Pular para o conteúdo principal

Começou o espetáculo

Alguns acham que é um show de horrores. Outros, que se trata do melhor programa cômico em cartaz. Todo mundo diz que não gosta, mas a maioria dá pelo menos uma espiadinha, para rir, chorar ou até para tentar se informar. Sim, já está no ar o programa eleitoral gratuito, que começou nesta terça-feira com a apresentação dos candidatos às vagas nas câmaras municipais. E a verdade é que embora o modelo possa ser bastante aperfeiçoado, ainda é melhor do que o de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, só candidatos que pagam pelo horário têm acesso à propaganda na televisão, o que estabelece uma barreira de entrada bastante importante na política.

É claro que o horário eleitoral obrigatório, assim como o voto obrigatório, é uma ferramenta importante para a conscientização da população, com todos os problemas e distorções que possa haver no sistema. É o momento em que o cidadão se depara com pessoas que pretendem representá-lo, seja no Legislativo ou no Executivo.

Em grande medida, a escolha que cada um faz é baseada na comparação entre os que se apresentam, e nada mais justo que eles possam se apresentar nos meios de comunicação. Talvez o ideal fosse a realização, no horário da propaganda eleitoral, de debates sobre os temas relevantes, escolhidos pelos próprios cidadãos. Nada de marqueteiro, nada de efeitos especiais. Apenas os candidatos, discutindo o futuro das cidades (ou do país).

Evidentemente, este não é o sonho de consumo dos políticos, que adoram marqueteiros porque eles utilizam, a torto e a direito, o velho e bom "método Ricúpero" (o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde).

O Brasil ainda está mais antenado nas Olimpíadas e menos na política (quem sabe agora algum maluco junte as duas coisas e tenha a brilhante idéia de fazer uma campanha pelo "impeachment" de Dunga). Na próxima semana, porém, os jogos terminam e a vida volta ao normal. Antes na novela em que pontifica a bela esposa de Ciro Gomes, agora no papel de malvada, os brasileiros terão alguns minutos para espiar o que estão a dizer os políticos. A partir deste momento, serão praticamente 30 dias de exposição. Em uma campanha curta, é preciso ser bem direto e aproveitar a exposição diária, ou quase, no rádio e televisão. Quem dormir no ponto vai ter que esperar por 2012...

Comentários

  1. No blog do Noblat:http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=o_alvo_da_vez&cod_Post=121080&a=111
    ele diz claramente que "como Lula não caiu, nem mesmo Dilma, só nos resta tentar derrubar Dunga". Até que enfim eles admitem....

    ResponderExcluir
  2. Ousei postar teu comentário em nosso blog: www.guerrilheirosvirtuais.blogspot.com
    Qualquer problema, pls avise que tomamos as providências.
    Saroba

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...