Pular para o conteúdo principal

O julgamento no STF e o futuro de Lula

Ainda que o Supremo Tribunal Federal restabeleça no julgamento que começa nesta quinta-feira (17/10), e que deve se arrastar por quatro a cinco sessões, o que diz o Inciso LVII do Artigo 5º da Constituição Federal ("ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória"), a situação do ex-presidente Lula não estará resolvida.
Caso o Supremo julgue favoravelmente ao cumprimento das penas após a sentença transitar em julgado, isto é, até se exaurirem todas as possibilidades de recursos e embargos, o que parecer ser a atual tendência, Lula deixará a cela da Polícia Federal em Curitiba, claro, e poderá então voltar a circular, dar entrevistas e fazer política. Mas não terá recuperado seus direitos políticos, em tese não poderá ser candidato ou participar da campanha de 2020 ou 2022.
Para que isto ocorra, e hoje o ex-presidente ainda é o único nome realmente viável para disputar a presidência da República contra Bolsonaro ou qualquer outro candidato do campo conservador, a sentença do triplex precisa ser anulada e o processo retornar à primeira instância. E a julgar pelos últimos acontecimentos no STF, esta hipótese não é provável, embora sempre é possível a formação de uma nova maioria diferente da que vimos no passado.
O grande problema do PT é que em quase quarenta anos de existência o partido não conseguiu sair da sombra de Luiz Inácio da Silva, não construiu novas possibilidades de lideranças - Fernando Haddad é uma das poucas exceções. No campo da esquerda, hoje, o nome alternativo mais visível é o do governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB. Ocorre que o PT também não aprendeu a fazer alianças, ao menos não quando o cargo em disputa é a cadeira principal do Palácio do Planalto. E se não aprender, o mais provável é que assista Bolsonaro, Moro, Dória ou mesmo Luciano Huck passarem o período de 2022 a 2026 naquela cadeira...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe