O que vai abaixo é o artigo do autor destas Entrelinhas para o DCI. Em primeira mão para os leitores do blog.
Foi dada a largada. Os debates promovidos na última quinta-feira pela TV Bandeirantes entre candidatos à prefeitura das principais capitais de Estado representaram, na prática, o começo da campanha eleitoral. É bem verdade que ainda faltam quase 14 dias para o início da propaganda gratuita no rádio e televisão, mas já é possível, a partir deste primeiro confronto, identificar algumas tendências do processo político-eleitoral em curso.
No caso da capital de São Paulo, há vários aspectos interessantes e que merecem ser analisados com maior profundidade. A maior parte dos jornalistas e políticos que estiveram no estúdio da Bandeirantes saíram de lá decepcionados com o caráter “morno” do debate. De fato, se a comparação for com os encontros entre o presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje candidato do PSDB à prefeitura, então de fato não dá nem para o começo da conversa. Jornalista, em especial, gosta de sangue e a constatação geral foi a de que “faltou emoção” ao programa. Nem sempre, porém, a emoção ajuda a esclarecer o eleitor.
No fundo, qualquer análise séria de um confronto político deste tipo deve levar em conta não apenas a percepção do público sobre os candidatos mas também os objetivos de cada um deles. Muitas vezes, por exemplo, o público percebe uma “derrota” em uma performance que para o candidato e seus marqueteiros representou uma verdadeira vitória.
Em São Paulo, existe um pano de fundo bastante particular nesta eleição, que é o fato de um campo do espectro ideológico (centro-direita) ter lançado dois candidatos distintos, fruto de um racha no grupo que está no poder na prefeitura e no governo do Estado. E este é outro fator importante a ser levado em consideração.
Tudo isto posto, é possível dizer que a candidata do PT, Marta Suplicy, líder nas pesquisas de intenção de voto, tinha como objetivo principal evitar ser transformada em alvo preferencial dos demais candidatos. Paralelamente, Marta tentou adotar uma postura serena, a fim de reduzir a sua rejeição, verdadeiro calcanhar de Aquiles da candidatura. No primeiro caso, acabou bem sucedida porque apenas no final do programa houve um embate mais ácido, com Alckmin. Já a postura, bem mais serena desta vez, ainda sofre um pouco com alguns trejeitos exagerados da ex-prefeita.
Se de forma geral Marta conseguiu cumprir seus objetivos, o mesmo não ocorreu com Gilberto Kassab (DEM). Muito menos conhecido do público, o prefeito tentou polarizar as discussões e fazer do programa uma vitrine da sua gestão. Não conseguiu, pois o debate acabou polarizado entre Marta e Geraldo Alckmin (PSDB). Pior ainda para Kassab, o deputado Paulo Maluf (PP) estava em uma noite inspirada e por diversas vezes roubou a cena não só de Kassab, mas de todos os demais concorrentes.
Alckmin, que está praticamente empatado com Marta, foi mais ousado do que se poderia esperar para alguém que precisará, no segundo turno, do apoio de Kassab. Bateu na administração do prefeito, fez críticas bem duras e diretas à candidata petista e se “reapresentou” ao público. Se não chegou a lembrar o candidato agressivo do primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando desafiou até de forma deselegante o presidente Lula, Alckmin definitivamente provou que não é mais o “picolé de chuchu” de antigamente. Com excelente domínio das regras do debate, bastante didático e fazendo bom uso do tempo que dispunha, Alckmin conseguiu mostrar ao eleitor segurança de que estará no 2° turno.
Paulo Maluf (PP), veterano de campanhas e debates, mostrou que continua em forma. Não fosse o projeto estapafúrdio de tapar os rios Pinheiros e Tietê com uma laje e criar a tal “Freeway” (“6 pistas de cada lado, com velocidade média de 90 km por hora”), até seria possível dizer que Maluf está no jogo e é competitivo. Nitidamente, porém, o deputado está ali para medir o seu espaço político e negociá-lo mais à frente. Com esta perspectiva em mente, talvez seja possível dizer que Maluf foi o grande vencedor da noite. Fez graça, lembrou que não se anda na cidade sem passar por uma obra dele, enfim, o Maluf de sempre. Autêntico, deve seduzir o eleitorado conservador que eventualmente cogitava votar em Kassab ou Alckmin.
Os demais candidatos nitidamente estão fazendo campanha para o legislativo, já com olhos voltados para 2010. Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL) poderão ser bons deputados federais, Ciro Moura (PTC) talvez consiga uma vaga na Assembléia Legislativa. Para eles, aparecer no debate já é lucro, especialmente ao lado dos verdadeiros candidatos... A exceção entre os chamados “nanicos” é Renato Reichmann (PMN). Este ninguém entendeu muito bem o que estava fazendo ali. Talvez tenha apostado com alguém que é capaz de entrar para o folclore político nacional. Se era este o objetivo, começou bem...
