Está ficando mais clara a jogada em torno da filiação de Henrique Meirelles no PMDB. O presidente do Banco Central não foi para um partido pequeno, com pouco tempo de propaganda na televisão, mas para a legenda que mais capilaridade política possui no país, ainda hoje, embora evidentemente já não seja nem sombra do que foi na década de 80 do século passado. E é interessante notar que Meirelles só confirmou a filiação após a reunião com o presidente Lula, conforme revela a matéria abaixo, da Folha Online.
Apenas um beócio pode achar que o presidente Lula simplesmente ouviu as explicações de Meirelles e foi "convencido" pelos argumentos do presidente do BC. Ora, Lula é um animal político e a solução da ida de Meirelles justamente para o PMDB abre uma janela para uma nova estratégia da base governista na eleição de 2010. Se antes a ideia de Lula era forçar uma disputa plebiscitária em torno do seu mandato, com Dilma em um pólo e o candidato da aliança demo-tucana no outro - seja Serra ou Aécio -, a entrada de Marina Silva na corrida sucessória mudou rapidamente o cenário, forçando o presidente Lula a uma revisão desta estratégia. Agora, é possível que o governo vá para a eleição não com um, mas com três candidatos - Dilma, Ciro Gomes e o próprio Meirelles, partindo assim para uma "operação abafa" contra o candidato da oposição. Meirelles tem muito pontencial de ganhar votos conservadores que de outra forma migrariam para Serra ou Aécio. Dilma e Ciro dividem o campo da esquerda e podem também disputar o que o ex-prefeito Cesar Maia chama de "não-voto", ou seja, os eleitores que tendem a votar em branco, nulo ou simplesmente optar pela abstenção.
Com tal movimento, Lula diminui muito a chance de Serra (ou Aécio) levar a eleição já no primeiro turno - este blog diria que em tal cenário esta hipótese pode ser tranquilamente descartada - e, o que é mais importante, abre espaço até para uma decisão, no segundo turno, entre dois candidatos da base aliada. Tal cenário é hoje pouco provável, mas se Meirelles entrar no jogo, Serra vai precisar de muito gogó para sustentar os 34% de intenções de voto que tem hoje, pois parte do seu eleitorado conservador migrará para o time do presidente do BC.
Tudo somado, não dá mais, neste momento, para realizar nenhuma previsão concreta sobre a disputa de 2010. A eleição que caminhava para a velha bipolarização entre petistas e tucanos agora está totalmente aberta. O que no fundo é bom para a democracia - quanto mais candidatos viáveis e autênticos, melhor.
A seguir, a matéria da Folha Online:
Meirelles confirma filiação ao PMDB e assina a ficha nesta quarta
Depois de muita especulação e reuniões à portas fechadas, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou nesta terça-feira que vai se filiar ao PMDB. Ele não deu qualquer informação sobre em que cargo pode concorrer em 2010, o mais provável é que seja ao Senado, pelo Estado de Goiás.
"O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decidiu hoje, após reunião com o presidente Lula, filiar-se ao PMDB. Amanhã, em Goiânia, às 11h, o presidente Meirelles assinará sua ficha de filiação ao PMDB", informou a assessoria do ministro.
Deputados peemedebistas dizem que já foram convocados para participar da filiação e organização a comemoração. "Já está tudo pronto [para a filiação]", disse o deputado José Nelto (PMDB). "Vai ser no aeroporto porque ele tem que viajar depois [para Copenhague]."
Meirelles se reuniu hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o assunto. Ele deixou a sede do governo acenando, mas sem falar com a imprensa.
O presidente Lula cancelou duas viagens que faria hoje para poder se encontrar com Meirelles. Lula participaria de um evento em São Paulo. À noite, o presidente estaria no Rio de Janeiro.
Como Meirelles precisava se encontrar com Lula antes de anunciar que decidiu se filiar ao PMDB, o presidente teve de cancelar suas viagens ao Rio e São Paulo. Lula viaja hoje à noite para Copenhague.
Apenas um beócio pode achar que o presidente Lula simplesmente ouviu as explicações de Meirelles e foi "convencido" pelos argumentos do presidente do BC. Ora, Lula é um animal político e a solução da ida de Meirelles justamente para o PMDB abre uma janela para uma nova estratégia da base governista na eleição de 2010. Se antes a ideia de Lula era forçar uma disputa plebiscitária em torno do seu mandato, com Dilma em um pólo e o candidato da aliança demo-tucana no outro - seja Serra ou Aécio -, a entrada de Marina Silva na corrida sucessória mudou rapidamente o cenário, forçando o presidente Lula a uma revisão desta estratégia. Agora, é possível que o governo vá para a eleição não com um, mas com três candidatos - Dilma, Ciro Gomes e o próprio Meirelles, partindo assim para uma "operação abafa" contra o candidato da oposição. Meirelles tem muito pontencial de ganhar votos conservadores que de outra forma migrariam para Serra ou Aécio. Dilma e Ciro dividem o campo da esquerda e podem também disputar o que o ex-prefeito Cesar Maia chama de "não-voto", ou seja, os eleitores que tendem a votar em branco, nulo ou simplesmente optar pela abstenção.
Com tal movimento, Lula diminui muito a chance de Serra (ou Aécio) levar a eleição já no primeiro turno - este blog diria que em tal cenário esta hipótese pode ser tranquilamente descartada - e, o que é mais importante, abre espaço até para uma decisão, no segundo turno, entre dois candidatos da base aliada. Tal cenário é hoje pouco provável, mas se Meirelles entrar no jogo, Serra vai precisar de muito gogó para sustentar os 34% de intenções de voto que tem hoje, pois parte do seu eleitorado conservador migrará para o time do presidente do BC.
