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Uma boa matéria que ninguém vai ler

Dica do antenado jornalistaIvson Sá no blog Coleguinhas, univ-vos: a matéria abaixo, publicada ontem na Agência Brasil, é na verdade uma excelente pauta para ser desenvolvida pelos jornalões e revistonas, mas certamente será deixada de lado porque não interessa aos jornalões e revistonas ficar chateando os tais 20 mil grupos familiares em questão. Uma conta rápida mostra o seguinte: R$ 145 bilhões divido por 20 mil dá a bagatela de R$ 7 milhões ao ano para cada um desses clãs. Supondo que cada clã tenha realmente os tais 50 membros, em média, cada cabeça estaria recebendo, do governo, R$ 140 mil limpinhos, a cada ano, sem cair da cadeira, sem gerar um mísero emprego.

Maior parte dos juros da dívida pública vai para 20 mil grupos familiares, revela Ipea

Cilene Figueredo

Brasília - O mercado financeiro está contribuindo para o enriquecimento de um seleto grupo de brasileiros. Segundo o estudo Os Ricos no Brasil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 20 mil clãs familiares (grupos compostos por 50 membros de uma mesma família) apropriam-se de 70% dos juros que o governo paga aos detentores de títulos da dívida pública.

Apenas de janeiro a novembro do ano passado, o pagamento dos juros da dívida pública pelo setor público (composto por governo federal, estados, municípios e empresas estatais) consumiu R$ 147,3 bilhões. Em entrevista hoje (29) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirmou que os ganhos no mercado financeiro provocam a transferência de renda para essa parcela da população.

De acordo com o estudo, isso ocorre porque o pagamento dos juros dos títulos da dívida, de forma geral, está atrelado à taxa básica de juros da economia, que está acima da inflação. Dessa forma, conforme o Ipea, há um ganho real dos clãs familiares e o aumento da arrecadação de tributos pelo governo, em última instância, vai para os credores da dívida.

Na opinião de Pochmann, seria interessante retirar esse lucro do mercado financeiro e inseri-lo no investimento produtivo. Segundo ele, isso pode ser feito por meio da redução da taxa de juros, construção de rodovias, construção de hospitais. Para ele, essas famílias teriam retorno financeiro semelhante se investisse o dinheiro no setor produtivo e em obras de infra-estrutura.

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