Tem News nova da LAM Comunicação na área, com dica da jornalista Denise Britto.
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Semana de 28 de outubro a 3 de novembro de 2019
O FATO DA SEMANA: AMÉRICA LATINA EM TRANSE
Depois dos protestos que viraram o Chile de cabeça para baixo e levaram seu presidente a propor a renúncia coletiva do ministério inteiro, a Argentina começou a semana com um novo presidente eleito e a ex-presidente Cristina Kirchner de vice-presidente. É dela o principal mérito da vitória de Alberto Fernández já no primeiro turno, fazendo encerrar o ciclo liberal de Macri, para espanto de muitos analistas. Mas o mais surpreendente no último final de semana foi a eleição da prefeita de Bogotá: lésbica assumida, a ex-senadora Claudia López, da Aliança Verde, fez história ao vencer o pleito na capital da Colômbia. Ela derrotou Carlos Fernando Galán e o atual mandatário Iván Duque, A esquerda está voltando ao poder? Saiba a resposta em http://bit.ly/348JbIO
O que mais bombou na semana
MARIELLE ASSOMBRA A FAMÍLIA BOLSONARO – A morte de Marielle Franco, vereadora negra e lésbica do PSOL do Rio, já foi parcialmente esclarecida, resta ainda saber quem são os mandantes de seu assassinato. Uma coisa é certa: o caso pode ser um divisor de águas do atual governo. Se foi Bolsonaro quem atendeu a chamada da portaria ou não importa pouco. A reação transtornada do presidente para rebater a matéria do Jornal Nacional é quase uma assunção de culpa. Bolsonaro dificilmente teve participação no assassinato de Marielle, mas sabe que os assassinos frequentavam sua casa no Rio de Janeiro - um deles é seu vizinho. Os assassinos, aliás, estão presos e são réus. O mandante parece ter sido o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Domingos Brazão. Mais em http://bit.ly/2PwLfpP
AI-5 DE EDUARDO ASSUSTA O GOVERNO - Todos os portais de notícias destacaram na quinta-feira (31/10) a fala de Eduardo Bolsonaro sobre a volta do AI-5: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada.” Papai não gostou: “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobre dele. Quem quer que seja que fale em AI-5 está sonhando”, disse Jair Bolsonaro. Eduardo vocalizou o autoritarismo de seu grupo, que deseja uma ditadura para evitar a volta da esquerda ao poder. Leia mais em http://bit.ly/3359Y8I
SAMOR RESENHA BIOGRAFIA DE CUNHA - De todos os personagens cavernosos que já chafurdaram no pântano brasiliense, Eduardo Cosentino Cunha certamente foi um dos mais despudorados da história republicana recente. Cunha aperfeiçoou o uso comercial da política, carregando a tocha de uma tradição estabelecida por malvados de outrora como Orestes Quércia ou Paulo Salim Maluf. Agora, dois desses repórteres — Chico Otávio e Aloy Jupiara— estão lançando a biografia não autorizada do ex-deputado, ironicamente chamada de “Deus Tenha Misericórdia dessa Nação” (Record, 364 páginas, R$ 44,90). íntegra em http://bit.ly/2qRp3MV
CENSURA PARA MARINHO? - O livro é muito bom, vale a leitura, e a história em torno dele mostra que Marinho, morto, ainda tem poderes sobre os vivos: em uma disputa inédita, a Companhia das Letras, maior editora do Brasil, tentou impedir na Justiça que o jornalista Leonêncio Nossa publicasse e vendesse a sua biografia do empresário Roberto Marinho (1904-2003), fundador do poderoso Grupo Globo. Leonêncio Nossa acusa empresa de querer mudar seu livro por causa de trecho sobre Walther Moreira Salles. Mais em http://bit.ly/2q1pIuG
DICA DA SEMANA
Downton Abbey, filme
Um justo sucesso na era digital
Após anos de rumores, desmentidos e muita torcida, está em exibição no país a adaptação para o cinema de Downton Abbey, premiada série de TV britânica encerrada em 2015. Como em Londres, onde estreou, também por aqui a receptividade de público e crítica mostra acerto da produção, que pode ser apreciada por fãs e novatos. E existem vários motivos para isso. A história se passa na década de 20, em Yorkshire, norte da Inglaterra, na casa de campo Downton Abbey, propriedade do Conde Grantham (Robert Crawley, interpretado por Hugh Bonneville). Ali vive a aristocrática família Crawley e seus numerosos criados, cujo elenco de atores original o diretor Michael Engler conseguiu reunir quase todo no filme.
