A matéria abaixo, do Terra Magazine, merece ser lida para uma melhor compreensão de como funciona o parlamento brasileiro. Segundo um gaiato que soube do fato, quando o deputado Paulo Renato (PSDB) decidir escrever sobre futebol, vai "consultar" seu amigo Ricado Teixeira; se o assunto for música, "consultará" o eclético Caetano Veloso. Afinal vale o ditado: amigos, amigos, negócios à parte...
Paulo Renato Souza: "não tenho ghostwriter"
Raphael Prado
Um erro da secretária e um grande mal-estar criado. O deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso e uma das maiores expressões do partido, foi convidado a escrever um artigo para a Folha de S.Paulo.
No texto, segundo o jornal - o conteúdo ainda não foi publicado - "o deputado critica a intenção do governo federal de passar o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) para o controle do Banco do Brasil". Mas ao encaminhar o artigo, por e-mail, a secretária não apagou o cabeçalho de uma mensagem anterior: Paulo Renato havia consultado Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, sobre o artigo: "Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação", escreveu ao banqueiro.
- Eu não submeti à aprovação, eu pedi a opinião dele - disse o parlamentar em entrevista a Terra Magazine.
O deputado não vê nenhum problema em ter consultado "um amigo", mesmo que ele fosse dono de um banco privado e que, por esse motivo, pudesse ter interesses no tema de que tratava o artigo. Diz que as idéias que estão ali são dele, Paulo Renato.
- O problema de eu ter pedido a opinião dele (Márcio) não significa que eu fosse adotar a opinião dele. As opiniões que estão ali são minhas. Eu escrevi o artigo. Ninguém escreveu para mim. Eu não tenho ghostwriter , eu sempre escrevo meus artigos.
O erro da secretária tornou pública a consulta e gerou mal-estar para o deputado. Leia a íntegra da rápida conversa com o ex-ministro da Educação:
Terra Magazine - O senhor submeteu seu artigo à aprovação do presidente do Bradesco?
Paulo Renato Souza - Não, não. Essa palavra não é correta. Eu não submeti à aprovação, eu pedi a opinião dele.
Mas o senhor pediu a opinião sobre o conteúdo do artigo.
Exatamente. Ele é meu amigo, eu o encontrei casualmente e estava com o artigo já semi-pronto, então pedi a opinião dele.
O senhor não acha estranho que um deputado federal, de oposição, que está escrevendo um artigo criticando uma política do governo federal, peça uma opinião para um banqueiro?
Não, não acho, não. Porque em primeiro lugar, ele (Márcio) é meu amigo, é uma pessoa da área. E o tema da reestatização tem me preocupado e tem sido objeto da minha ação parlamentar. Eu escrevi um artigo recentemente comparando a Vale à Petrobras, e também entrei com duas ações no Ministério Público contra a compra da Susano pela Petrobras. Esse é um tema com o qual eu tenho trabalhado no meu trabalho parlamentar.
Entendi. Mas, ainda sendo seu amigo, ele não pode ter interesses profissionais sobre esse assunto?
Mas... não... o problema de eu ter pedido a opinião dele não significa que eu fosse adotar a opinião dele. As opiniões que estão ali são minhas. Eu escrevi o artigo. Ninguém escreveu para mim. Eu não tenho ghostwriter, eu sempre escrevo meus artigos.
O que houve? Foi um erro ao encaminharem para a Folha?
Foi a minha secretária que errou. Eu tinha que viajar para Brasília e mandei o artigo para pedir a opinião do Márcio com cópia para ela, pedindo que depois encaminhasse para a Folha. Ela fez o forward, e foi isso. Em vez de escrever um novo e-mail anexando o artigo, ela fez o forward.
Isso criou um mal-estar?
Ah, criou, né? Criou um mal-estar, sem dúvida. Tanto é que você está me entrevistando.
Paulo Renato Souza: "não tenho ghostwriter"
Raphael Prado
Um erro da secretária e um grande mal-estar criado. O deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso e uma das maiores expressões do partido, foi convidado a escrever um artigo para a Folha de S.Paulo.
