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Acabou a recessão, marolinha já passou

Se o presidente Lula for esperto, e até o mais renhido oposicionista reconhece que ele é, usará na campanha de 2010 o mote da marolinha para mostrar ao povão que a crise no Brasil pegou bem pouco, foi muito mais branda do que esperavam os economistas-catastrofistas de plantão. Mais: vai forçar a comparação com a gestão Fernando Henrique Cardoso, quando qualquer marolinha lá fora se tornava um tsunami aqui dentro. A notícia abaixo está em todos os portais, aqui na versão do UOL. A recessão acabou e o crescimento deste trimestre foi bastante vigoroso. O país está saindo bem da crise e se não houver um recrudescimento dos problemas nos EUA, 2010 deve ser mais um ano de crescimento econômico.

PIB do Brasil cresce 1,9% no 2º trimestre, e país sai da recessão

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no segundo trimestre deste ano, em relação ao primeiro, para R$ 756,2 bilhões (veja gráfico ao final do texto).
Segundo informou nesta sexta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em relação ao segundo trimestre de 2008, houve queda de 1,2%.
Com isso, o país pôs fim a um ciclo usualmente chamado de "recessão técnica" - caracterizada pela queda do PIB por dois trimestres seguidos. Não significa que a economia já tenha se recuperado da crise, mas sim que se encerrou um momento de retração.
Recessão ocorre quando a atividade econômica (produção, consumo, emprego) está em baixa. A crise econômica global está causando recessão em diversos países do mundo, inclusive nos ricos.
No primeiro trimestre deste ano, a economia brasileira havia caído 0,8%, logo após uma queda de 3,6% observada no quarto trimestre de 2008.
A notícia de que o Brasil saiu da recessão já era esperada pelo mercado, pois o governo já dava sinais de otimismo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na semana passada que o crescimento do PIB seria de 1,8% a 2% entre abril e junho e também afirmou que em julho e agosto o país deu um salto na atividade econômica motivado pela produção industrial, que voltou a expandir-se, e pelas medidas de incentivo ao consumo.
Segundo pesquisa com 25 economistas feita pela Reuters, a expectativa era que o PIB crescesse 1,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, mas mostrasse queda de 1,5% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
Componentes do PIB
No segundo trimestre, o consumo das famílias cresceu 2,1%, enquanto os gastos do governo caíram 0,1%. A formação bruta de capital fixo, ou investimento, permaneceu estável, sem variação. As exportações cresceram 14,1% e as importações subiram 1,5%.
Comparado com igual período de 2008, apenas o setor se serviços apresentou crescimento, de 2,4%. A indústria teve queda de 7,9% e a agropecuária registrou perda de 4,2%.
O consumo das famílias cresceu 3,2%, a 23ª expansão neste tipo de comparação. Segundo o IBGE, contribuiu para este resultado a alta de 3,3% no rendimento real dos salários no segundo trimestre de 2009. Ainda, as operações de crédito para pessoa física cresceram 20,3% no período.
O gasto do governo expandiu-se 2,2%, mas o investimento recuou 17%, a maior queda desde o início da série, em 1996. A redução é explicada pela redução na produção interna de máquinas e equipamentos.
As exportações caíram 11,4% e as importações decresceram 16,5%.
Previsões
Para o fim do ano, o mercado espera, segundo boletim Focus divulgado pelo Banco Central, que o PIB brasileiro termine com queda de 0,16%. Para 2010, a previsão é bem mais positiva, de expansão de 4%.
Mais otimista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que espera uma expansão de 5% para a economia brasileira no ano que vem, impulsionada pelo aumento do emprego no país.
PIB no mundo
O Brasil é um dos poucos países que conseguiram sair rapidamente da recessão. Entre os resultados que já foram divulgados, o PIB do Canadá caiu 3,2% no 2º trimestre, o PIB dos EUA recuou 1%, o PIB espanhol desceu 1,1% (somando 4 trimestres consecutivos de baixa) e o PIB da zona do euro caiu 0,1%.
Por outro lado, no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) de Japão, Alemanha e França voltou a subir no período de abril a junho, 0,6%, 0,3% e 0,3%, respectivamente, fato que marca o fim da recessão. Os três países são, nesta ordem, a segunda, a quarta e a quinta maiores economias do mundo.

Comentários

  1. Gostei dessa construção sua, de que hoje o tsumani lá fora é marolinha aqui dentro, enquanto com FHC a marolinha externa virava tsunami interno. O que é possível ver, quase duas horas após a divulgação, é o sumiço dos comentaristas nos sites da Folha e do Estadão. Os opositores devem estar se mordendo... O que vai falar aquele cara dos cálculos absurdos da Fiesp (que fez uma conta para "provar" que o Brasil fora o 2º mais afetado pela crise)? Se optarmos por sua fórmula básica de entender o PIB, teríamos, segundo ele, uma "recuperação" de 5,3 pontos desde o início da crise (-3,4% do 4º tri de 2008 + 1,9% do 2º tri de 2009). Óbvio que essa soma mostrou equivocada, mas digo agora: por que a imprensa não é coerente também nesta hora?

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  2. Vim protestar. Quê? A falta de atualização. Não reclamastes da apatia dos leitores, pois é, eu leio seu blog mais aos fins de semana e/ou três vezes por semana. Mas sempre é uma passagem garantida. Valeu. E continue postando, por favor.

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