Foi dada a largada. Os debates promovidos na última quinta-feira pela TV Bandeirantes entre candidatos à prefeitura das principais capitais de Estado representaram, na prática, o começo da campanha eleitoral. É bem verdade que ainda faltam quase 14 dias para o início da propaganda gratuita no rádio e televisão, mas já é possível, a partir deste primeiro confronto, identificar algumas tendências do processo político-eleitoral em curso.
No caso da capital de São Paulo, há vários aspectos interessantes e que merecem ser analisados com maior profundidade. A maior parte dos jornalistas e políticos que estiveram no estúdio da Bandeirantes saíram de lá decepcionados com o caráter “morno” do debate. De fato, se a comparação for com os encontros entre o presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje candidato do PSDB à prefeitura, então de fato não dá nem para o começo da conversa. Jornalista, em especial, gosta de sangue e a constatação geral foi a de que “faltou emoção” ao programa. Nem sempre, porém, a emoção ajuda a esclarecer o eleitor.
No fundo, qualquer análise séria de um confronto político deste tipo deve levar em conta não apenas a percepção do público sobre os candidatos mas também os objetivos de cada um deles. Muitas vezes, por exemplo, o público percebe uma “derrota” em uma performance que para o candidato e seus marqueteiros representou uma verdadeira vitória.
Em São Paulo, existe um pano de fundo bastante particular nesta eleição, que é o fato de um campo do espectro ideológico (centro-direita) ter lançado dois candidatos distintos, fruto de um racha no grupo que está no poder na prefeitura e no governo do Estado. E este é outro fator importante a ser levado em consideração.
Tudo isto posto, é possível dizer que a candidata do PT, Marta Suplicy, líder nas pesquisas de intenção de voto, tinha como objetivo principal evitar ser transformada em alvo preferencial dos demais candidatos. Paralelamente, Marta tentou adotar uma postura serena, a fim de reduzir a sua rejeição, verdadeiro calcanhar de Aquiles da candidatura. No primeiro caso, acabou bem sucedida porque apenas no final do programa houve um embate mais ácido, com Alckmin. Já a postura, bem mais serena desta vez, ainda sofre um pouco com alguns trejeitos exagerados da ex-prefeita.
Se de forma geral Marta conseguiu cumprir seus objetivos, o mesmo não ocorreu com Gilberto Kassab (DEM). Muito menos conhecido do público, o prefeito tentou polarizar as discussões e fazer do programa uma vitrine da sua gestão. Não conseguiu, pois o debate acabou polarizado entre Marta e Geraldo Alckmin (PSDB). Pior ainda para Kassab, o deputado Paulo Maluf (PP) estava em uma noite inspirada e por diversas vezes roubou a cena não só de Kassab, mas de todos os demais concorrentes.
Alckmin, que está praticamente empatado com Marta, foi mais ousado do que se poderia esperar para alguém que precisará, no segundo turno, do apoio de Kassab. Bateu na administração do prefeito, fez críticas bem duras e diretas à candidata petista e se “reapresentou” ao público. Se não chegou a lembrar o candidato agressivo do primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando desafiou até de forma deselegante o presidente Lula, Alckmin definitivamente provou que não é mais o “picolé de chuchu” de antigamente. Com excelente domínio das regras do debate, bastante didático e fazendo bom uso do tempo que dispunha, Alckmin conseguiu mostrar ao eleitor segurança de que estará no 2° turno.
Paulo Maluf (PP), veterano de campanhas e debates, mostrou que continua em forma. Não fosse o projeto estapafúrdio de tapar os rios Pinheiros e Tietê com uma laje e criar a tal “Freeway” (“6 pistas de cada lado, com velocidade média de 90 km por hora”), até seria possível dizer que Maluf está no jogo e é competitivo. Nitidamente, porém, o deputado está ali para medir o seu espaço político e negociá-lo mais à frente. Com esta perspectiva em mente, talvez seja possível dizer que Maluf foi o grande vencedor da noite. Fez graça, lembrou que não se anda na cidade sem passar por uma obra dele, enfim, o Maluf de sempre. Autêntico, deve seduzir o eleitorado conservador que eventualmente cogitava votar em Kassab ou Alckmin.
Os demais candidatos nitidamente estão fazendo campanha para o legislativo, já com olhos voltados para 2010. Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL) poderão ser bons deputados federais, Ciro Moura (PTC) talvez consiga uma vaga na Assembléia Legislativa. Para eles, aparecer no debate já é lucro, especialmente ao lado dos verdadeiros candidatos... A exceção entre os chamados “nanicos” é Renato Reichmann (PMN). Este ninguém entendeu muito bem o que estava fazendo ali. Talvez tenha apostado com alguém que é capaz de entrar para o folclore político nacional. Se era este o objetivo, começou bem...
Para falar verdade, Luiz, até que eu achei o tal do Reischmann bem articulado, bem informado, do tipo que parece ter ido para a disputa de forma estudada. Com certeza é nanico e só vai ficar ocupando nosso tempo, fingindo que está brigando com gente grande. Mas uma coisa é certa, acho que a pecha de "folclórico" de cara não lhe cabe. Pelo menos não no mesmo nível de um Armando Corrêa ou de um "Marronzinho". Se é que alguém ainda se lembra deles...
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