Pular para o conteúdo principal

Kassab: trânsito é calcanhar de Aquiles

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), está mostrando sensibilidade política (ou encomendou alguma pesquisa qualitativa) ao se movimentar para tentar melhorar o trânsito da cidade de São Paulo. Como a economia está crescendo e a renda dos mais pobres, aumentando, a violência, que ainda é muito grande, já não é percebida como o principal problema na capital paulista. Agora, o "talk of the town", como gostam dizer os chiques tucanos e democratas, é o trânsito horrível da cidade. Kassab percebeu que este será o seu calcanhar de Aquiles na campanha deste ano e mandou brasa: anunciou a inclusão dos caminhões no rodízio de São Paulo. Se a medida vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Claro que alguma coisa deve melhorar, mas analisando a questão como leigo e não especialista no assunto, ao autor destas Entrelinhas a nova restrição parece ser um paliativo. De toda maneira, Kassab se posiciona como alguém que está preocupado com o trânsito e, mais do que isto, como um prefeito que não teme tomar medidas que desagradem o poder econômico. A campanha paulistana realmente promete fortes emoções neste ano.

Comentários

  1. Creio que o rodízio de caminhões não significa que o Kassab está preocupado com os problemas do trânsito. Ele está preocupado com o menor impacto "eleitoral" possível. No caso dos caminhões, muitos motoristas moram fora da cidade de São Paulo e não são possíveis eleitores de Kassab. Uma demonstração de que ele não quer arrumar sarna para se coçar é justamente liberar por mais seis meses o tráfego de táxis e carros de passeios nos corredores de ônibus. Estes motoristas sim são possíveis eleitores. É bom lembrar que a liberação dos táxis ocorreu ainda em 2004, como uma medida eleitoreira por parte da atual prefeita que tentou conseguir os votos dos taxistas (classe que apóia Paulo Maluf), então seguindo a mesma lógica, Kassab não faz nada pelo trânsito de São Paulo, só prejudica. É necessário prioridade aos ônibus, estes sim com possibildiade de resolver problemas a médio prazo e lógico, o metrô a longo prazo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...