de investigação, e que os culpados sejam sempre punidos. (por Luiz Antonio Magalhães em 5/9/20)
O surpreendente anúncio de Deltan Dallagnol de deixar a coordenação da força tarefa da Operação Lava Jato, na terça-feira (1/9), seguida do pedido coletivo de desligamento de oito integrantes da operação em São Paulo, ocorrido na quarta (2/9), suscitou dúvidas sobre o futuro da Lava. Dallagnol saiu alegando questões pessoais – acompanhar o tratamento de saúde de sua filha -, ao passo que o grupo de procuradores afirmou haver "incompatibilidades insolúveis" com a procuradora natural dos casos em São Paulo, Viviane de Oliveira Martinez.
As alegações de Deltan foram recebidas com ceticismo no meio político, a versão corrente é a de que ele percebeu que estava perdendo força e saiu de mansinho também antes que fosse condenado pelo Supremo no processo que responde no caso do famoso power point sobre o ex-presidente Lula. Já os procuradores paulistas foram bem mais diretos e deixaram claro que o desligamento se devia à atuação branda da chefe da operação em São Paulo, que inclusive teria tentado evitar ou adiar as recentes operações que envolveram o tucano José Serra. O duplo movimento, por sinal, revelou a crise da operação: aparentemente, não há mais o comando que havia quando o ex-ministro Moro estava em Curitiba tocando a Lava Jato.
A questão de fundo é muito simples: um dia, a Lava Jato terá que terminar os trabalhos, ainda que nem todos os casos de corrupção no Brasil sejam esclarecidos. Há muitas críticas aos excessos da força tarefa, e várias delas procedem, como no caso da gravação ilegal de conversa entre os ex-presidentes Lula e Dilma. O próprio Dallagnol em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo afirmou que “teria agido diferente” no caso do PPT de Lula, que se tornou um meme nas redes sociais.
Os defensores da operação estão vendo a mão pesada do atual governo no esvaziamento da Lava Jato. Sim, desde a saída de Moro do ministério da Justiça, há um claro movimento neste sentido, o que não deixa de ser irônico, pois muita gente esperava que tal ação por parte da gestão petista, o que não ocorreu jamais, conforme atestado pelo próprio Moro, primeiro a acusar o presidente Jair Bolsonaro de ser contrário à operação. Paradoxalmente, a Lava Jato pode ter seu ocaso sob o governo que se diz honesto, sem quaisquer casos de corrupção – ignorando solenemento o episódio Fabrício Queiroz.
As próximas semanas devem ser decisivas para o futuro da operação, mas tudo que se espera é que casos de corrupção continuem a ser investigados, seja por uma força tarefa, seja pelos meios usuais de investigação, e que os culpados sejam sempre punidos. (por Luiz Antonio Magalhães em 5/9/20)
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