Pular para o conteúdo principal

Luciano Huck: quem escreve o que quer...

Leitores perguntam sobre a polêmica envolvendo o artigo de Luciano Huck. A questão é muito simples: o apresentador tem todo o direito de se indignar e de expressar a sua indignação escrevendo na Folha. Nada contra. O problema é que soa quase que como um acinte um apresentador da TV Globo vir a público reclamar do roubo de seu Rolex, dramatizando um evento banal na vida dos brasileiros que não têm acesso à seguranças, carros blindados e escolta particular.

Luciano Huck é um sujeito de bem, estudou em duas das melhores escolas de São Paulo, tem uma carreira brilhante e suas conquistas foram sempre por méritos próprios. Inteligente que é, deveria ter pensado menos no seu umbigo e deixado o assalto de lado. Poderia também, se é que não o fez, ter telefonado para o seu amigo José Serra, governador de São Paulo, e externado a ele toda a sua indignação com a situação da violência na capital.

Como diz o ditado popular, quem fala o que quer ouve o que não quer. Ferréz e muitos dos leitores da Folha estão dizendo coisas que Huck talvez não quisesse ouvir...

Comentários

  1. verdade. porque jamais a estrela global se manifestou contra a vilência do PCC por exemplo? dos telefonemas de falsos seqüestros à jovens da classe média na sua amada Sampa? dos incêncdios aos ônibus e depredações ao patrimônio? ao aumento da CPMF, aos desvios do dinhreiro público, às falcatruas que prejudicam nós, anônimos???

    ResponderExcluir
  2. Bem, independente da condição social de Luciano,ele é um cidadão como todos nós simples mortais...concordo em gênero e número com ele.Não tenho um rolex e estou muito longe de tê-lo, mas a minha vida é preciosissíma para mim e para os meus...assim como a dele é para ele e sua família. Temos que parar com a hipocrisia de que rico e famoso não pode reclamar quando lhe é permitido!!! Tenho a certeza de que, se fosse qualquer um de nós no lugar dele faria o mesmo ou até mais.
    Tomo as palavras de Luciano não porque é Huck, mas porque é um ser humano cheio de virtudes,defeitos e com todos os direitos que lhe são devidos.
    Cristiane Barreiros,34 anos,professora,Salvador/Ba.

    ResponderExcluir
  3. Consigo entender os sentimentos vivenciados pelo dito apresentador: eu
    também já fui assaltado e só me deixaram com a roupa do corpo. Concordo
    que a segurança pública no Brasil deva ser refeita; reestruturada de tal forma que, além de assegurar a idoniedade física dos punhos da classe A que seguram tão apaixonadamente seus relógios rolex, coiba com rigor os assassinatos, o tráfico de drogas, o tráfico de armas, o contrabando, a corrupção, enfim, a real violência, nas suas mais diferentes formas.

    Não é surpresa que já há algum tempo a violência urbana atingiu todas as classes sociais, incluindo aquela que compra ou é presenteada com relógios rolex. Inúmeros empresários, artistas, políticos, pessoas publicas já foram assaltados, sequestrados e assassinados nos útimos anos. Neste contexto, eu me pergunto: "por que o furto de um relógio está causando tanta celeuma ?" Na tentativa de encontrar a resposta, percebi que o comportamento da imprensa não tem sido, digamos, adequado. É interessante notar que o tema da violência vêm à tona com mais veemência quando um Silvio Santos ou um Washington Olivetto são sequestrados, quando um Tim Lopes é assassinado ou quando um filme de violência estrelado por um ator global faz sucesso. Agora, a vítima da vez é o apresentador, empresário e recém-órfão-de-rolex Luciano Huck.

    Para mim é inaceitável que a imprensa eleja como estopim para discussão sobre a violência no brasil o roubo de um relógio, por mais triste e trágico que isto possa parecer aos olhos e punho do nobre apresentador.
    Além da Segurança Pública, gostaria que fosse rediscutido e reestruturado também o papel dos meios de comunicação, aqueles que manipulam a notícia, dando espaço, imagem e voz aos seus. Neste episódio, algum jornalista na Folha, provavelmente contrário à criação de órgãos regulatórios para sua profissão, presentes em dezenas de outras categorias, decidiu que isto seria notícia e pronto. Agora, qual terá sido o critério adotado para esta decisão? Será que foram os seis milhões de dólares da fortuna pessoal do apresentador? Será que foi a sua notoriedade? Será que foi sua dita competência como empresário e presidente de ONG? Será que foi sua retórica de botequim? Ou será porque temas como este vendem jornal?

