Pular para o conteúdo principal

Acabou o prazo

Faltam 15 minutos para o dia 20 de julho. Muita gente vai ler esta nota já no dia 20, por sinal. Este dia 19 é uma data histórica para o jornalismo. Há dois meses, no dia 19 de julho, a Folha de S. Paulo estampava em sua primeira página o seguinte título, que pode ser conferido na reprodução da capa, abaixo: "Gripe suína deve atingir pelo menos 35 milhões no país em dois meses". Bem, na época este blog afirmou que se tratava de uma barriga imensa e uma irresponsabilidade sem precedentes do jornal da Barão de Limeira. O Ombudsman da Folha concordou, embora tenha sido brando na crítica. Agora, dois meses após o vaticínio estúpido e leviando, terá a Folha a coragem necessária para reconhecer o erro? Ou será que vai tudo passar em brancas nuvens, sem maiores esclarecimentos. O leitor deste blog (e da Folha) sabe: a gripe suína NÃO infectou 35 milhões de brasileiros e os mortos em decorrência da doença nem sequer atingiram o montante dos que morrem de gripe "normal", a cada inverno. No fundo, a gripe suína é uma grande cascata da imprensa. A irresponsabilidade deveria ter limites. Na Folha, pelo menos, não tem.

Comentários

  1. Por favor corrija, a data que vence seria 20 de Setembro!!!

    ResponderExcluir
  2. Você foi bonzinho. No corpo da matéria a Folha disse que a gripe suína poderia atingir até 67 milhões de brasileiros em oito semanas.

    ResponderExcluir
  3. Acabou o prazo.
    Quem perdeu: o PIG
    Quem ganhou: As indústrias quimico-farmacêuticas.

    ResponderExcluir
  4. Ou seja, a Folha não entregou o produto que anunciou.

    ResponderExcluir
  5. Sou assinante da Folha de São Paulo, além de outras publicações nacionais e regionais. Também vi a informação do jornal, naquela época, como um exagero e um despropósito. Agora, parece-me que os dados de todos os lados venham de onde vierem, não são nada confiáveis. Por exemplo, hoje, na Gazeta do Povo, de Curitiba, está uma declaração do Secretário de Saúde do Paraná, dizendo que a gripe suína, no estado, pode ter atingido, até agora, 150 mil pessoas, embora oficialmente, chegue a 10 mil. Portanto, devemos ficar atentos às divulgações oficiais, pois elas podem conter erros para mais, para menos ou inconsistências. Apesar de tudo, 35 milhões é número grande demais para acreditar.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe