Vale a pena ler o final do texto desta semana do mestre Alberto Dines no Observatório da Imprensa, reporoduzido abaixo. Aliás, vale a pena ler o texto todo, no qual Dines também trata da megafraude no banco Société Géneralé, da França. O trecho final, sobre a reunião dos ricos em Davos, porém, está especialmente saboroso.
A mídia hoje é cada vez mais um negócio e cada vez menos serviço público. A bola de neve do noticiário, geralmente incontrolável, em situações de perigo institucional estanca suavemente, comandada pelo instinto de sobrevivência.
Esta megafraude vai levar tempo para ser explicada e somente será esclarecida quando cessar a intranqüilidade dos mercados financeiros. Até lá, a mídia deverá contentar-se com o dispara-e-despenca das cotações bolsistas. Ou as declarações obtidas em convescotes como o de Davos.
O Fórum Econômico Mundial encerrado no último fim de semana em Davos, Suíça, teve a mesma palpitação das discussões travadas entre os personagens tuberculosos internados num sanatório da famosa estação de inverno e retratados na Montanha Mágica, de Thomas Mann (1875-1955). O romance ganhou o Nobel de Literatura em 1929 porque espelhava as angústias da elite européia antes da Primeira Guerra Mundial. Datada, aquela retórica consegue ser mais atual do que o rescaldo do Senado dos Ricos que lá se reúne há 37 anos, em janeiro.
A edição de 2007 do Fórum Econômico não conseguiu pressentir que a bonança dos últimos anos chegava ao fim; e a de 2008, surpreendida pelos desdobramentos do tufão que derrubou o mercado hipotecário americano em meados do ano passado, não conseguiu produzir qualquer indicação mais consistente sobre o que nos aguarda.
Davos é um evento em processo de extinção, a mídia vai lá porque é chique. Chique e caro. Serve para atualizar a agenda de endereços, serve para que empresários emergentes imaginem-se donos do mundo, serve para produzir declarações nas páginas de negócios e, principalmente, para que a mídia impressa sinta-se integrada ao processo de transformação. Davos lembra os desfiles de moda onde jamais aparecem as roupas que as mulheres efetivamente vestirão na próxima estação.
A mídia hoje é cada vez mais um negócio e cada vez menos serviço público. A bola de neve do noticiário, geralmente incontrolável, em situações de perigo institucional estanca suavemente, comandada pelo instinto de sobrevivência.
Esta megafraude vai levar tempo para ser explicada e somente será esclarecida quando cessar a intranqüilidade dos mercados financeiros. Até lá, a mídia deverá contentar-se com o dispara-e-despenca das cotações bolsistas. Ou as declarações obtidas em convescotes como o de Davos.
O Fórum Econômico Mundial encerrado no último fim de semana em Davos, Suíça, teve a mesma palpitação das discussões travadas entre os personagens tuberculosos internados num sanatório da famosa estação de inverno e retratados na Montanha Mágica, de Thomas Mann (1875-1955). O romance ganhou o Nobel de Literatura em 1929 porque espelhava as angústias da elite européia antes da Primeira Guerra Mundial. Datada, aquela retórica consegue ser mais atual do que o rescaldo do Senado dos Ricos que lá se reúne há 37 anos, em janeiro.
A edição de 2007 do Fórum Econômico não conseguiu pressentir que a bonança dos últimos anos chegava ao fim; e a de 2008, surpreendida pelos desdobramentos do tufão que derrubou o mercado hipotecário americano em meados do ano passado, não conseguiu produzir qualquer indicação mais consistente sobre o que nos aguarda.
Davos é um evento em processo de extinção, a mídia vai lá porque é chique. Chique e caro. Serve para atualizar a agenda de endereços, serve para que empresários emergentes imaginem-se donos do mundo, serve para produzir declarações nas páginas de negócios e, principalmente, para que a mídia impressa sinta-se integrada ao processo de transformação. Davos lembra os desfiles de moda onde jamais aparecem as roupas que as mulheres efetivamente vestirão na próxima estação.
a frase final é saborosa mesmo. :)
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