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Mundo em convulsão: a história não acabou...

O portal G1 fez um resumo, atualizado ontem às 18h, portanto já um pouco defasado, dos protestos em diversos países do mundo e as motivações de cada um. Chile, Espanha, Equador, Líbano, Haiti, Iraque e Hong Kong estão entre os que enfrentaram manifestações nos últimos dias. Depois que a matéria foi fechada, Bolívia também convulsionou com a reeleição de Evo Morales em primeiro turno.
Em 1989, após a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, o filósofo e sociólogo Francis Fukuyama publicou um famoso artigo intitulado “O fim da história”, depois ampliado e transformado em livro - “O fim da história e o último homem”. Fukuyama defendia a tese de que, com o fim do comunismo e da Guerra Fria, a democracia liberal como forma de governo não teria mais alternativas, colocando um fim ao processo histórico de desenvolvimento material da humanidade. E no lado econômico, o neoliberalismo vingaria em todos os países.
Não é o que parece estar acontecendo. No mundo inteiro, a democracia liberal vem sendo questionada e o sistema econômico que a acompanha mais ainda, porque não resolveu o problema da desigualdade social em lugar algum, ao contrário, em muitos acabou por agravar a questão.

Abaixo o resumo do G1 sobre os protestos e suas motivações.



21/10/2019 17h59  Atualizado há 11 horas

Sete países ao redor do mundo foram – ou continuam sendo – abalados nas últimas semanas por protestos de grande porte e que, em geral, resultam em confrontos violentos.
São manifestações que começaram por motivos bastante específicos, mas que acabam por refletir a insatisfação da população com a situação geral de seu país, um descontentamento com a classe política e aqueles que ocupam o poder.
Mesmo em situações nas quais o governo volta atrás em uma decisão – como na tarifa de metrô do Chile, na lei de extradição de Hong Kong ou no imposto sobre mensagens do Líbano – o povo decide permanecer nas ruas, adotando novas pautas e englobando uma série de novas reivindicações.
Veja a seguir como começaram, o que exigem e o que provocaram os protestos em cada um desses países.

Chile
A mais recente onda de protestos violentos teve início no Chile na sexta-feira (19), após dias de manifestações menores. Após um aumento de 30 pesos (equivalente a R$ 0,17) no preço das tarifas do metrô de Santiago, milhares de pessoas derrubaram portões, quebraram catracas e passaram sem bilhete pelos controles de acesso. A polícia revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Os protestos tiveram uma escalada com saques e depredações em várias cidades do país. No sábado, o governo decretou Estado de Emergência por 15 dias e o exército foi às ruas pela primeira vez desde a ditadura de Augusto Pinochet. O presidente Sebastian Piñera suspendeu o aumento da tarifa do metrô, mas os protestos continuam. Mais de 1.400 pessoas foram detidas e 11 morreram em decorrência dos distúrbios.

Líbano
No dia 17 de outubro, o governo libanês anunciou que pretendia criar um imposto para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida foi rapidamente cancelada por pressão de manifestações. Mas a irritação dos libaneses foi canalizada em seguida para a situação econômica e política em geral, em um país onde mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza. O primeiro-ministro Saad al-Hariri acabou anunciando que apoiará eleições parlamentares antecipadas, caso os manifestantes assim exijam.

Hong Kong
As mais longas manifestações em andamento acontecem no território semiautônomo asiático há quatro meses, desde que foi anunciado um projeto de lei que permitiria a extradição de pessoas para a China. Após intensa pressão, o governo local concordou em suspender e, depois, retirar de vez o projeto de pauta. Mas já era tarde. A essa altura, as reivindicações tinham crescido e envolviam mais democracia e responsabilidade policial, além da renúncia da chefe-executiva local, Carrie Lam. As manifestações começaram pacíficas, reunindo sempre milhares de pessoas, incluindo famílias com crianças e idosos, mas passaram a sofrer repressão cada vez mais agressiva.

Catalunha (Espanha)
Em 2017, um referendo sobre a independência da região espanhola foi considerado inválido pela Espanha, que dissolveu o Parlamento catalão. Este ano, nove líderes do movimento separatista foram julgados e, em 14 de outubro, condenados a penas que vão de 9 a 13 anos. A reação veio no mesmo dia, com manifestantes entrando em confronto com a polícia e ocupando o aeroporto El Prat, em Barcelona, provocando o cancelamento de mais de 100 voos. A partir de então, manifestações diárias culminaram em uma greve geral no dia 18, quando 525 mil pessoas participaram de marchas que se encontraram na capital catalã.

Haiti
Desde setembro, milhares de manifestantes saem às ruas pedindo a renúncia do presidente Jovenel Moïse, acusado de participação em um escândalo de corrupção que envolve o ex-presidente Michel Martelly, o antecessor que o indicou para o cargo. Os protestos se tornaram violentos e pelo menos 20 pessoas já tinham morrido e quase 200 ficaram feridas até o dia 10 de outubro. Empresas e lojas permanecem fechadas e crianças estão sem aulas há semanas. Também faltam produtos básicos no país mais pobre das Américas.

Equador
O país enfrentou em outubro 11 dias de violentos protestos e estradas bloqueadas depois que o presidente Lenín Moreno anunciou o fim de um subsídio aos combustíveis que já durava 40 anos, causando um aumento de até 123% nos preços, parte de um pacote de ajustes para cumprir metas acertadas com o FMI. Em reação às primeiras manifestações, o governo decretou "estado de exceção" e, posteriormente, transferiu a sede do governo de Quito para a cidade costeira de Guayaquil. Mas as medidas não contiveram as manifestações. Os distúrbios deixaram sete mortos, 1.340 feridos e 1.152 presos, segundo a Defensoria Pública. No dia 14 de outubro, o presidente, após se reunir com lideranças indígenas, anunciou que iria revogar a medida que cortava o subsídio.

Iraque
No dia 1º de outubro, milhares de iraquianos saíram às ruas para exigir a saída do governo, acusado de corrupção. Em pouco mais de uma semana, o saldo de mortos passou de 100, com 6 mil feridos. Na capital Bagdá, o centro dos protestos foi a Praça Tahrir, onde a polícia reprimiu a população a tiros, mas também houve concentrações de milhares de pessoas em Diwaniyah e Nasiriyah, no sul. Os protestos contra o governo de Adel Abdel Mahdi, no poder há apenas um ano, foram organizados principalmente através de redes sociais, e por isso o acesso à internet foi bloqueado em três quartos do país durante dias. Os iraquianos se queixam principalmente da corrupção, do desemprego e da decadência dos serviços públicos.

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