No texto, segundo o jornal - o conteúdo ainda não foi publicado - "o deputado critica a intenção do governo federal de passar o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) para o controle do Banco do Brasil". Mas ao encaminhar o artigo, por e-mail, a secretária não apagou o cabeçalho de uma mensagem anterior: Paulo Renato havia consultado Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, sobre o artigo: "Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação", escreveu ao banqueiro.
- Eu não submeti à aprovação, eu pedi a opinião dele - disse o parlamentar em entrevista a Terra Magazine.
O deputado não vê nenhum problema em ter consultado "um amigo", mesmo que ele fosse dono de um banco privado e que, por esse motivo, pudesse ter interesses no tema de que tratava o artigo. Diz que as idéias que estão ali são dele, Paulo Renato.
- O problema de eu ter pedido a opinião dele (Márcio) não significa que eu fosse adotar a opinião dele. As opiniões que estão ali são minhas. Eu escrevi o artigo. Ninguém escreveu para mim. Eu não tenho ghostwriter , eu sempre escrevo meus artigos.
O erro da secretária tornou pública a consulta e gerou mal-estar para o deputado. Leia a íntegra da rápida conversa com o ex-ministro da Educação:
Terra Magazine - O senhor submeteu seu artigo à aprovação do presidente do Bradesco?
Paulo Renato Souza - Não, não. Essa palavra não é correta. Eu não submeti à aprovação, eu pedi a opinião dele.
Mas o senhor pediu a opinião sobre o conteúdo do artigo.
Exatamente. Ele é meu amigo, eu o encontrei casualmente e estava com o artigo já semi-pronto, então pedi a opinião dele.
O senhor não acha estranho que um deputado federal, de oposição, que está escrevendo um artigo criticando uma política do governo federal, peça uma opinião para um banqueiro?
Não, não acho, não. Porque em primeiro lugar, ele (Márcio) é meu amigo, é uma pessoa da área. E o tema da reestatização tem me preocupado e tem sido objeto da minha ação parlamentar. Eu escrevi um artigo recentemente comparando a Vale à Petrobras, e também entrei com duas ações no Ministério Público contra a compra da Susano pela Petrobras. Esse é um tema com o qual eu tenho trabalhado no meu trabalho parlamentar.
Entendi. Mas, ainda sendo seu amigo, ele não pode ter interesses profissionais sobre esse assunto?
Mas... não... o problema de eu ter pedido a opinião dele não significa que eu fosse adotar a opinião dele. As opiniões que estão ali são minhas. Eu escrevi o artigo. Ninguém escreveu para mim. Eu não tenho ghostwriter, eu sempre escrevo meus artigos.
O que houve? Foi um erro ao encaminharem para a Folha?
Foi a minha secretária que errou. Eu tinha que viajar para Brasília e mandei o artigo para pedir a opinião do Márcio com cópia para ela, pedindo que depois encaminhasse para a Folha. Ela fez o forward, e foi isso. Em vez de escrever um novo e-mail anexando o artigo, ela fez o forward.
Isso criou um mal-estar?
Ah, criou, né? Criou um mal-estar, sem dúvida. Tanto é que você está me entrevistando.
Isso não é quebra de decoro? Claro que não. É quebra de caráter mesmo!!! Nove em cada dez parlamentares fazem o mesmo: ser serviçal dos interesses privados de grandes corporações é mais do que um costume arraigado, é uma conditio sine qua non para o político sempre contar com o suporte financeiro-midiático dessa elite podre que nunca vai largar o osso, NUNCA!!!! E pensar que esse escroto foi ministro da Educação, aargh....
ResponderExcluirTirando o vacilo do Paulo Renato, tem muito de estranho essa incorporação, sem licitação, do Besc ao Banco do Brasil -- que recebeu um presentão. Não seria melhor fazer uma licitação e retirar o melhor preço?
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