RIP, guerreiro, grande perda
Paulistano, que tinha 60 anos, morreu como consequência de um acidente doméstico nos EUA. Como número 2 do SBT, apresentador da Record desafiou a Globo há duas décadas
FLÁVIA MARREIRO
São Paulo - 22 NOV 2019 - 22:36 BRT
A disputa que fez a Companhia das Letras tentar barrar biografia de Roberto Marinho
Gugu Liberato, apresentador que ajudou a mudar a cara da TV brasileira nos anos 90 com seus programas no SBT, morreu nesta sexta-feira, em Orlando, nos Estados Unidos, aos 60 anos, como consequência de um sangramento intracraniano. A estrela da TV Record sofreu um acidente em sua casa enquanto fazia reparos num aparelho de ar condicionado instalado no sótão, caiu de uma altura de cerca de quatro metros e não resistiu aos ferimentos, de acordo com sua assessoria. O apresentador deixa a mulher, a médica Rose Miriam, e os filhos João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Sophia e Marina, de 15.
"Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos. E assim foi até o final da vida, ocorrida após um acidente caseiro", diz a nota assinada por seus "familiares e funcionários". O texto informa que o apresentador sequer foi submetido a cirurgia, dado o quadro irreverssível, e que a morte encefálica foi confirmada por Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro convocado pela família a analisar a situação nos EUA. "Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão", finaliza a mensagem. Artistas e celebridades utilizaram as redes sociais para prestar as primeiras homenagens a Gugu nesta sexta.
No ar com o reality show Canta Comigo, na Record, o paulistano Antônio Augusto Moraes Liberato acumulava mais de quatro décadas de TV neste 2019. Ele estreou no meio que lhe levaria ao estrelato e à fortuna aos 14 anos, como assistente de produção do programa Domingo no Parque, apresentado por Silvio Santos, principal nome e dono do SBT, então a segunda força televisiva do país. Foi pelas mãos do magnata que Gugu emplacou seus maiores sucessos, do game Viva a Noite, ao musical Sabadão Sertanejo até sua principal marca, o Domingo Legal. Por horas a fio nos domingos do SBT, o apresentador abusava de quadros de apelo popular, como a Banheira do Gugu, que explorava nudez e sexismo, exibia sucessos da dramaturgia do canal (inclusive estrelas mexicanas como Thalia) e promovia cantores e bandas, muitos dos quais empresariava.
No auge do programa Domingo Legal, em que ele disputava a audiência com a líder de audiência Globo, passou a se envolver diretamente na cobertura de temas de atualidade, ao vivo, uma mudança para o formato de entretenimento que influenciaria outros programas. Entre esses momentos de máxima força da atração, esteve a transmissão ao vivo de uma rebelião da facção PCC no presídio do Carandiru, em 2001, em São Paulo. Entre os reféns do motim, estava a apresentadora Simony, que na época namorava um detido, o rapper Afro-X. Dois anos depois, teria o ponto mais baixo da carreira, também com uma cobertura ligada ao PCC, com a exibição, em 2003, de uma entrevista com falsos integrantes facção. Gugu seria obrigado pela Justiça a pagar indenização a um ameaçado na falsa entrevista.
"Naquela época que fazia ao vivo tinha os números de audiência, pouca gente tinha acesso, era emocionante. Nós éramos muito pequenos perto da grandiosidade da Globo", contou Gugu em entrevista a Fábio Porchat, na TV Record, em 2017. Também a Porchat, o apresentador contou como Silvio Santos o impediu de aceitar um convite para ir para a maior emissora do país no final dos 80. "Ele disse que estava com problema de garganta e talvez não pudesse mais apresentar seu programa aos domingos. Falei que não podia dizer 'não' para a Globo, ele disse: 'Se você não pode, eu vou falar com o Roberto Marinho e dizer que você não vai...", disse Gugu. Apesar da promessa, o apresentador jamais assumiria totalmente o posto de Sílvio.
A Record foi a última casa de Gugu, onde fez programas de auditório, o gênero que o consagrou, mas também formatos importados. Na restreia de sua atração em 2015, ele voltou a liderar a audiência exibindo entrevista com Suzane von Richthofen, assassina confessa dos pais. "Gugu era um bom entrevistador porque ouvia atentamente o que o entrevistado dizia e não se desconcentrava pensando na próxima pergunta. Tinha uma curiosidade genuína, mas não agressiva. Era educado, polido, sutil", diz Virgilio Abranches, vice-presidente de programação da CNN Brasil que dirigiu o apresentador na Record.
Gugu estava de férias e já havia deixado gravado os episódios finais do reality Canta Comigo. Não há ainda informações sobre velório e enterro no Brasil.
