A revista Época obteve a íntegra de cinco meses de mensagens do grupo de WhatsApp administrado pelo 'Carteiro Reaça' para orientar os assessores no início de seu mandato
Juliana Dal Piva e João Saconi
Quinta-feira, 13 de dezembro de 2018. A menos de 20 dias de tomar posse, Jair Bolsonaro começava a articular seu futuro governo. Ao mesmo tempo, alguns de seus então assessores parlamentares também planejavam o futuro. Naquela manhã, a advogada Sonaira Fernandes de Santana, nomeada como servidora de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, criou no WhatsApp o grupo “Gabinete Gil Diniz”. Eleito deputado estadual pelo PSL na eleição de 2018, Diniz fora assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) até meses antes do pleito. Era conhecido na internet pelo apelido de Carteiro Reaça.
ÉPOCA obteve a íntegra de cinco meses de mensagens do grupo de WhatsApp administrado por Gil Diniz para orientar os assessores no início de seu mandato. Depois acusado por um ex-servidor de exigir a devolução de parte dos salários de seus funcionários, prática conhecida como “rachadinha”, o deputado tinha no grupo de mensagens uma central de produção e distribuição de boatos e memes contra adversários — e também contra aliados.
O tucano João Doria era alvo frequente, em especial quando associado a Joice Hasselmann. Em 2 de março, Diniz pediu ao assessor Diego Martins dos Santos, conhecido como Gaúcho: “Faz um (meme) perguntando a posição da Joice”. Dezessete minutos depois, Santos, que atua como designer gráfico, enviou ao grupo uma montagem na qual Hasselmann aparecia em dois momentos distintos, ao lado de uma pessoa diferente em cada um: Bolsonaro e Doria. Em cima, uma pergunta: “Senadora Joice: qual seu candidato para a Alesp?”. Ao receber a imagem, Diniz aprovou: “Boa”. Os conteúdos produzidos por Santos, remunerado com um salário de R$ 3.692,06 até abril, abasteciam as páginas do parlamentar — todas identificadas pela alcunha “Carteiro Reaça” — e circulavam em grupos de WhatsApp.
Diniz utilizou o grupo para fazer diversas críticas ao tucano. Em conversas, ironizou duas imagens em que o governador aparecia ao lado do presidente Jair Bolsonaro na Agrishow de Ribeirão Preto, em São Paulo, em 29 de abril. Naquele dia, Diniz compartilhou uma foto da cerimônia de abertura do evento e sugeriu que seus assessores observassem os sapatos de Doria e Bolsonaro, insinuando dúvidas sobre a sexualidade do governador em razão do calçado.
Juliana Dal Piva e João Saconi
Quinta-feira, 13 de dezembro de 2018. A menos de 20 dias de tomar posse, Jair Bolsonaro começava a articular seu futuro governo. Ao mesmo tempo, alguns de seus então assessores parlamentares também planejavam o futuro. Naquela manhã, a advogada Sonaira Fernandes de Santana, nomeada como servidora de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, criou no WhatsApp o grupo “Gabinete Gil Diniz”. Eleito deputado estadual pelo PSL na eleição de 2018, Diniz fora assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) até meses antes do pleito. Era conhecido na internet pelo apelido de Carteiro Reaça.
ÉPOCA obteve a íntegra de cinco meses de mensagens do grupo de WhatsApp administrado por Gil Diniz para orientar os assessores no início de seu mandato. Depois acusado por um ex-servidor de exigir a devolução de parte dos salários de seus funcionários, prática conhecida como “rachadinha”, o deputado tinha no grupo de mensagens uma central de produção e distribuição de boatos e memes contra adversários — e também contra aliados.
O tucano João Doria era alvo frequente, em especial quando associado a Joice Hasselmann. Em 2 de março, Diniz pediu ao assessor Diego Martins dos Santos, conhecido como Gaúcho: “Faz um (meme) perguntando a posição da Joice”. Dezessete minutos depois, Santos, que atua como designer gráfico, enviou ao grupo uma montagem na qual Hasselmann aparecia em dois momentos distintos, ao lado de uma pessoa diferente em cada um: Bolsonaro e Doria. Em cima, uma pergunta: “Senadora Joice: qual seu candidato para a Alesp?”. Ao receber a imagem, Diniz aprovou: “Boa”. Os conteúdos produzidos por Santos, remunerado com um salário de R$ 3.692,06 até abril, abasteciam as páginas do parlamentar — todas identificadas pela alcunha “Carteiro Reaça” — e circulavam em grupos de WhatsApp.
Diniz utilizou o grupo para fazer diversas críticas ao tucano. Em conversas, ironizou duas imagens em que o governador aparecia ao lado do presidente Jair Bolsonaro na Agrishow de Ribeirão Preto, em São Paulo, em 29 de abril. Naquele dia, Diniz compartilhou uma foto da cerimônia de abertura do evento e sugeriu que seus assessores observassem os sapatos de Doria e Bolsonaro, insinuando dúvidas sobre a sexualidade do governador em razão do calçado.
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