É quase imperativo falar da história começando pela matriarca e viúva Violet Crowley, Condessa Grantham, mãe do Conde Grantham. Interpretada pela impagável Maggie Smith, 84 anos (vencedora de um Oscar), personagem e atriz se confundem pelo humor peculiar e é citada na Inglaterra atualmente como uma “instituição” desde o início do seriado. Há décadas Maggie Smith já estava consagrada como atriz, mas ela própria afirma que o sucesso com a Downton Abbey foi um divisor de águas em sua vida, sendo obrigada desde então a evitar lugares públicos.
As cenas em que Maggie Smith interpreta a ácida e esnobe Violet Crowlet ganharam repercussão e uma legião de fãs pelos diálogos em que ela destila sua veia crítica implacável em frases mordazes. "Não seja derrotista, querida. É muito classe média", ou “A vulgaridade não substitui a inteligência", diz olhando para seu alvo; “Eu não critico; eu explico”. Ferinas, esnobes, inteligentes, as frases de Violet Crowlet se tornaram zingers de sucesso na Inglaterra, algo como os memes daqui, e ilustram souvenirs a série, como canecas e chaveiros. "Princípios são como orações: nobres, é claro, mas estranhos em uma festa."
Com a incrível quantidade de 44 personagens, seria fácil supor um excesso de informação para quem assiste. Em vez disso, a opção e o modo como é conduzida cria um envolvimento maior. Embora haja o núcleo principal de personagens, há tramas acontecendo com todos os demais, ora se intercruzando, ora correndo de modo paralelo. É uma das habilidades primorosas do roteirista e criador da série, Julian Fellowes, que conseguiu, também no filme, contemplar cada personagem com um momento.
Entre os iniciados na série, os diferentes motivos de admiração se alternam ou se somam. Desde a preferência por um ou mais personagem (cujas personalidades são reveladas sempre com as nuances e complexidades do ser humano), há atrativos como a composição de época nos costumes dos anos 20, no figurino na ambientação; o impacto de fatos históricos, como o naufrágio do navio Titanic (um forte abalo entre os Crawley), mudanças no cenário econômico e seus reflexos sobre a nobreza, além de abordagens inteligentes de questões até hoje discutidas, como emancipação feminina, diferenças de classe, homofobia, racismo.
Em plena era digital, pode ser considerado um feito uma trama de época, com numerosos personagens, sem magos, sem truques ou efeitos fantasiosos, alcançar o sucesso de público de Downton Abbey. A produção recebeu prêmios e indicações em diversas categorias durante todo o período em que esteve no ar, de 2010 a 2015. Entre eles Globo de Ouro de Melhor Minisserie, os Emmy de Melhor Minissérie, Melhor Roteiro (Julian Fellowes), Melhor Diretor (Michael Engler) e Melhor Atriz coadjuvante (Maggie Smith) entre outros.
Como seria esperado, o bom resultado do filme já suscitou questionamentos a Fellowes e Engler sobre sua continuidade. A resposta dada pelos dois foi uma ausência de resposta, algo como “A ver”. Isto faz pensar. Hoje com 84 anos, a estrela Maggie Smith demandou anos de insistência e convencimento por parte de Fellowes e Engler até aceitar participar do projeto do filme (teria enfim cedido pela vontade de trabalhar novamente com o grupo da série ao ver que já estavam todos empenhados).
