Pular para o conteúdo principal

Cartão corporativo ainda vai dar
dor de cabeça para o governo federal

A história dos gastos de ministros e altos funcionários do governo com cartões de crédito corporativos pode se transformar em uma grande dor de cabeça para o presidente Lula se ele não tomar providências rápidas e mandar a turma explicar direitinho como é que está gastando o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho. Há muita hipocrisia nas matérias que têm saído na imprensa, a começar pelo fato de que nunca ninguém se interessou pelos gastos dos ministros do presidente que criou o cartão corporativo, um tal de Fernando Henrique Cardoso.

Aliás, antes que alguém diga que este blog protege o governo Lula, o fato de FHC ter tido a idéia de jerico de criar os cartões corporativos não isenta o atual presidente, que, afinal, está mantendo o monstrengo. E também antes que alguém diga que o blog aderiu ao discurso udenista da senadora Heloísa Helena e dos Democratas, vale esclarecer que a questão do cartão corporativo é simples: no setor público, tudo que é feito na sombra acaba provocando ruído e, ainda que não haja nenhuma ilegalidade nas compras com o cartão, vai sempre pairar a dúvida. A melhor coisa, do ponto de vista do governo, é acabar logo com esta modalidade e ressarcir os ministros das notas que eles trouxerem de gastos realizados em missões de trabalho. Ou simplesmente abrir os extratos dos cartões na internet, de maneira transparente, para todos verem como o dinheiro público está sendo gasto. Continuar como está só dá munição para as forças de oposição, esteja o governo gastando direito ou não.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...