Tudo somado, não dá mais, neste momento, para realizar nenhuma previsão concreta sobre a disputa de 2010. A eleição que caminhava para a velha bipolarização entre petistas e tucanos agora está totalmente aberta. O que no fundo é bom para a democracia - quanto mais candidatos viáveis e autênticos, melhor.
A seguir, a matéria da Folha Online:
Meirelles confirma filiação ao PMDB e assina a ficha nesta quarta
Depois de muita especulação e reuniões à portas fechadas, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou nesta terça-feira que vai se filiar ao PMDB. Ele não deu qualquer informação sobre em que cargo pode concorrer em 2010, o mais provável é que seja ao Senado, pelo Estado de Goiás.
"O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decidiu hoje, após reunião com o presidente Lula, filiar-se ao PMDB. Amanhã, em Goiânia, às 11h, o presidente Meirelles assinará sua ficha de filiação ao PMDB", informou a assessoria do ministro.
Deputados peemedebistas dizem que já foram convocados para participar da filiação e organização a comemoração. "Já está tudo pronto [para a filiação]", disse o deputado José Nelto (PMDB). "Vai ser no aeroporto porque ele tem que viajar depois [para Copenhague]."
Meirelles se reuniu hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o assunto. Ele deixou a sede do governo acenando, mas sem falar com a imprensa.
O presidente Lula cancelou duas viagens que faria hoje para poder se encontrar com Meirelles. Lula participaria de um evento em São Paulo. À noite, o presidente estaria no Rio de Janeiro.
Como Meirelles precisava se encontrar com Lula antes de anunciar que decidiu se filiar ao PMDB, o presidente teve de cancelar suas viagens ao Rio e São Paulo. Lula viaja hoje à noite para Copenhague.
Concordo,Luiz Antonio, com sua observação de que a entrada de Marina Silva obrigou o presidente Lula a mudar de estratégia. E também concordo que a eleição está totalmente aberta, o que no fundo é bom para a democracia, quanto mais candidatos autênticos e viáveis melhor. Para mim, este posicionamento seu é muitíssimo importante. Fico alegre. Parabéns!
ResponderExcluirMarcos Peixoto Mello Gonçalves
Jura mesmo que você acredita que o plano é lançar o Meirelles para o Planalto? E daí tirar este tempo de TV da Dilma? Será que não é mais crível tentar dar a vice para o Meirelles e conseguir afastar alguns palmos do poder real esta banda do PMDB que inspira pouca confiança no núcleo duro do governo?
ResponderExcluirAcho que Lula planejar lançar Meirelles para a presidência e privar a Dilma destes minutos e apoio de financiamento de campanha é um pouco de delírio seu, com todo o respeito!
Um pouco cedo para dizer o cargo que vai concorrer, é possível que nem o Meirelles saiba ainda. Mas também é o caso de nos perguntarmos, dependendo dos resultados dessa eleição, o que será da política pós-lula. É possível que a coisa evolua para algo parecido com o peronismo na argentina, com diversas personalidades e grupos políticos disputando a "herança lulista" por muitos anos.
ResponderExcluirMeirelles deve sair pro Senado. Lula joga pesado no sonho de construir um Senado menos problemático à Dilma. Com Meirelles e um candidato do PT (talvez o ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson) aumentaria a chance de alijar do Senado o crápula do Demostenes. Se vc parar pra verificar, Estado por Estado a estratégia parece ser essa, a de só dois candidatos fortes ligados a base pra aniquilar a oposição demo-tucana na câmara alta.
ResponderExcluirAdemais, o tempo do PMDB é precioso demais pra viabilizar Dilma, ou seja, o partido mais partido do Brasil não pode ter candidato próprio.
Luiz Eduardo
ResponderExcluirAcho que não ficou claro porque você acha que parte do eleitorado conservador de Serra migrará para o Meireles, a ponto de reverter a vantagem de Serra. Você acha que esse será um fenômeno assim tão natural? Se ao menos Meireles fosse um candidato testado nas urnas de algum estado mais forte eleitoralmente, com SP, RJ ou MG. Tenho a impressão de que há poucos elementos para se concluir que a candidatura do ex-presidente do BC subtrairia mais votos conservadores do Serra do que os votos que seriam perdidos pela fragmentação da principal candidatura do lado governista. Que elementos você acrescentaria para justificar sua opinião?
Acho que a estratégia de Lula é diversionista, ou seja, semear confusão no lado oposicionista ao sugerir múltiplos eventuais candidatos no lado governista (Meireles, Ciro, Dilma). Essa estratégia desviará parte das metralhadoras oposicionistas que hoje apontam para a Dilma por alguns meses. O episódio Lina reforçou em Lula a idéia de que é preciso estratégias defensivas, visto que, na falta de argumentos programáticos e políticos, a estratégia que restou à aliança oposicionista-midiática é o fuzilamento à moda udenista, tal qual fizeram (com eficiência) contra Pallocci e Dirceu. Acho que Lula quer colocar patos em movimento para dificultar a mira da oposição, enquanto ganha tempo para reforçar as estratégias governista para a disputa de 2010. Faz sentido!
ResponderExcluirEstou mais pra opinião do Anônimo acima, a estratégia diversionista. Lula é um bom enxadrista.
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