Agora que a poeira começa a baixar, este blog finalmente vai analisar a pesquisa Ibope sobre o cenário pre-eleitoral da sucessão de Lula. Praticamente todos os jornais e portais da internet destacaram a subida de Ciro Gomes (PSB) e a "estréia" de Marina Silva (PV), que já chega a 6% das intenções de voto. São fatos importantes, mas a maior novidade foi ocultada das análises. O que chama atenção mesmo é a queda de José Serra (PSDB) na pesquisa. Sim, porque o governador de São Paulo está mudando de patamar - sempre esteve perto dos 40%, tendo até obtido intenção de votos superior aos 40% e agora aparece com 34%, muito mais perto da casa dos 30%, um nível perigoso e que pode até tirá-lo do segundo turno, caso a disputa de 2010 acabe embolada. Serra está preocupado, a nota abaixo, da jornalista Mônia Bergamo, publicada nesta quinta-feira na Folha de S. Paulo mostra bem isto.
O efeito recall de Serra é muito forte e todo político experiente sabe que quando a campanha eleitoral de fato começar, este ganho acaba e o que vale mesmo é a campanha em si, o programa na televisão e o discurso do candidato. Serra não tem hoje uma fórmula para apresentar aos eleitores - apostava na crise econômica para vender a ideia de que é o único capaz de gerenciar os problemas do país. Só que a crise não é, até o momento, um problema grave para o governo, ao contrário, a candidata de Lula poderá passar a campanha afirmando que o atual governo "venceu a guerra", ao passo que o tucanato sempre perdeu. Se optar por uma campanha parecida com a que realizou para o governo de São Paulo, baseada na sua própria biografia e sem entrar em bolas divididas, Serra vai perder espaço, pois a boa gestão no ministério da Saúde não é suficiente para contrabalançar os pontos negativos de seu governo em São Paulo - segurança pública à frente.
Comparativamente aos outros candidatos, é complicada a situação da oposição, pelo menos em termos do discurso possível neste momento. Ciro vai se apresentar como alternativa à Dilma, mas seguindo os passos de Lula. Ele dirá que é o mais viável na base governista, aquele que pode dar continuidade e melhorar o que está indo bem. Marina também já tem um discurso pronto, com foco no meio ambiente, mas trazendo para a sua candidatura a áura de "petista pura", ética e capaz justamente de adequar o bom governo de Lula (estão aí os 80% de aprovação que não deixam mentir) aos padrões éticos que uma parcela do eleitorado gostaria de ter no país. Heloísa Helena não será candidata, mas se por acaso mudar de ideia, disputaria com Marina esta mesma faixa do eleitorado. Dilma, é claro, vai colar em Lula, é a candidata da continuidade pura e simples.
Assim, é bom mesmo José Serra se preocupar com a queda expressiva de suas intenções de voto e procurar elaborar um discurso e plataforma coerentes para tentar manter o favoritismo que hoje possui. Não será nada fácil, porque, aliado ao DEM, sua candidatura pende para a direita, e o momento político latino-americano não está nada favorável a discursos conservadores ou liberais. O que está vindo com força no imaginário popular, ao contrário, é a crença no Estado como fomentador do desenvolvimento e regulador da iniciativa privada. Serra pode até pensar assim, de fato é um economista que sempre acreditou na teoria keynesiana, mas terá dificuldade de se apresentar desta maneira ao lado dos Bornhausens, Heráclitos, Demóstenes e outros democratas menos cotados, para não falar na "ala serrista" do PMDB, que traz dinossauros das mais variadas espécies. O jogo parece fácil para Serra, mas uma análise mais profunda revela que as dificuldades estão só começando.
A seguir, o texto de Mônica Bergamo.
MONTANHA-RUSSA
A comparação entre a pesquisa de ontem e os números divulgados pela mesma CNI em junho mostra que Serra caiu de 38% para 34%. Os técnicos e o governador, no entanto, trabalham com um número maior, já que comparam os dados com o de outra sondagem do Ibope, mais recente, feita entre 29 de agosto e 1º de setembro por encomenda do PMDB. Nela, Serra aparecia com 41%, Dilma com 13%, Ciro Gomes com 14%, Heloísa Helena com 9% e Marina Silva com 3%. Em relação aos números divulgados ontem, portanto, Serra caiu sete pontos, Dilma, Ciro e Heloísa Helena se mantiveram no mesmo patamar e Marina Silva dobrou de tamanho, para 6%.
