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Bob Jefferson e a próxima vítima

Abaixo, a segunda reflexão da repórter do DCI:

Vamos concordar: Roberto Jefferson é quase um folclore na tentativa de ser história. Ele veio a São Paulo prestigiar Romeu Tuma. Com a entrada do senador paulista no partido, o PTB tem agora 10% do Senado para "trabalhar" suas propostas. Talvez isto tenha mobilizado Bob Jefferson a viajar em uma segunda-feira chuvosa na capital paulista.

Mas vamos concordar: Roberto Jefferson é antes de tudo um humilde. Começou sua oratória reconhecendo que somos todos humanos com virtudes e defeitos. E assim também era o PTB, cheio de virtudes e defeitos. Mas Bob ressaltou que, diferentemente das demais siglas, o PTB não se vende para votar com o governo. E não se entrega por tentações menores - Freud talvez explique.

Durante o "batismo" – como chamou as boas-vindas a Tuma –, Jefferson narrou novamente o percurso que percorrem aqueles que caminham para colocar a cabeça na guilhotina. O problema, disse o líder trabalhista, é que os carrascos neste caso são seus pares... E para ser julgado pelos pares é preciso ter nervos de aço. De aço mesmo, deputado.

Relatando sua história e a de seu amigo Fernando Collor, Bob lembrou da solidão que passam os que são abandonados no final. Abandonados pelos amigos. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deveria ter ouvido tal discurso. Jefferson contou que ficava com Collor até as 5h30 em sua casa. Ao seu lado, em um gesto de lealdade canônica, para depois ver no Congresso os mesmo que lhe apertavam a mão e sorriam na noite anterior votarem pela cassação

Se a história se repete como farsa, a temporada de apostas está aberta. Não, não é sobre quem será o próximo presidente do Senado, mas sobre quem será a próxima bola da vez. A próxima vítima...

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