Pular para o conteúdo principal

Dica da semana: Naruna Costa e Seu Jorge fazem valer a pena assistir Irmandade

Impossível não se apaixonar pela Cris, a Cristina de Irmandade. A série retrata o nascimento do PCC, chamado de Irmandade na série. E impossível não torcer pelo personagem de Seu Jorge (Edson, líder da facção), também arrasador na trama que estreou no Brasil no serviço de streaming. Irmandade é uma série para se matar de uma ou duas sentadas.
O diretor, Pedro Morelli, acertou em cheio. A série começa, spoilers aqui, mas tranquilos, com uma delação de Cristina sobre o seu irmão, em princípio apenas para o pai, mas na sequência para a polícia militar de São Paulo.
Com a consciência intranquila de ter entregado o irmão, dez anos depois a promotora Cristina se depara com uma crise de consciência ao resolver se juntar à Irmandade já na condição de cúmplice, não sem antes ter sido cooptada pelo sistema.
Caso clássico de agente dupla, Cris é mais que o irmão a protagonista da trama. É e em torno dela que tudo gira, e tudo funciona por conta da interpretação precisa de Naruna Costa, com ótimos coadjuvantes ao lado, brilhando a cada cena.
Irmandade diz respeito a algo que nossas elites querem esquecer, mas no fundo financiam, seja pelo rolo das drogas, seja pelo financiamento de esquemas criminosos como os do PCC. Na ficção, fica até bonito, mas na vida real é algo que ceifa vidas, muito mais triste do que torcer pelo bandido bom que seu Jorge encarna. E a série dialoga muito com a produção recente do cinema brasileiro, em especial Tropa de Elite.
Ao contrário do filme, não há policiais “bonzinhos” ou com algum drama de consciência, como o Capitão Nascimento de Padilha. Aqui o jogo é mais bruto, o pau come forte nas celas de São Paulo, inclusive com a guerra de facções criminosas, que, como todos sabemos, acabou vencida pelo PCC.
Tudo somado, é uma série que vale a pena ser assistida, só há bons atores no elenco – além da dupla protagonista, estão presentes Hermila Guedes, como Darlene, Lee Taylor (Ivan), Danilo Grangheia (Andrade), Pedro Wagner (Carniça) e Wesley Guimarães, o Marcel, irmão de Edson e Cristina, todos com interpretações primorosas. São apenas oito episódios, não se sabe ainda se haverá uma nova temporada, portanto, vale maratonar. #ficaadica!
Por Luiz Antonio Magalhães em 6/10/19.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...