Blog também é cultura e com o marasmo político da semana, sobra espaço para comentar (e recomendar) a leitura do livro Do golpe ao Planalto - uma vida de repórter, de autoria do jornalista Ricardo Kotscho, que foi secretário de Imprensa do governo Lula até o final de 2004.
De leitura agradável – é perfeitamente possível devorar as 368 páginas de uma sentada –, o livro de Kotscho passeia pela história recente do Brasil e traz muita informação útil principalmente para os estudantes de comunicação ou jornalistas que estão começando na profissão. É bem verdade que Kotscho descreve, na maior parte de suas precoces memórias, um cenário que já não existe mais: foi-se o tempo em que os jornais brasileiros tinham correspondentes fixos em cidades como Berlim – Kotscho conta muitas histórias saborosas da sua vida de jornalista no exterior – ou que podiam se dar ao luxo de despachar repórteres para correr o País sem uma pauta pré-determinada. O próprio autor em alguns momentos revela alguma nostalgia do tempo em que as oportunidades para os jornalistas eram mais amplas, embora talvez as condições de trabalho fossem mais precárias.
O livro de Kotscho vai muito bem até o final, quando ele deixa o leitor com um gosto de "quero mais". De fato, para quem tem uma intimidade tão grande com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – são quase quarenta anos de convivência –, Kotscho revela muito pouco dos bastidores do governo. Sobre as campanhas presidenciais, por exemplo, ele conta mais histórias, mas ainda assim certamente um milésimo do que o repórter (ou o assessor do candidato) presenciou. Se a maior curiosidade do público for pela história recente, pelos fatos ocorridos durante a primeira gestão de Lula, há um certo risco de frustração ao final da leitura, porque Kotscho realmente preserva o amigo-presidente. Apesar da "proteção", sobre este período também há, é claro, algumas boas histórias, inclusive a revelação de que foi ele, Kotscho, o "responsável" pelo envio ao Congresso do projeto do nefasto Conselho Federal de Jornalismo. O pior é que o secretário de Imprensa sequer havia lido com atenção o texto que acabou chancelado pelo presidente Lula...
Tudo somado, Do golpe ao Planalto poderia ser um pouco mais quente em suas páginas finais, mas não foi esta a temperatura que Kotscho julgou adequada para o momento. Talvez daqui a alguns anos, quando a poeira tiver baixado, ele sacie a curiosidade dos leitores. Afina, não há ninguém mais indicado para escrever a biografia do presidente Lula do que Ricardo Kotscho.
De leitura agradável – é perfeitamente possível devorar as 368 páginas de uma sentada –, o livro de Kotscho passeia pela história recente do Brasil e traz muita informação útil principalmente para os estudantes de comunicação ou jornalistas que estão começando na profissão. É bem verdade que Kotscho descreve, na maior parte de suas precoces memórias, um cenário que já não existe mais: foi-se o tempo em que os jornais brasileiros tinham correspondentes fixos em cidades como Berlim – Kotscho conta muitas histórias saborosas da sua vida de jornalista no exterior – ou que podiam se dar ao luxo de despachar repórteres para correr o País sem uma pauta pré-determinada. O próprio autor em alguns momentos revela alguma nostalgia do tempo em que as oportunidades para os jornalistas eram mais amplas, embora talvez as condições de trabalho fossem mais precárias.
O livro de Kotscho vai muito bem até o final, quando ele deixa o leitor com um gosto de "quero mais". De fato, para quem tem uma intimidade tão grande com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – são quase quarenta anos de convivência –, Kotscho revela muito pouco dos bastidores do governo. Sobre as campanhas presidenciais, por exemplo, ele conta mais histórias, mas ainda assim certamente um milésimo do que o repórter (ou o assessor do candidato) presenciou. Se a maior curiosidade do público for pela história recente, pelos fatos ocorridos durante a primeira gestão de Lula, há um certo risco de frustração ao final da leitura, porque Kotscho realmente preserva o amigo-presidente. Apesar da "proteção", sobre este período também há, é claro, algumas boas histórias, inclusive a revelação de que foi ele, Kotscho, o "responsável" pelo envio ao Congresso do projeto do nefasto Conselho Federal de Jornalismo. O pior é que o secretário de Imprensa sequer havia lido com atenção o texto que acabou chancelado pelo presidente Lula...
Tudo somado, Do golpe ao Planalto poderia ser um pouco mais quente em suas páginas finais, mas não foi esta a temperatura que Kotscho julgou adequada para o momento. Talvez daqui a alguns anos, quando a poeira tiver baixado, ele sacie a curiosidade dos leitores. Afina, não há ninguém mais indicado para escrever a biografia do presidente Lula do que Ricardo Kotscho.
Já está anotada a dica! Essa e a do livro sobre Jornalismo Político. Duas aquisições para meu final de ano!
ResponderExcluirObrigado pelas dicas! Gostei muito!
Boa semana!