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Geraldo Alckmin é osso duro de roer

Pelo que este blog apurou, vai ser muito difícil convencer Geraldo Alckmin (PSDB) a deixar a disputa pela prefeitura de São Paulo. Os aliados do ex-governador no PSDB sentiram o golpe da aliança entre DEM e PMDB, mas estão confiantes no bom desempenho de Alckmin na eleição de outubro.

Reservadamente, os alckimistas dizem que Marta Suplicy (PT) está garantida no segundo turno. A outra vaga seria disputada entre Alckmin e Gilberto Kassab (DEM). O ex-governador larga na frente, mas a concorrência deve se acirrar, ainda mais quando se imagina que Kassab contará com apoio das máquinas municipal e estadual.

Se Alckmin for para o segundo turno, ele certamente terá boas chances de vencer a parada, em função da alta rejeição de Marta Suplicy. É preciso levar em conta, porém, que Marta não é boba e sabe que seu ponto fraco é a rejeição. Desta forma, é provável que ela passe o primeiro turno realizando uma campanha na televisão para diminuir a rejeição enquanto seus adversários estarão lutando entre si para ver quem consegue conquistar o voto conservador na cidade. Uma boa campanha na TV e o desgaste do outro lado pode dar à Marta uma chance única de voltar ao Palácio do Anhangabaú, apesar do famoso "relaxa e goza" e de outras bobagens que atrapalham a ex-prefeita.

Geraldo Alckmin é conhecido pela sua tenacidade. Mostrou que é bom de voto em 2006, quando obteve 40 milhões no primeiro turno. Serra isolou praticamente toda a ala alckmista do governo e agora pode colher o aumento da persistência do ex-governador. Quando batizou a aliança do PMDB com o DEM, Serra fez uma opção consciente pelo conflito interno no PSDB. Se Kassab vencer a eleição, o governador de São Paulo terá obtido uma importante vitória e Alckmin não poderá almejar outra coisa que não legenda para deputado federal. Se, no entanto, o vitorioso for Geraldo Alckmin, aí Serra estará realmente com uma encrenca grande para administrar. A vingança, como se sabe, é um prato que se come frio...

Comentários

  1. Sem dizer que alguns "políticos" não pode ficar muito tempo sem a imundicidade de uma representação política. Senão o MPE, MPF, TSE podem citar em algum dos processos e aí fica inelegivel. E o cabide, a canoa afunda de vez.

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