    É lamentável que tragédias particulares de personalidades sejam tratadas com mais relevância que tragédias particulares de milhões de outros brasileiros, anônimos, que diariamente têm seus pertences e suas vidas ceifadas. A reestruturação da segurança pública deve privilegiar o todo e não as partes, deve entender com profundidade os problemas e nunca ceder a discursos inflamados de pseudo-intelectuais abastados que utilizam o seu prestígio e a sua fama para divulgar, através da imprensa, seus preconceitos emotivos, distorcendo, em benefício próprio, a realidade.

    Relatos como este e outros milhares que repudiaram a atitude da Folha e do próprio apresentador são encarados pela imprensa, de forma mesquinha e oportunista, como maniqueísmo. Gostaria apenas de uma imprensa isenta e responsável, que não concede espaço a discursos abjetos como este. Numa direção oposta a este meu singelo desejo, a capa da revista Época, com o objetivo claro de socorrer o pobre candidato à chacrinha Luciano Huck, mostra-o inexplicavelmente amordaçado. Acho que não foi bem isso que a Folha fez.

    Encerro este meu enfadonho discurso com uma sugestão à Angélica:
    surpreenda novamente seu marido, contrate um bom profissional para a tradução do artigo do Huck para o alemão, francês e italiano; tente veicular o artigo em algum jornal suiço famoso (deve haver um jornalista sensacionalista de plantão). Quem sabe a opinião pública suíça e até mesmo algum executivo da Rolex se compadeça da triste história do seu marido e o presenteie novamente com um relógio da marca. Desta forma, acredito que, assegurado por toda a comoção nacional provocada pela perda do primeiro rolex, ele possa andar tranquilamente pelas ruas de São Paulo portando o segundo nobre acessório.

    ResponderExcluir
  4. Como alguém pode criticar uma vítima de roubo nesse país!? Seja rico ou pobre, sorte de quem tem um espaço na mídia para colocar a boca no trombone! Quero mais que o Luciano fale mesmo...quem sabe alguém escuta? Ah! Se eu pudesse desabafar como ele...
    Comodismo alguém dizer que o Brasil é assim mesmo! Devemos nos conformar com a violência?
    Devíamos achar ótimo que o assunto da segurança pública está sendo discutido (ou estamos falando sobre o Luciano Huck?).
    E daí se foi um rolex de um milionário famoso ou um relógio qualquer de um brasileiro anônimo? A violência é a mesma, a gravidade é a mesma, o terror é o mesmo e as vidas colocadas em risco são igualmente importantes.
    Palmas para Luciano que perdeu apenas um relógio e resolveu se expor ao escrever um desabafo! Muitos milionários perdem seus relógios e se confortam ao comprar um relógio mais caro no dia seguinte.
    E daí se o artigo foi escrito por alguém que mora numa mansão na Barra da Tijuca, anda num carro mais caro que sua casa e usa um relógio mais caro que seu carro?
    Será que esse artigo não poderia ter sido escrito por um humilde trabalhador remunerado com um salário por mês? É só fazer algumas adaptações, é claro!
    Estamos perdendo o foco da questão...Não gosta do Luciano Huck? E daí? Você não deveria estar falando do problema da segurança pública?
    Talvez seja esse o grande problema do Brasil: um bando de alienados que preferem discutir a vida de um famoso ao questionar sobre os rumos do país.
    Acordem agora ou durmam para sempre no próximo assalto ali da esquina!

    ResponderExcluir
  5. Achei muito legal a iniciativa de Lucinao Huck de escrever este artigo. Acho que denúncias públicas são sempre válidas. Concordo, no entanto, que o tom drámático do seu artigo foi extremamente ridículo e "acintoso" como bem esvreveu o sr. Luís Antonio. O artigo foi válido também porque ironicamente mostrou que talvez o crime no nosso país seja o que há de mais democrático. De ricos e famosos a pobres favelados, niguém escapa.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue...

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...