Está divertido o comentário abaixo, do Ombudsman da Folha de S. Paulo, Mário Magalhães. Este blog, aliás, recomenda vivamente a leitura diária da Crítica Interna do jornalista, cada vez mais afiado. Os elogios são sinceros e Mário Magalhães não é parente do autor destas Entrelinhas, diga-se logo antes que alguém pergunte. De longe, é o mais crítico e ferino Ombudsman que o jornal já teve. Fica a torcida, inclusive, para que ele seja reconduzido à função ao final de seu mandato, a exemplo de outros ombusdmans, porque está fazendo um trabalho brilhante. Mas fica também a suspeita de que a direção da Folha está torcendo para que o tempo passe depressa e o mandato de Magalhães acabe logo...
Abaixo, o texto em questão:
O convite dos outros e o nosso
A Folha publicou com destaque, ocupando quase toda a pág. A6, a reportagem "Integrantes de CPI vão de graça a show pago pela TAM".
O jornal está de parabéns. Havendo ou não conflito de interesses, é um direito dos cidadãos conhecer o relacionamento entre alguns parlamentares e a companhia que eles afirmavam investigar.
O jornal contou que na exibição do Cirque du Soleil estiveram presentes, a convite, "autoridades, congressistas e jornalistas". Mas não deu o nome de um só jornalista. A Folha deveria ter explicado a diferença de tratamento.
O tom da edição é o de que haveria conflito de interesses na presença dos senadores.
Porém o novo verbete "Ética" do "Manual da Redação" afirma que "é proibido ao jornalista pedir ingresso para eventos culturais, como shows e peças de teatro. Sempre que possível, a Folha pagará pelo ingresso dos profissionais que forem cobrir tais eventos".
Ou seja, o jornal veta o pedido de ingressos para um espetáculo como o do Cirque du Soleil, mas aceita que seus profissionais ganhem o convite. Não há restrição ao recebimento de convite sem estar a trabalho.
Como, então, cobrar os parlamentares?
Em nome da transparência e da prestação de contas aos leitores, a Folha deveria desenvolver --ou aprofundar-- esse debate.
Abaixo, o texto em questão:
O convite dos outros e o nosso
A Folha publicou com destaque, ocupando quase toda a pág. A6, a reportagem "Integrantes de CPI vão de graça a show pago pela TAM".
O jornal está de parabéns. Havendo ou não conflito de interesses, é um direito dos cidadãos conhecer o relacionamento entre alguns parlamentares e a companhia que eles afirmavam investigar.
O jornal contou que na exibição do Cirque du Soleil estiveram presentes, a convite, "autoridades, congressistas e jornalistas". Mas não deu o nome de um só jornalista. A Folha deveria ter explicado a diferença de tratamento.
O tom da edição é o de que haveria conflito de interesses na presença dos senadores.
Porém o novo verbete "Ética" do "Manual da Redação" afirma que "é proibido ao jornalista pedir ingresso para eventos culturais, como shows e peças de teatro. Sempre que possível, a Folha pagará pelo ingresso dos profissionais que forem cobrir tais eventos".
Ou seja, o jornal veta o pedido de ingressos para um espetáculo como o do Cirque du Soleil, mas aceita que seus profissionais ganhem o convite. Não há restrição ao recebimento de convite sem estar a trabalho.
Como, então, cobrar os parlamentares?
Em nome da transparência e da prestação de contas aos leitores, a Folha deveria desenvolver --ou aprofundar-- esse debate.
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