*E atenção, aqui seguirá um spoiler breve*. Agora, no final da história do filme há a personagem Violet Crawley recebendo a notícia de que está gravemente doente, sem muito tempo de vida pela frente. Ela se prepara para o fim e conversa com sua neta favorita, Lady Mary, sua herdeira natural do título de Condessa, preparando-a para sua sucessão. A doença de Violet se agrava e o fim aparece se aproximar. O filme termina, no entanto, sem que de fato a morte se concretize. Ficam várias possibilidades em aberto, segundo o produtor Goreth Neame em entrevista à imprensa britânica, inclusive a “possibilidade de erro de diagnóstico”. Por Denise Britto em 1/11/2019
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Semana de 28 de outubro a 3 de novembro de 2019
O FATO DA SEMANA: AMÉRICA LATINA EM TRANSE
Depois dos protestos que viraram o Chile de cabeça para baixo e levaram seu presidente a propor a renúncia coletiva do ministério inteiro, a Argentina começou a semana com um novo presidente eleito e a ex-presidente Cristina Kirchner de vice-presidente. É dela o principal mérito da vitória de Alberto Fernández já no primeiro turno, fazendo encerrar o ciclo liberal de Macri, para espanto de muitos analistas. Mas o mais surpreendente no último final de semana foi a eleição da prefeita de Bogotá: lésbica assumida, a ex-senadora Claudia López, da Aliança Verde, fez história ao vencer o pleito na capital da Colômbia. Ela derrotou Carlos Fernando Galán e o atual mandatário Iván Duque, A esquerda está voltando ao poder? Saiba a resposta em http://bit.ly/348JbIO
O que mais bombou na semana
MARIELLE ASSOMBRA A FAMÍLIA BOLSONARO – A morte de Marielle Franco, vereadora negra e lésbica do PSOL do Rio, já foi parcialmente esclarecida, resta ainda saber quem são os mandantes de seu assassinato. Uma coisa é certa: o caso pode ser um divisor de águas do atual governo. Se foi Bolsonaro quem atendeu a chamada da portaria ou não importa pouco. A reação transtornada do presidente para rebater a matéria do Jornal Nacional é quase uma assunção de culpa. Bolsonaro dificilmente teve participação no assassinato de Marielle, mas sabe que os assassinos frequentavam sua casa no Rio de Janeiro - um deles é seu vizinho. Os assassinos, aliás, estão presos e são réus. O mandante parece ter sido o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Domingos Brazão. Mais em http://bit.ly/2PwLfpP
AI-5 DE EDUARDO ASSUSTA O GOVERNO - Todos os portais de notícias destacaram na quinta-feira (31/10) a fala de Eduardo Bolsonaro sobre a volta do AI-5: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada.” Papai não gostou: “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobre dele. Quem quer que seja que fale em AI-5 está sonhando”, disse Jair Bolsonaro. Eduardo vocalizou o autoritarismo de seu grupo, que deseja uma ditadura para evitar a volta da esquerda ao poder. Leia mais em http://bit.ly/3359Y8I
SAMOR RESENHA BIOGRAFIA DE CUNHA - De todos os personagens cavernosos que já chafurdaram no pântano brasiliense, Eduardo Cosentino Cunha certamente foi um dos mais despudorados da história republicana recente. Cunha aperfeiçoou o uso comercial da política, carregando a tocha de uma tradição estabelecida por malvados de outrora como Orestes Quércia ou Paulo Salim Maluf. Agora, dois desses repórteres — Chico Otávio e Aloy Jupiara— estão lançando a biografia não autorizada do ex-deputado, ironicamente chamada de “Deus Tenha Misericórdia dessa Nação” (Record, 364 páginas, R$ 44,90). íntegra em http://bit.ly/2qRp3MV
CENSURA PARA MARINHO? - O livro é muito bom, vale a leitura, e a história em torno dele mostra que Marinho, morto, ainda tem poderes sobre os vivos: em uma disputa inédita, a Companhia das Letras, maior editora do Brasil, tentou impedir na Justiça que o jornalista Leonêncio Nossa publicasse e vendesse a sua biografia do empresário Roberto Marinho (1904-2003), fundador do poderoso Grupo Globo. Leonêncio Nossa acusa empresa de querer mudar seu livro por causa de trecho sobre Walther Moreira Salles. Mais em http://bit.ly/2q1pIuG
DICA DA SEMANA
Downton Abbey, filme
Um justo sucesso na era digital
Após anos de rumores, desmentidos e muita torcida, está em exibição no país a adaptação para o cinema de Downton Abbey, premiada série de TV britânica encerrada em 2015. Como em Londres, onde estreou, também por aqui a receptividade de público e crítica mostra acerto da produção, que pode ser apreciada por fãs e novatos. E existem vários motivos para isso. A história se passa na década de 20, em Yorkshire, norte da Inglaterra, na casa de campo Downton Abbey, propriedade do Conde Grantham (Robert Crawley, interpretado por Hugh Bonneville). Ali vive a aristocrática família Crawley e seus numerosos criados, cujo elenco de atores original o diretor Michael Engler conseguiu reunir quase todo no filme.
