Na reportagem reproduzida abaixo, Géssica Brandino detalha os caminhos do apresentador que ao lado da esposa Angélica forma o casal 20 da televisão brasileira, para viabilizar seu nome e concorrer à Presidência em 2022. Se vai vingar, só o tempo dirá, mas que está articulando, parece óbvio. Resta saber se aguenta o que os políticos da antiga chamam de "pancadão eleitoral" - a superexposição da vida privada, de seu passado e dos seus negócios, que não são poucos. Íntegra abaixo.
Promessa não concretizada nas eleições presidenciais de 2018, o apresentador da TV Globo Luciano Huck tem se movimentado no cenário político e empresarial brasileiro. Apesar de não declarar oficialmente sua intenção de se candidatar em 2022, suas atitudes públicas e posicionamentos sobre temas relevantes já moldam um discurso que une combate à pobreza e livre mercado.
“A desigualdade é gritante. Se a gente não fizer nada, este país vai implodir. Quero ser um cidadão cada vez mais ativo para que o país se torne mais eficiente, mais afetivo e menos desigual”, disse Luciano Huck em evento para executivos, em que afirmou concordar com a política econômica do governo Bolsonaro
Huck tem sido observado por adversários à direita e à esquerda ao se colocar como uma opção conciliadora de fora da política tradicional, mas também como alguém que se opõe ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro, especialmente em sua atenção à questão social.
Em agosto, num evento para jovens, afirmou que o atual governo representa “o último capítulo do que não deu certo” no país.
O presidente, que canalizou o sentimento antipolítica tradicional em 2018 e não esconde sua intenção de disputar reeleição, reagiu e associou o apresentador aos governos do PT.
Huck foi alvo também do ex-governador do Ceará Ciro Gomes. Candidato à Presidência do PDT em 2018 e nome do partido para a próxima eleição, Ciro disse no domingo (13), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que Huck é um estagiário na política, por não ter experiência. Até a noite de segunda-feira (14), o apresentador não havia respondido.
Nacionalmente conhecido pela carreira de mais de duas décadas na televisão, Huck tem 48,3 milhões de seguidores nas redes sociais. Para efeito de comparação, o presidente Bolsonaro tem 29 milhões. Abaixo, o Nexo destaca três passos do empresário rumo a uma possível candidatura ao Palácio do Planalto em 2022.
O ensaio na eleição de 2018
Em 2017, o nome do apresentador começou a ser cogitado como um representante fora da política tradicional a disputar o Planalto. Naquele ano, Huck começou a se engajar em movimentos de renovação política da sociedade civil, o Agora! e o Renova BR. O apresentador passou a ser sondado pelo então PPS (atual Cidadania).
Escreveu artigos para a imprensa insinuando a entrada na política, mas depois declarou que não seria candidato, no fim de 2017. Apesar disso, pediu ao diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, para que seu nome não deixasse de constar nas pesquisas de intenção de voto.
Em janeiro de 2018, após uma participação no programa Domingão do Faustão, ele voltou a ser cogitado pelos partidos. Numa pesquisa Datafolha, publicada no dia 31 de janeiro, Huck obteve os mesmos 8% do então governador paulista e presidenciável Geraldo Alckmin.
Em fevereiro de 2018, o apresentador reafirmou que não seria candidato. Na decisão, pesou a cobrança da TV Globo por um posicionamento, uma vez que, se fosse candidato, tanto ele quanto a esposa, a também apresentadora Angélica, teriam que romper o contrato com a emissora.
A articulação política
Em 2019, o nome de Huck voltou ao debate político nacional. No final de junho, ele participou de um jantar no Rio de Janeiro com o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, em que o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (sem partido) também estava presente. Ambos apoiam a entrada de Huck na política.
O apresentador lida bem com os tucanos e o espectro partidário e político que orbita o PSDB tradicional. Além de ACM Neto e Hartung, Huck tem apoio do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e do presidente do Cidadania, Roberto Freire, que pretende filiá-lo. Em 2014, Huck fez campanha aberta ao então presidenciável tucano, Aécio Neves.
Entre os próprios integrantes do PSDB, o apresentador tem a simpatia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já em 2018 apoiava as pretensões políticas de Huck. Em contrapartida, o principal líder tucano nos dias de hoje, o governador de São Paulo, João Doria, nutre pretensões presidenciais e deve sair candidato ao Planalto em 2022.
A mais de três anos da eleição, o apresentador tem o seguinte quadro esboçado para 2022: à sua direita nomes como os de Bolsonaro e Doria, e à sua esquerda nomes como o de Ciro e Fernando Haddad, candidato do PT derrotado no segundo turno de 2018.
A história do Caldeirão
Huck chegou à principal emissora do país em abril do ano 2000, com o programa semanal Caldeirão do Huck, que exibiu seu episódio mil no dia 5 de outubro de 2019. Os quadros assistenciais, em que o apresentador proporciona a reforma da casa ou do carro de um participante, levam Huck a viajar semanalmente pelo país.
O programa terminou com um vídeo com cenas do programa e a narração de Huck, em que ele diz ter vivido "histórias incríveis, inesquecíveis e transformadoras" e que não foram poucas aquelas que fizeram "mudar pra sempre alguns de seus pontos de vista".
“Não foram poucos os lugares visitados, que nos deram a oportunidade de conhecer um outro Brasil, um Brasil profundo, um Brasil bem diferente daquele que a gente conhecia”, afirmou Huck na edição mil do programa Caldeirão de Huck.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o apresentador aproveita as gravações para fazer reuniões com governadores e influenciadores nos estados.
