Excelente o comentário do jornalista Luiz Weis no blog Verbo Solto, reproduzido abaixo.
Fraude na mídia: eles não sabem o que dizem
Numa passagem de seu artigo de hoje sobre Jerome Kerviel, o funcionário do banco Societé Generale que se tornou o maior fraudador da finança global já identificado – fez a terceira casa bancária francesa perder € 4,9 bilhões, ou R$ 12,8 bi -, o correspondente do Estado em Paris, Gilles Lapouge, relata o seguinte:
“Eu questionei alguns especialistas. ‘É muito simples. Ele passava, por exemplo, uma ordem de compra e a ocultava com uma outra ordem, fictícia, de venda. No fim, o banco via apenas o saldo das duas operações, isto é, nada.’ Eu disse a esses especialistas que não havia compreendido nada. ‘Nós tampouco’, eles me responderam afavelmente.”
Leitores de jornais e revistas deviam imprimir esse parágrafo – ou recortá-lo do Estado, à moda antiga – para tê-lo diante dos olhos no momento de começar a ler qualquer notícia.
Primeiro, porque é raro um repórter dizer a uma fonte que não entendeu nada do que ela lhe disse. O costumeiro é o jornalista fingir que entendeu o que ouviu, para não passar por desinformado diante diante dos seus inestimáveis interlocutores, e tocar a declaração adiante, transcrevendo-a na matéria. É o princípio do pau na máquina.
Ele, de duas uma: ou acha que o leitor vai entender, portanto não há problema; ou acha, mais comumente, que o leitor não vai entender nada, como ele mesmo não entendeu - o que tampouco é problema, porque o leitor é que vai se sentir vexado.
Segundo, porque é tão ou mais raro a fonte confessar que tampouco entende o que acabou de dizer.
É assim – com muito maior frequência do que o público imagina – que as coisas correm no rali da (des)informação. Naturalmente, quanto mais técnico o assunto, mais a notícia que chega ao leitor tende a ser o produto do desconhecimento elevado ao quadrado.
As páginas de economia e de ciência são, por isso, as mais infestadas por essa fraude. É só pensar no que sai, para citar o exemplo mais imediato em cada caso, sobre mercados em crise ou aquecimento global. Mas nenhuma área da realidade retratada pela mídia pode ser considerada imune ao golpe da ignorância embutida no que é vendido como esclarecedor.
Já se escreveu que o cidadão que entende bem de determinado assunto, aturdido pela montanha de bobagens que acabou de ler numa matéria a respeito, só pode ficar imaginando quantas barbaridades são publicadas sobre os assuntos que desconhece. É a pura verdade.
Fraude na mídia: eles não sabem o que dizem
Numa passagem de seu artigo de hoje sobre Jerome Kerviel, o funcionário do banco Societé Generale que se tornou o maior fraudador da finança global já identificado – fez a terceira casa bancária francesa perder € 4,9 bilhões, ou R$ 12,8 bi -, o correspondente do Estado em Paris, Gilles Lapouge, relata o seguinte:
“Eu questionei alguns especialistas. ‘É muito simples. Ele passava, por exemplo, uma ordem de compra e a ocultava com uma outra ordem, fictícia, de venda. No fim, o banco via apenas o saldo das duas operações, isto é, nada.’ Eu disse a esses especialistas que não havia compreendido nada. ‘Nós tampouco’, eles me responderam afavelmente.”
Leitores de jornais e revistas deviam imprimir esse parágrafo – ou recortá-lo do Estado, à moda antiga – para tê-lo diante dos olhos no momento de começar a ler qualquer notícia.
Primeiro, porque é raro um repórter dizer a uma fonte que não entendeu nada do que ela lhe disse. O costumeiro é o jornalista fingir que entendeu o que ouviu, para não passar por desinformado diante diante dos seus inestimáveis interlocutores, e tocar a declaração adiante, transcrevendo-a na matéria. É o princípio do pau na máquina.
Ele, de duas uma: ou acha que o leitor vai entender, portanto não há problema; ou acha, mais comumente, que o leitor não vai entender nada, como ele mesmo não entendeu - o que tampouco é problema, porque o leitor é que vai se sentir vexado.
Segundo, porque é tão ou mais raro a fonte confessar que tampouco entende o que acabou de dizer.
É assim – com muito maior frequência do que o público imagina – que as coisas correm no rali da (des)informação. Naturalmente, quanto mais técnico o assunto, mais a notícia que chega ao leitor tende a ser o produto do desconhecimento elevado ao quadrado.
As páginas de economia e de ciência são, por isso, as mais infestadas por essa fraude. É só pensar no que sai, para citar o exemplo mais imediato em cada caso, sobre mercados em crise ou aquecimento global. Mas nenhuma área da realidade retratada pela mídia pode ser considerada imune ao golpe da ignorância embutida no que é vendido como esclarecedor.
Já se escreveu que o cidadão que entende bem de determinado assunto, aturdido pela montanha de bobagens que acabou de ler numa matéria a respeito, só pode ficar imaginando quantas barbaridades são publicadas sobre os assuntos que desconhece. É a pura verdade.
Caro LAM e amigos, que bom que temos espaços como esse, buscando unicamente a verdade dos fatos, contribuindo assim para que um novo Brasil floresça.
ResponderExcluirMas, lendo essa notícia nas entrelinhas, temos uma certa impressão de que algo mais deve aparecer sem que dê tempo de baixar a poeira.
Sonega desinformando.