O efeito recall de Serra é muito forte e todo político experiente sabe que quando a campanha eleitoral de fato começar, este ganho acaba e o que vale mesmo é a campanha em si, o programa na televisão e o discurso do candidato. Serra não tem hoje uma fórmula para apresentar aos eleitores - apostava na crise econômica para vender a ideia de que é o único capaz de gerenciar os problemas do país. Só que a crise não é, até o momento, um problema grave para o governo, ao contrário, a candidata de Lula poderá passar a campanha afirmando que o atual governo "venceu a guerra", ao passo que o tucanato sempre perdeu. Se optar por uma campanha parecida com a que realizou para o governo de São Paulo, baseada na sua própria biografia e sem entrar em bolas divididas, Serra vai perder espaço, pois a boa gestão no ministério da Saúde não é suficiente para contrabalançar os pontos negativos de seu governo em São Paulo - segurança pública à frente.
Comparativamente aos outros candidatos, é complicada a situação da oposição, pelo menos em termos do discurso possível neste momento. Ciro vai se apresentar como alternativa à Dilma, mas seguindo os passos de Lula. Ele dirá que é o mais viável na base governista, aquele que pode dar continuidade e melhorar o que está indo bem. Marina também já tem um discurso pronto, com foco no meio ambiente, mas trazendo para a sua candidatura a áura de "petista pura", ética e capaz justamente de adequar o bom governo de Lula (estão aí os 80% de aprovação que não deixam mentir) aos padrões éticos que uma parcela do eleitorado gostaria de ter no país. Heloísa Helena não será candidata, mas se por acaso mudar de ideia, disputaria com Marina esta mesma faixa do eleitorado. Dilma, é claro, vai colar em Lula, é a candidata da continuidade pura e simples.
Assim, é bom mesmo José Serra se preocupar com a queda expressiva de suas intenções de voto e procurar elaborar um discurso e plataforma coerentes para tentar manter o favoritismo que hoje possui. Não será nada fácil, porque, aliado ao DEM, sua candidatura pende para a direita, e o momento político latino-americano não está nada favorável a discursos conservadores ou liberais. O que está vindo com força no imaginário popular, ao contrário, é a crença no Estado como fomentador do desenvolvimento e regulador da iniciativa privada. Serra pode até pensar assim, de fato é um economista que sempre acreditou na teoria keynesiana, mas terá dificuldade de se apresentar desta maneira ao lado dos Bornhausens, Heráclitos, Demóstenes e outros democratas menos cotados, para não falar na "ala serrista" do PMDB, que traz dinossauros das mais variadas espécies. O jogo parece fácil para Serra, mas uma análise mais profunda revela que as dificuldades estão só começando.
A seguir, o texto de Mônica Bergamo.
MONTANHA-RUSSA
A comparação entre a pesquisa de ontem e os números divulgados pela mesma CNI em junho mostra que Serra caiu de 38% para 34%. Os técnicos e o governador, no entanto, trabalham com um número maior, já que comparam os dados com o de outra sondagem do Ibope, mais recente, feita entre 29 de agosto e 1º de setembro por encomenda do PMDB. Nela, Serra aparecia com 41%, Dilma com 13%, Ciro Gomes com 14%, Heloísa Helena com 9% e Marina Silva com 3%. Em relação aos números divulgados ontem, portanto, Serra caiu sete pontos, Dilma, Ciro e Heloísa Helena se mantiveram no mesmo patamar e Marina Silva dobrou de tamanho, para 6%.
Não descarte a hipótese de manipulação da pesquisa em favor de Serra. O site de PHA traz a análise de um comentarista que teve o cuidado de ler os prospectos dessa pesquisa do Ibope, e demonstrou que o número de pesquisados com curso superior foi violentamente alterado, desfavorecendo assim o peso dos eleitores de baixa renda, potenciais apoiadores do candidato de Lula. Montenegro, presidente do Ibope, tem se mostrado um cabo eleitoral de Serra, proclamando a vitória do governador com antecedência. Enfim, não deixe de incluir em suas análises essa variável da manipulação das pesquisas, sobretudo em se tratando do Ibope.
ResponderExcluirOlha, a patuléia não está nem aí para essas pesquisas, nós, do andar do limo, nem sabemos quem são essas criaturas citadas em qualquer tipos de pesquisas, isso é tudo mentira, não vale para nada, somente serve para conversa fiada, no dia D as coisas serão totalmente diferente, ainda mais com o advento desse novo canal internet...
ResponderExcluirVamos observar a massa blogueira, coisa nova nesse mundo de mentiras!!!
Leia a entrevista de Chalita hoje no Estadão e confirme o que tode mundo sabe sobre o caráter de tal pessoa, agora com a visão de alguém que veio desse ninho. Essa também é a comprovação de que a mídia está ligada a tal pessoa, uma vez que o comportamento dela passou a ser idêntico ao do candidato em questão.
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