Caso decida abraçar a vida política, a esposa Angélica também terá que abdicar da carreira como apresentadora na emissora. Em entrevista à revista Marie Claire publicada em 2 de outubro de 2019, ela disse que, apesar de não desejar ver o marido como candidato, há uma hora em que não é mais possível ter o controle da situação, que se colocava como “uma espécie de chamado”.
Promessa não concretizada nas eleições presidenciais de 2018, o apresentador da TV Globo Luciano Huck tem se movimentado no cenário político e empresarial brasileiro. Apesar de não declarar oficialmente sua intenção de se candidatar em 2022, suas atitudes públicas e posicionamentos sobre temas relevantes já moldam um discurso que une combate à pobreza e livre mercado.
“A desigualdade é gritante. Se a gente não fizer nada, este país vai implodir. Quero ser um cidadão cada vez mais ativo para que o país se torne mais eficiente, mais afetivo e menos desigual”, disse Luciano Huck em evento para executivos, em que afirmou concordar com a política econômica do governo Bolsonaro
Huck tem sido observado por adversários à direita e à esquerda ao se colocar como uma opção conciliadora de fora da política tradicional, mas também como alguém que se opõe ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro, especialmente em sua atenção à questão social.
Em agosto, num evento para jovens, afirmou que o atual governo representa “o último capítulo do que não deu certo” no país.
O presidente, que canalizou o sentimento antipolítica tradicional em 2018 e não esconde sua intenção de disputar reeleição, reagiu e associou o apresentador aos governos do PT.
Huck foi alvo também do ex-governador do Ceará Ciro Gomes. Candidato à Presidência do PDT em 2018 e nome do partido para a próxima eleição, Ciro disse no domingo (13), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que Huck é um estagiário na política, por não ter experiência. Até a noite de segunda-feira (14), o apresentador não havia respondido.
Nacionalmente conhecido pela carreira de mais de duas décadas na televisão, Huck tem 48,3 milhões de seguidores nas redes sociais. Para efeito de comparação, o presidente Bolsonaro tem 29 milhões. Abaixo, o Nexo destaca três passos do empresário rumo a uma possível candidatura ao Palácio do Planalto em 2022.
O ensaio na eleição de 2018
Em 2017, o nome do apresentador começou a ser cogitado como um representante fora da política tradicional a disputar o Planalto. Naquele ano, Huck começou a se engajar em movimentos de renovação política da sociedade civil, o Agora! e o Renova BR. O apresentador passou a ser sondado pelo então PPS (atual Cidadania).
Escreveu artigos para a imprensa insinuando a entrada na política, mas depois declarou que não seria candidato, no fim de 2017. Apesar disso, pediu ao diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, para que seu nome não deixasse de constar nas pesquisas de intenção de voto.
Em janeiro de 2018, após uma participação no programa Domingão do Faustão, ele voltou a ser cogitado pelos partidos. Numa pesquisa Datafolha, publicada no dia 31 de janeiro, Huck obteve os mesmos 8% do então governador paulista e presidenciável Geraldo Alckmin.
Em fevereiro de 2018, o apresentador reafirmou que não seria candidato. Na decisão, pesou a cobrança da TV Globo por um posicionamento, uma vez que, se fosse candidato, tanto ele quanto a esposa, a também apresentadora Angélica, teriam que romper o contrato com a emissora.
A articulação política
Em 2019, o nome de Huck voltou ao debate político nacional. No final de junho, ele participou de um jantar no Rio de Janeiro com o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, em que o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (sem partido) também estava presente. Ambos apoiam a entrada de Huck na política.
O apresentador lida bem com os tucanos e o espectro partidário e político que orbita o PSDB tradicional. Além de ACM Neto e Hartung, Huck tem apoio do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e do presidente do Cidadania, Roberto Freire, que pretende filiá-lo. Em 2014, Huck fez campanha aberta ao então presidenciável tucano, Aécio Neves.
Entre os próprios integrantes do PSDB, o apresentador tem a simpatia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já em 2018 apoiava as pretensões políticas de Huck. Em contrapartida, o principal líder tucano nos dias de hoje, o governador de São Paulo, João Doria, nutre pretensões presidenciais e deve sair candidato ao Planalto em 2022.
A mais de três anos da eleição, o apresentador tem o seguinte quadro esboçado para 2022: à sua direita nomes como os de Bolsonaro e Doria, e à sua esquerda nomes como o de Ciro e Fernando Haddad, candidato do PT derrotado no segundo turno de 2018.
A história do Caldeirão
Huck chegou à principal emissora do país em abril do ano 2000, com o programa semanal Caldeirão do Huck, que exibiu seu episódio mil no dia 5 de outubro de 2019. Os quadros assistenciais, em que o apresentador proporciona a reforma da casa ou do carro de um participante, levam Huck a viajar semanalmente pelo país.
O programa terminou com um vídeo com cenas do programa e a narração de Huck, em que ele diz ter vivido "histórias incríveis, inesquecíveis e transformadoras" e que não foram poucas aquelas que fizeram "mudar pra sempre alguns de seus pontos de vista".
“Não foram poucos os lugares visitados, que nos deram a oportunidade de conhecer um outro Brasil, um Brasil profundo, um Brasil bem diferente daquele que a gente conhecia”, afirmou Huck na edição mil do programa Caldeirão de Huck.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o apresentador aproveita as gravações para fazer reuniões com governadores e influenciadores nos estados.
Caso decida abraçar a vida política, a esposa Angélica também terá que abdicar da carreira como apresentadora na emissora. Em entrevista à revista Marie Claire publicada em 2 de outubro de 2019, ela disse que, apesar de não desejar ver o marido como candidato, há uma hora em que não é mais possível ter o controle da situação, que se colocava como “uma espécie de chamado”.
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