Todos os portais de notícias estão destacando nesta quinta-feira, último dia de outubro, a declaração de Eduardo Bolsonaro sobre a volta do AI-5. Vale reproduzir a íntegra do que o filho do presidente da República disse: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada.”
Depois da polêmica, ele voltou ao tema e escreveu em sua página no Twitter:
“O QUE FOI O AI-5?
Dilma, Lula, Franklin Martins, Marighella, Lamarca e outros trouxeram pânico e terror ao Brasil no final dos anos 1960 e início dos 70. Hoje a estratégia se repete no Chile e a esquerda brasileira está louca para trazer isso para o Brasil.”
Já o pai de Eduardo não gostou das declarações: “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobre dele. Quem quer que seja que fale em AI-5 está sonhando. Está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí”, disse Jair Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
Para quem não sabe, o Ato Institucional número 5, assinado pelo marechal Arthur da Costa e Silva (que assumira a Presidência em 1967), resultou no fechamento imediato e por tempo indeterminado do Congresso Nacional e das Assembleias nos estados —com exceção de São Paulo. Além disso, o AI-5 renovou poderes conferidos ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos em caráter permanente. Também foi suspensa a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular.
O AI-5 inaugurou a fase mais repressiva dos 21 anos de ditadura militar. Nos primeiros dois dias de vigência da medida, presos políticos processados nas auditorias da Justiça Militar denunciaram mais de 2.200 casos de tortura. Foram punidas, com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841 pessoas —513 deputados, senadores e vereadores perderam os mandatos.
Com a repercussão negativa, Eduardo resolveu mudar o tom da conversa: “Eu peço desculpas a quem, porventura, tenha entendido que estou estudando ou o governo está estudando o retorno do AI-5.” E afirmou que “essa possibilidade não existe”, creditando a repercussão ao longo do dia a uma “interpretação deturpada” de sua fala.
E o que significa, afinal, a fala de Eduardo Bolsonaro?
Certamente não foi um rompante, político algum fala uma coisa desta gravidade sem ter pensando muito bem antes, medido as palavras, de forma que o que se tem é uma estratégia política formulada pelo grupo de Eduardo.
E qual é o grupo de Eduardo, que força ele tem?
No entorno do parlamentar, além dos irmãos Carlos e Flávio estão os chamados Olavistas, seguidores do astrólogo e autodenominado filósofo Olavo de Carvalho. É um grupo hoje muito influente no governo, dominando, entre outros, os ministérios de Relações Exteriores, da Educação, além de diversas outras áreas do governo e empresas estatais.
E qual seria então o plano de voo deste grupo para o governo Bolsonaro?
Sem dúvida alguma, o “quase embaixador” Eduardo vocaliza o autoritarismo latente de seu guru, que diversas vezes já externou seu desejo de implantar uma nova ditadura no Brasil, com o objetivo de evitar a volta da esquerda ao poder.
Tudo somado, o plano vai revelando que a preocupação é real e cada diz mais presente no jogo político, especialmente após as manifestações no Chile e da eleição argentina, com Cristina Kirchner comandando a vitória da chapa liderada por Alberto Fernández. E também revela que a ideia autoritária de um novo regime militar tem pouca aderência até mesmo do presidente Bolsonaro, um homem que fez sua carreira no parlamento e ao menos tem algum apreço pelo jogo democrático e pela via eleitoral para a resolução de conflitos.
No fundo, Eduardo, com as declarações estapafúrdias e seu recuo final, passou um recado e ouviu que não há clima para que seu projeto avance no momento. Se ele voltará ao tema, o futuro vai dizer, em especial quando Lula estiver nas ruas e em campanha...
Depois da polêmica, ele voltou ao tema e escreveu em sua página no Twitter:
“O QUE FOI O AI-5?
Dilma, Lula, Franklin Martins, Marighella, Lamarca e outros trouxeram pânico e terror ao Brasil no final dos anos 1960 e início dos 70. Hoje a estratégia se repete no Chile e a esquerda brasileira está louca para trazer isso para o Brasil.”
Já o pai de Eduardo não gostou das declarações: “O AI-5 já existiu no passado, em outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobre dele. Quem quer que seja que fale em AI-5 está sonhando. Está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí”, disse Jair Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
Para quem não sabe, o Ato Institucional número 5, assinado pelo marechal Arthur da Costa e Silva (que assumira a Presidência em 1967), resultou no fechamento imediato e por tempo indeterminado do Congresso Nacional e das Assembleias nos estados —com exceção de São Paulo. Além disso, o AI-5 renovou poderes conferidos ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos em caráter permanente. Também foi suspensa a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular.
O AI-5 inaugurou a fase mais repressiva dos 21 anos de ditadura militar. Nos primeiros dois dias de vigência da medida, presos políticos processados nas auditorias da Justiça Militar denunciaram mais de 2.200 casos de tortura. Foram punidas, com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841 pessoas —513 deputados, senadores e vereadores perderam os mandatos.
Com a repercussão negativa, Eduardo resolveu mudar o tom da conversa: “Eu peço desculpas a quem, porventura, tenha entendido que estou estudando ou o governo está estudando o retorno do AI-5.” E afirmou que “essa possibilidade não existe”, creditando a repercussão ao longo do dia a uma “interpretação deturpada” de sua fala.
E o que significa, afinal, a fala de Eduardo Bolsonaro?
Certamente não foi um rompante, político algum fala uma coisa desta gravidade sem ter pensando muito bem antes, medido as palavras, de forma que o que se tem é uma estratégia política formulada pelo grupo de Eduardo.
E qual é o grupo de Eduardo, que força ele tem?
No entorno do parlamentar, além dos irmãos Carlos e Flávio estão os chamados Olavistas, seguidores do astrólogo e autodenominado filósofo Olavo de Carvalho. É um grupo hoje muito influente no governo, dominando, entre outros, os ministérios de Relações Exteriores, da Educação, além de diversas outras áreas do governo e empresas estatais.
E qual seria então o plano de voo deste grupo para o governo Bolsonaro?
Sem dúvida alguma, o “quase embaixador” Eduardo vocaliza o autoritarismo latente de seu guru, que diversas vezes já externou seu desejo de implantar uma nova ditadura no Brasil, com o objetivo de evitar a volta da esquerda ao poder.
Tudo somado, o plano vai revelando que a preocupação é real e cada diz mais presente no jogo político, especialmente após as manifestações no Chile e da eleição argentina, com Cristina Kirchner comandando a vitória da chapa liderada por Alberto Fernández. E também revela que a ideia autoritária de um novo regime militar tem pouca aderência até mesmo do presidente Bolsonaro, um homem que fez sua carreira no parlamento e ao menos tem algum apreço pelo jogo democrático e pela via eleitoral para a resolução de conflitos.
No fundo, Eduardo, com as declarações estapafúrdias e seu recuo final, passou um recado e ouviu que não há clima para que seu projeto avance no momento. Se ele voltará ao tema, o futuro vai dizer, em especial quando Lula estiver nas ruas e em campanha...
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