Paulistano, que tinha 60 anos, morreu como consequência de um acidente doméstico nos EUA. Como número 2 do SBT, apresentador da Record desafiou a Globo há duas décadas
FLÁVIA MARREIRO
São Paulo - 22 NOV 2019 - 22:36 BRT
A disputa que fez a Companhia das Letras tentar barrar biografia de Roberto Marinho
Gugu Liberato, apresentador que ajudou a mudar a cara da TV brasileira nos anos 90 com seus programas no SBT, morreu nesta sexta-feira, em Orlando, nos Estados Unidos, aos 60 anos, como consequência de um sangramento intracraniano. A estrela da TV Record sofreu um acidente em sua casa enquanto fazia reparos num aparelho de ar condicionado instalado no sótão, caiu de uma altura de cerca de quatro metros e não resistiu aos ferimentos, de acordo com sua assessoria. O apresentador deixa a mulher, a médica Rose Miriam, e os filhos João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Sophia e Marina, de 15.
"Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos. E assim foi até o final da vida, ocorrida após um acidente caseiro", diz a nota assinada por seus "familiares e funcionários". O texto informa que o apresentador sequer foi submetido a cirurgia, dado o quadro irreverssível, e que a morte encefálica foi confirmada por Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro convocado pela família a analisar a situação nos EUA. "Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão", finaliza a mensagem. Artistas e celebridades utilizaram as redes sociais para prestar as primeiras homenagens a Gugu nesta sexta.
No ar com o reality show Canta Comigo, na Record, o paulistano Antônio Augusto Moraes Liberato acumulava mais de quatro décadas de TV neste 2019. Ele estreou no meio que lhe levaria ao estrelato e à fortuna aos 14 anos, como assistente de produção do programa Domingo no Parque, apresentado por Silvio Santos, principal nome e dono do SBT, então a segunda força televisiva do país. Foi pelas mãos do magnata que Gugu emplacou seus maiores sucessos, do game Viva a Noite, ao musical Sabadão Sertanejo até sua principal marca, o Domingo Legal. Por horas a fio nos domingos do SBT, o apresentador abusava de quadros de apelo popular, como a Banheira do Gugu, que explorava nudez e sexismo, exibia sucessos da dramaturgia do canal (inclusive estrelas mexicanas como Thalia) e promovia cantores e bandas, muitos dos quais empresariava.
No auge do programa Domingo Legal, em que ele disputava a audiência com a líder de audiência Globo, passou a se envolver diretamente na cobertura de temas de atualidade, ao vivo, uma mudança para o formato de entretenimento que influenciaria outros programas. Entre esses momentos de máxima força da atração, esteve a transmissão ao vivo de uma rebelião da facção PCC no presídio do Carandiru, em 2001, em São Paulo. Entre os reféns do motim, estava a apresentadora Simony, que na época namorava um detido, o rapper Afro-X. Dois anos depois, teria o ponto mais baixo da carreira, também com uma cobertura ligada ao PCC, com a exibição, em 2003, de uma entrevista com falsos integrantes facção. Gugu seria obrigado pela Justiça a pagar indenização a um ameaçado na falsa entrevista.
"Naquela época que fazia ao vivo tinha os números de audiência, pouca gente tinha acesso, era emocionante. Nós éramos muito pequenos perto da grandiosidade da Globo", contou Gugu em entrevista a Fábio Porchat, na TV Record, em 2017. Também a Porchat, o apresentador contou como Silvio Santos o impediu de aceitar um convite para ir para a maior emissora do país no final dos 80. "Ele disse que estava com problema de garganta e talvez não pudesse mais apresentar seu programa aos domingos. Falei que não podia dizer 'não' para a Globo, ele disse: 'Se você não pode, eu vou falar com o Roberto Marinho e dizer que você não vai...", disse Gugu. Apesar da promessa, o apresentador jamais assumiria totalmente o posto de Sílvio.
A Record foi a última casa de Gugu, onde fez programas de auditório, o gênero que o consagrou, mas também formatos importados. Na restreia de sua atração em 2015, ele voltou a liderar a audiência exibindo entrevista com Suzane von Richthofen, assassina confessa dos pais. "Gugu era um bom entrevistador porque ouvia atentamente o que o entrevistado dizia e não se desconcentrava pensando na próxima pergunta. Tinha uma curiosidade genuína, mas não agressiva. Era educado, polido, sutil", diz Virgilio Abranches, vice-presidente de programação da CNN Brasil que dirigiu o apresentador na Record.
Gugu estava de férias e já havia deixado gravado os episódios finais do reality Canta Comigo. Não há ainda informações sobre velório e enterro no Brasil.
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