Na Folha, o publicitário escreve que as séries tornam crianças e adolescentes seres do mundo, e comenta: É um erro dizer que os jovens de hoje não leem. Eles leem as séries. E essas séries tornam crianças e adolescentes seres do mundo, com mais informações do que qualquer um de nós que líamos "Meu Pé de Laranja Lima" no século passado. O Google é a Biblioteca de Alexandria no celular, e a Netflix e o YouTube, cinematecas globais numa tela perto de você. "Game of Thrones" pode não ser Shakespeare, mas tem algo de shakespeariano.
Talvez por isso os jovens se sintam tão entediados com as fórmulas pré-históricas de ensinar. E é por isso que antigamente existia o MEC, o Ministério da Educação e da Cultura. Porque a cultura é via expressa para a educação. Eu aprendo muita história (que eu amo) assistindo a séries de TV. O ensino a distância e o streaming não são só fenômenos contemporâneos, são fenômenos convergentes. Você viu "Guerras do Brasil", a série, na Netflix?
A final de "Game of Thrones" pela HBO foi um acontecimento global, mas limitado na TV por assinatura. A HBO vai lançar seu serviço de streaming, o HBO Max, em 2020. O início da terceira temporada de "The Crown" também é um acontecimento global, agora na Netflix.
Do ponto de vista da publicidade, esse caminho do streaming levanta muitas questões, pois são eventos de audiência sem comerciais. Mas isso não me assusta. Os problemas existem para encontrarmos soluções.
A semana passada foi um marco nessa transformação global. Não é todo dia que uma empresa lança a assinatura de um serviço novo e ele é adquirido no mesmo dia por 10 milhões de pessoas.
Na verdade, só houve um dia em que isso aconteceu: 14 de novembro de 2019, quinta-feira passada. A empresa é a Disney, e o serviço é o Disney+, o tão aguardado streaming do gigante californiano, a US$ 7 por mês.
É uma nova corrida do ouro. Os grandes players da indústria do entretenimento e da comunicação gastaram US$ 200 bilhões em fusões e aquisições nos últimos dois anos para se posicionar nessa pista.
Os consumidores de conteúdo aprovaram e estão trocando a programação linear da TV (aberta e paga) pelo consumo fragmentado e "on demand" do streaming.
É a maior mudança nesse consumo desde a consolidação da TV a cabo, nos anos 1980, nos EUA. No Brasil, dada a baixa renda da maioria da população, o cabo nem chegou a ser predominante, e muitos lares brasileiros partem da TV aberta direto para os serviços de streaming. Entre os jovens, o fenômeno é muito mais intenso.
As mudanças, até aqui, beneficiam os consumidores, rumo seguro para sua consolidação. Os serviços de streaming geralmente custam menos que os pacotes de TV a cabo e oferecem mais produtos. O número de séries criadas nos EUA no ano passado ficou perto de 500, o dobro de dez anos antes. E são produções de alta qualidade, como mostram premiações no Grammy, no Oscar e em Cannes.
Que pena que Nelson Rodrigues não esteja aqui para escrever séries. Mas outros talentos estão. O audiovisual brasileiro começa a navegar na boa onda de criatividade e produtividade do streaming. Netflix, Amazon e Globo, entre outros, já produzem aqui para esse tipo de serviço, abrindo novos caminhos em meio a dificuldades do modelo de produção tradicional.
O Brasil, nossos roteiristas, produtores, diretores, fotógrafos, maquiadores, músicos, cenógrafos, figurinistas têm o talento necessário para encantar milhões de brasileiros e bilhões de pessoas pelo mundo.
Vamos aproveitar o momento disruptivo da indústria criativa para encaixar o nosso talento nesse novo modelo produtivo global. É importante notar que não há nação desenvolvida que não tenha uma forte produção cultural.
Nizan Guanaes, empreendedor, é fundador do Grupo ABC.
Talvez por isso os jovens se sintam tão entediados com as fórmulas pré-históricas de ensinar. E é por isso que antigamente existia o MEC, o Ministério da Educação e da Cultura. Porque a cultura é via expressa para a educação. Eu aprendo muita história (que eu amo) assistindo a séries de TV. O ensino a distância e o streaming não são só fenômenos contemporâneos, são fenômenos convergentes. Você viu "Guerras do Brasil", a série, na Netflix?
A final de "Game of Thrones" pela HBO foi um acontecimento global, mas limitado na TV por assinatura. A HBO vai lançar seu serviço de streaming, o HBO Max, em 2020. O início da terceira temporada de "The Crown" também é um acontecimento global, agora na Netflix.
Do ponto de vista da publicidade, esse caminho do streaming levanta muitas questões, pois são eventos de audiência sem comerciais. Mas isso não me assusta. Os problemas existem para encontrarmos soluções.
A semana passada foi um marco nessa transformação global. Não é todo dia que uma empresa lança a assinatura de um serviço novo e ele é adquirido no mesmo dia por 10 milhões de pessoas.
Na verdade, só houve um dia em que isso aconteceu: 14 de novembro de 2019, quinta-feira passada. A empresa é a Disney, e o serviço é o Disney+, o tão aguardado streaming do gigante californiano, a US$ 7 por mês.
É uma nova corrida do ouro. Os grandes players da indústria do entretenimento e da comunicação gastaram US$ 200 bilhões em fusões e aquisições nos últimos dois anos para se posicionar nessa pista.
Os consumidores de conteúdo aprovaram e estão trocando a programação linear da TV (aberta e paga) pelo consumo fragmentado e "on demand" do streaming.
É a maior mudança nesse consumo desde a consolidação da TV a cabo, nos anos 1980, nos EUA. No Brasil, dada a baixa renda da maioria da população, o cabo nem chegou a ser predominante, e muitos lares brasileiros partem da TV aberta direto para os serviços de streaming. Entre os jovens, o fenômeno é muito mais intenso.
As mudanças, até aqui, beneficiam os consumidores, rumo seguro para sua consolidação. Os serviços de streaming geralmente custam menos que os pacotes de TV a cabo e oferecem mais produtos. O número de séries criadas nos EUA no ano passado ficou perto de 500, o dobro de dez anos antes. E são produções de alta qualidade, como mostram premiações no Grammy, no Oscar e em Cannes.
Que pena que Nelson Rodrigues não esteja aqui para escrever séries. Mas outros talentos estão. O audiovisual brasileiro começa a navegar na boa onda de criatividade e produtividade do streaming. Netflix, Amazon e Globo, entre outros, já produzem aqui para esse tipo de serviço, abrindo novos caminhos em meio a dificuldades do modelo de produção tradicional.
O Brasil, nossos roteiristas, produtores, diretores, fotógrafos, maquiadores, músicos, cenógrafos, figurinistas têm o talento necessário para encantar milhões de brasileiros e bilhões de pessoas pelo mundo.
Vamos aproveitar o momento disruptivo da indústria criativa para encaixar o nosso talento nesse novo modelo produtivo global. É importante notar que não há nação desenvolvida que não tenha uma forte produção cultural.
Nizan Guanaes, empreendedor, é fundador do Grupo ABC.
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