É quase imperativo falar da história começando pela matriarca e viúva Violet Crowley, Condessa Grantham, mãe do Conde Grantham. Interpretada pela impagável Maggie Smith, 84 anos (vencedora de um Oscar), personagem e atriz se confundem pelo humor peculiar e é citada na Inglaterra atualmente como uma “instituição” desde o início do seriado. Há décadas Maggie Smith já estava consagrada como atriz, mas ela própria afirma que o sucesso com a Downton Abbey foi um divisor de águas em sua vida, sendo obrigada desde então a evitar lugares públicos.
As cenas em que Maggie Smith interpreta a ácida e esnobe Violet Crowlet ganharam repercussão e uma legião de fãs pelos diálogos em que ela destila sua veia crítica implacável em frases mordazes. "Não seja derrotista, querida. É muito classe média", ou “A vulgaridade não substitui a inteligência", diz olhando para seu alvo; “Eu não critico; eu explico”. Ferinas, esnobes, inteligentes, as frases de Violet Crowlet se tornaram zingers de sucesso na Inglaterra, algo como os memes daqui, e ilustram souvenirs a série, como canecas e chaveiros. "Princípios são como orações: nobres, é claro, mas estranhos em uma festa."
Com a incrível quantidade de 44 personagens, seria fácil supor um excesso de informação para quem assiste. Em vez disso, a opção e o modo como é conduzida cria um envolvimento maior. Embora haja o núcleo principal de personagens, há tramas acontecendo com todos os demais, ora se intercruzando, ora correndo de modo paralelo. É uma das habilidades primorosas do roteirista e criador da série, Julian Fellowes, que conseguiu, também no filme, contemplar cada personagem com um momento.
Entre os iniciados na série, os diferentes motivos de admiração se alternam ou se somam. Desde a preferência por um ou mais personagem (cujas personalidades são reveladas sempre com as nuances e complexidades do ser humano), há atrativos como a composição de época nos costumes dos anos 20, no figurino na ambientação; o impacto de fatos históricos, como o naufrágio do navio Titanic (um forte abalo entre os Crawley), mudanças no cenário econômico e seus reflexos sobre a nobreza, além de abordagens inteligentes de questões até hoje discutidas, como emancipação feminina, diferenças de classe, homofobia, racismo.
Em plena era digital, pode ser considerado um feito uma trama de época, com numerosos personagens, sem magos, sem truques ou efeitos fantasiosos, alcançar o sucesso de público de Downton Abbey. A produção recebeu prêmios e indicações em diversas categorias durante todo o período em que esteve no ar, de 2010 a 2015. Entre eles Globo de Ouro de Melhor Minisserie, os Emmy de Melhor Minissérie, Melhor Roteiro (Julian Fellowes), Melhor Diretor (Michael Engler) e Melhor Atriz coadjuvante (Maggie Smith) entre outros.
Como seria esperado, o bom resultado do filme já suscitou questionamentos a Fellowes e Engler sobre sua continuidade. A resposta dada pelos dois foi uma ausência de resposta, algo como “A ver”. Isto faz pensar. Hoje com 84 anos, a estrela Maggie Smith demandou anos de insistência e convencimento por parte de Fellowes e Engler até aceitar participar do projeto do filme (teria enfim cedido pela vontade de trabalhar novamente com o grupo da série ao ver que já estavam todos empenhados).
*E atenção, aqui seguirá um spoiler breve*. Agora, no final da história do filme há a personagem Violet Crawley recebendo a notícia de que está gravemente doente, sem muito tempo de vida pela frente. Ela se prepara para o fim e conversa com sua neta favorita, Lady Mary, sua herdeira natural do título de Condessa, preparando-a para sua sucessão. A doença de Violet se agrava e o fim aparece se aproximar. O filme termina, no entanto, sem que de fato a morte se concretize. Ficam várias possibilidades em aberto, segundo o produtor Goreth Neame em entrevista à imprensa britânica, inclusive a “possibilidade de erro de diagnóstico”. Por Denise Britto em 1/11/2019
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